29 de agosto de 2003

CUIDADO COM OS MARCIANOS

Releve-se o significado prático de Marte nunca ter estado tão perto da Terra nos últimos 60 000 anos, e aí temos mais uma curiosidade astronómica a glorificar a nossa mais que fugaz passagem pelo mundo dos vivos; afinal o fenómeno é periódico, mais milhão, menos milhão de quilómetros, lá vem o planeta vermelho namorar a boa e velha Terra.

Pode ser que influencie as marés no Tanque, onde Polvo e Caranguejo continuam a manobrar a seu belo prazer.
Certo é que vagas de fundo não se vislumbram e, mau grado o aquecimento global, o nível médio das águas do Tanque continua a baixar.

Nem Viriato, nem Afonso Henriques... nem D. Sebastião ou 25 de Abril... à vista apenas eventuais marcianos, mesmo que disfarçados de varejeiras, verdes e chatas que se farta.

Continuamos a ser um bando (cardume) de tainhas a disputar a matéria orgânica à saída do esgoto (enquanto houver esgoto), amedrontados pelo Polvo e o Caranguejo.
Enquanto isto os mais diversos marcianos continuarão a dar um ar da sua graça: como Inspectores Sanitários (qual foi a última criatura entronizada no acto de Inspecção Sanitária? Apresentou relatório à sua subalterna? Já é membro dessa Associação de Médicos Veterinários Inspectores Higio-Sanitários?); sob a forma de Director de Serviço de Saúde Animal (o prazo para aterragem das naves marcianas está a terminar... ainda bem que a política é de não discriminação, porque só vão aparecer marcianos...); até disfarçados de Chefes de Divisão de Bem-Estar-Animal (Este deve ter vindo da Antárctica de Marte para salvar o urso polar do circo...); como Médicos Veterinários responsáveis por explorações avícolas (estes marcianos até usam teletransporte - tipo Star Trek, modelo spock - de modo a poderem estar em dois lugares distantes quase em simultâneo); e mesmo camuflados de clínicos de pequenos animais (agora há para todos os gostos, até "especialistas" em comportamento animal... devem ser Especialidades Tradicionais Garantidas, como a alheira de Mirandela) e por aí fora... Está tudo a ficar verde!

Se o céu não estiver nublado aproveite para dar uma espreitadela ao planeta vermelho (a cor é da ferrugem) e diga lá... com sinceridade... não vislumbra um daqueles marcianos?
Para os mais sisudos ou menos bem-humorados, aproveitem para ler o "Expresso"!

28 de agosto de 2003

VETERINÁRIO PRECISA-SE II

O governo anuncia os ante-projectos de reforma da Administração Pública, prevendo, entre outros, a extinção dos concursos para o provimento de chefias intermédias, mas vai daí, e antes que o estrugido se queime, a Direcção-Geral de Veterinária aproveita o pacato mês de Agosto para anunciar o concurso para preenchimento do cargo de Director de Serviços de Saúde Animal.

Como a DGV “…promove uma política de igualdade de oportunidades entre homens e mulheres… providenciando escrupulosamente no sentido de evitar toda e qualquer forma de discriminação…” (a língua portuguesa é cheia de redundâncias e qualificativos), ficam a saber que, macho ou fêmea, caucasiano, africano, índio ou asiático, cristão ou muçulmano, nada obsta a que concorra, basta ser veterinário, ou melhor, licenciado em Medicina Veterinária, não precisa ser profissional porque a cédula profissional não é exigida.
Nem sequer são condições preferenciais deter conhecimentos em Epidemiologia, Estatística, Informática Aplicada ou coisas mais comezinhas como gestão e administração.

O nível de exigência continua baixo, decadentemente baixo… estão à espera de quê? Bom… se apenas um romancista de circulares… então não valia a pena ter aborrecido os Irlandeses!

De qualquer modo já se perfilam entusiásticos candidatos, de Trás-os-Montes ao Alentejo e nem precisam de conhecer a fórmula classificativa, basta que o júri a conheça!

Aos candidatos se deseja a melhor sorte do mundo… com um júri, com o gabarito do que é anunciado, ser candidato já é um acto de coragem!

27 de agosto de 2003

FISCALIZAR, COMO?

É previsto que desde a “exploração pecuária propriamente dita” até ao comercio a retalho, com vista a poder-se garantir vários aspectos envolvidos (entre eles os relativos à Saúde Pública e à Sanidade Animal) sejam instituídos controlos sistemáticos. Se não existir rigor, os objectivos não serão atingidos..... Uma falha num dos elos daquela cadeia comprometerá o resultado final. Ora a falta de rigor que caracteriza o MADRP faz prever o pior. E não estou “apenas dizendo mal” pois há tempo tive acesso a um relatório duma missão da UE que se deslocou ao nosso país para avaliar as tais operações de controlo e.... nem de propósito! Foram encontradas falhas clamorosas. É uma tristeza fazer parte duma estrutura que não é capaz de se organizar convenientemente a despeito de lhe serem proporcionadas ajudas preciosas desde há muitos anos.
Com que base se montou a estratégia adoptada (se é que alguma existiu) e quais seus custos? Pelos vistos, nada, como é habitual. Não é só neste aspecto particular que se evidencia a falta de competência nas decisões, a ponto de ser indiscutível que um dos grandes “males” da Administração Pública é a falta de estratégias adequadas apesar das diversas reestruturações anteriormente levadas a cabo evidenciarem sempre grande incompetência ao nível dos principais patamares de decisão e não propriamente ao nível dos funcionários a quem aquela fiscalização pudesse competir. Umas vezes, em consequência do próprio governo (eventualmente em exercício) não considerar que seja necessária uma fiscalização sistematizada; outras vezes por se adoptar um raciocínio miserabilista muito em voga (o “óptimo é inimigo do bom” quando o que fica em causa não é o óptimo mas o banal.....” ); quer por se seguirem regras que, embora adoptadas por alguns dos nossos parceiros comunitários, se mostram inadequadas entre nós por falta de civismo e de espírito crítico, quando não por estarem entranhadas a corrupção e a incompetência........
No entanto, todos sabemos que a falta de fiscalização (nos seus variados aspectos) lesa extraordinariamente o OE, tal como acontece quanto à sinistralidade rodoviária ( Saúde, Trabalho e Família) e à cobrança de impostos; quanto à qualidade das águas ( Saúde); incêndios florestais; e insegurança em geral; etc.; etc.
Mais uma vez, apesar da propalada reforma da AP, o país irá ser confrontado com uma situação que os veterinários poderiam resolver facilmente. Todavia, por mercê de critérios que nada têm a ver com a falta de qualificação adequada dos mesmos, é previsível que mais uma vez venham a ser afastados da fiscalização..... Mais uma vez, outros “valores” os sobrepujarão, talvez de índole política, mesmo que os custos para o Erário Público se tornem elevados e muito para além do que se deveria esperar.
Governo sai governo entra e sempre acontece o mesmo! Nunca se avaliam as situações, nunca ninguém é devidamente responsabilizado, embora se afirme que sim e que se pretenda uma maior competitividade, como se esta nada tivesse a ver com competência técnica e rigor profissional. De cima, são frequentes os maus exemplos!
Estará na moda passar para a actividade privada algumas competências do Estado. Mas passar como, se a própria AP não tem sabido como fazer para melhor exercer a sua função? Passar apenas a intenção e deixar experimentar um exercício onde igualmente falta experiência?
Poderá a AP estar cheia de boas intenções, mas uma coisa é indiscutível: - Nos anos que já passaram não deu provas de ser capaz de estruturar adequadamente o MADRP e não foi por falta de “novas reformas”. Ninguém no Governo é capaz de avaliar convenientemente a situação. Parece que ninguém é capaz de ver o problema pelo lado de dentro. Pior do que isso, parece que nas instâncias superiores do MADRP ninguém é capaz de admitir que a “verdade” não está apenas do lado de quem detém o poder de decisão.......
A avaliar pelo site do Ministério das Finanças http://www.min-financas.pt é de gritos o que aí vem, podem crer..... Vale a pena darem uma olhadela!

OS ROLLING STONES DA VETERINÁRIA

A sério… sem qualquer tipo de anti-revivalismo, esta dos antigos alunos da Faculdade de Medicina Veterinária formarem uma Associação é das melhores da temporada, bem sei que ainda estamos na chamada silly season, mas a escritura de constituição já vem de Abril último.
Que anualmente cuidassem de reunir os Antigos e Actuais Alunos, como em bom tempo cuidaram de o fazer a Associação de Estudantes, ainda vá que não vá (ao tempo era praticamente a única oportunidade de ir a Lisboa sorver um pouco de ciência e reencontrar velhos companheiros), mas agora esta de criar uma Associação com os fins que se anunciam não lembrava o diabo.

Se as atribuições invocadas são eminentemente de carácter profissional, porque razão o esforço não é canalizado para as Associações da profissão: Sindicato, Ordem e Sociedade de Ciências Veterinárias (com os seus satélites)?
Estará Lisboa a querer mostrar a sua superioridade em relação a Vila Real, a Évora, ao Porto ou a Coimbra (e outras que venham)? Se é isso… então é dar-lhes… mesmo assim prefiro ficar em casa a ouvir um CD dos Rolling Stones, que ir a um concerto dos Linkin Park!
Já estou a ver o ar embeiçado dos Antigos Alunos de Vila Real (sim, porque os outros ainda não conseguem reunir dez elementos para firmar uma escritura…)! E os docentes de Vila Real? Aqueles que foram antigos alunos de Lisboa? Esses até vão inchar de soberba!...

Tem muito que se lhe diga, esta de estreitar relações de natureza profissional entre titulares de um grau académico, quando afinal profissionais são todos os Médicos Veterinários, independentemente do local onde obtiveram o seu grau de licenciatura: ou será que a solidariedade profissional com outros licenciados, até no estrangeiro, é coisa peçonhenta lá para os lados do Alto da Ajuda?

Uma coisa é certa, a plena realização dos objectivos da Faculdade de Medicina Veterinária (Lisboa, Vila Real, etc. etc. … todas), só poderá realmente ter lugar se os docentes saírem dos seus casulos e descerem ao mundo real. Eminentemente teóricos têm uma visão, do que se passa “lá fora”, muito enviesada, e do seu pedantismo urbano sobra apenas um olhar curioso e uma manifestação, pouco sincera, de admiração e surpresa pela rusticidade da província.
Regurgitem os garfos, deitem fora o ar cagalizado e os sorrisos de superioridade intelectual (perdoem-me as excepções) e se realmente querem essa ligação da Faculdade à vida prática, tenham a coragem de eleger uma Direcção sem elementos do corpo docente, representando os diversos sectores profissionais.

E já agora, expliquem lá o que é isso de um fórum de reflexão que contribua para estreitar as relações entre alunos, ex-alunos e docentes. Vão reflectir sobre que temas? Que relações querem estreitar?
Que seja necessário alguém dizer à Faculdade como promover a ligação à Sociedade e que respostas, em termos de Investigação e Desenvolvimento, são necessários, não se estranha. Mas para isso bastaria que o corpo docente se munisse de humildade suficiente… aliás ocorre perguntar… não será a humildade um sinal de capacidade intelectual?
Deixem então a atitude dogmática de que a verdade científica está apenas de um lado… sempre serviria para alguma coisa, mais uma Associação.

Mas a verdade é mais nua e crua: Lisboa perde terreno que quer recuperar, as Associações que hoje representam a profissão não têm mais como denominador comum a Gomes Freire/Alto da Ajuda e isso é supinamente incomodativo; saibam então acertar o passo, todas as Faculdades de Veterinária, para um bem comum: o nível de formação científica, intelectual e moral do Veterinário do novo milénio, desenterrem o nariz do umbigo, que ainda enquistam que nem bicho da conta… a Sociedade agradece!

Entretanto vou ficar a ler o According to The Rolling Stones, uma biografia pelos próprios, ao som de You can’t always get what you want ou Gimmie shelter… coisas antigas por coisas antigas, vale bem mais a pena!

22 de agosto de 2003

INCOMPATIBILIDADE AH AH AH

Desconformidade... discordância... inconveniência... oposição... repugnância... são os sinónimos que mais suscitam a sensibilidade de quem assiste aos atropelos a tal princípio, agravado pela complacência conivente de governantes e altos dirigentes da Administração Pública.
Que os Sindicatos se calem é que já é de bradar aos céus... Estamos em crer que saberão concerteza que há Directores de Serviço que exercem actividade, até de coordenação, em Organizações de Produtores, que há Directores que mantêm a responsabilidade técnica de certas Explorações Pecuárias, que muitos Chefes de Divisão sustentam relações de trabalho privado (exercí­cio de clí­nica), mantendo com os mesmos criadores uma relação de serviço público... enfim... só para ser breve.

Já acendi uma vela a S. Francisco para que a reforma da AP, tão propalada pelo governo, possa contribuir para pôr cobro, ainda que a prazo, a essas situações indecorosas, só que entretanto, ao consultar (http://www.min-financas.pt/v30/Destaques/anteprojectos.html) os ante-projectos de "Reforma da Administração Pública", foi como abrir a janela em dia de vendaval... puffff... a vela apagou-se!

Não se ponham a pau e verão que a maldita reforma será espúria, mesmo que inebriante para alguns. Salte alguém do aquário para batutar os salmonetes e bacalhaus, carapaus e sardinhas e toda a cardumada!

20 de agosto de 2003


"In searching, desperately, for the thing we all have in common, I realized this: We all choose. This is where acting and life are the same. I do choose who, and how, and with whom to play. What I will and will not do. Acting is a series of choices. And so is life." Meryl Streep

"A man's got to know his limitations." Clint Eastwood

Arma Mortífera III

Na posse do Estado Português encontra-se, embora não seja ainda do conhecimento geral, uma arma ultra secreta, de capacidades demolidoras ímpares, ainda não classificada (até hoje só se falava nas NBQ- nucleares, biológicas e químicas), mas que poderá ser serodiamente aplicada nos actuais teatros de conflito armado deste Mundo onde vivemos, com elevadas probabilidades de sucesso.
Estamos, é claro, a falar dos serviços veterinários oficiais, ou melhor, dos serviços oficiais onde até andam metidas algumas (in)competências veterinárias. Imagine-se a implementação da AQSA no Iraque (radical), da DGV no Kosovo (mais lento, mas eficaz), das DSV no Cazaquistão (de consequências imprevisíveis)...
Ou o controlo da natalidade na Índia ou na China pelos veterinários municipais (?), ou ainda melhor, pelo LNIV ( a fornecer resultados de testes de gravidez por altura do parto).
Há um sem número de aplicações práticas para estes recursos humanos e materiais - se ao menos Bush soubesse disto!

18 de agosto de 2003

HÁ QUE DISTINGUIR

Profissão da merda/prof de merda. Desde sempre foi da, mesmo quando trabalhar no e para o mundo rural era honroso. É bom não esquecer que no país a industrialização não se baseava na generalização do Conhecimento. Ainda hoje, somos um país de quase analfabetos e pouco esclarecidos, embora convencidos de que somos bons e termos baixa produtividade, claro. Nessa ocasião, não havia outros “doutores” sujando as mãos nos trabalhos agrícolas (semear batatas, por ex.) a altas horas da noite como acontece com os veterinários ajudando a nascer os filhos das Mimosas ou das Bonitas.....Estes profissionais sabem outras coisas, evidentemente, mas não conseguiram chamar a si a fiscalização nem o respeito pela Autoridade que ficaram entregues a outros, os quais, por descuido ou incompetência, muitas vezes comprometem aqueles.
Na sociedade actual, surgem frequentemente valores diferentes substituindo os já precários que regiam os comportamentos. Antes, as regras duravam muito tempo, havia valores que perduravam gerações, mas hoje mudam rapidamente e são através delas e em sobressalto as que passaram a existir para encararmos o futuro ..... Mas toda a gente aceita sempre as novas “normas” sem discutir. Todo o mundo sabe que são efémeras, mas ...... E os tais profissionais foram atrás da mudança sem contestação; acomodaram-se e até gostaram. Substituíram o anterior estatuto (consideração pública) que possuíam (herdaram) por algum bem estar material e por vezes sem trabalhar condignamente. Sinais dos tempos! Foi assim que de profissionais duma profissão que sempre foi da ...... muitos optaram passar a profissionais de merda, sem se lembrarem que nesta vida tudo o que é bom (melhor) exige sacrifícios e renúncias. Hoje há quem lamente, mas ninguém pode ter coragem para renunciar. Ainda por cima pensando que a culpa de tudo é do Estado. Evidentemente que, hoje, ninguém trocaria o bem estar material alcançado apenas por uma situação profissional menos humilhante. Passou a oportunidade. Desde há muito que a única coisa a fazer é “engolir sapos”. E a merda persiste.
Os prismas pelos quais o homem luso olha o desenvolvimento do país primam por valores muito primários nada propícios a facilitar qualquer reabilitação, mesmo a longo prazo. Diz-se que a culpa é do Estado. Certamente que não da inteira responsabilidade do que se induz dos tais prismas, mas porque ele – o interveniente profundo, mas sem uma “política de intervenção” – nada tem feito há gerações sucessivas para modificar a génese dos mesmos. É tal o nosso atraso que para melhorar a alma lusitana, mesmo com muito empenho, seria necessário impor regras desde o Jardim de Infância..... e mesmo assim teria de decorrer um milénio completo....Impor, mesmo nesta estúpida democracia???
Mas não se pense que é apenas esta profissão que está mergulhada em merda. Olhando em redor há merda que basta. O país está tão poluído quanto o Rio Tejo no Terreiro do Paço e há quem afirme que o exemplo vem de cima. Não há ETARES que cheguem. Continuamos a combater os incêndios à maneira dos Bombeiros (quando e onde aparecem) e na maior parte das vezes até na prevenção surge merda. E como vivemos numa democracia participativa (?) – passe a ironia – os mais sérios acabam, a título de compensação, por pagar as dívidas de todos os “chicos-espertos” que enganam o Fisco e não pagam ao vizinho do lado, o qual, por sua vez, também é caloteiro e não quer pagar o PEC....Enfim, estas coisas acontecem porque na alma lusa não existem valores morais suficientemente bem implantados para evitar que se pense que não seguir o exemplo que vem de cima faz correr o risco de se ser considerado parvo....
Eis uma maneira de perpetuar o ruim e a estupidez.

11 de agosto de 2003

VOLTA A PORTUGAL EM DIARREIA

Mal começara a volta a Portugal em bicicleta quando se registou a primeira desistência por... dores de barriga. O atleta da equipa de Kelme não suportou o sofrimento (imagina-se porquê!) e baixou ao carro vassoura.
O episódio não ficou, contudo, por aqui e uma dúzia de quilómetros adiante, já a equipa da Kelme ía na quarta desistência e pouco depois na quinta... sempre as mesmas causas: fortes dores de barriga!
Quem queria estar no carro vassoura?
A noite que antecedeu a partida parece não ter corrido de feição aos ciclistas da Kelme, atingidos que foram por vómitos e diarreia... os resultados eram esperados!
Numa rápida conclusão jornalística ficou a saber-se que o hotel onde a equipa ficara instalada na véspera não tinha responsabilidades no caso, pois que aí pernoitara outra equipa da "Volta", cujos atletas se mantiveram de tripa firme e hirta.

As sirenes de alarme terão soado alto na Agência para a Qualidade e Segurança Alimentar, empenhada que anda nos planos de protecçao do EURO - 2004, proponho até uma sigla para a operaçao: AQUICONTROLO - Chute a bola sem escorregar na própria caganeira!
Será essencial uma correcta análise de risco, entregue a quem a saiba fazer! Se tudo correr bem vamos à final por faltas de comparência sucessivas das equipas adversárias, vamos vencê-los pela caganeira!
A Barbie e o Ken ficam com uma história para contar aos netos, Portugal recupera o investimento em dez novos estádios pelo êxito alcançado e talvez a Segurança Alimentar volte a ser tema de discussão nacional, como o sao, malogradamente, a floresta portuguesa e se volte, então, a falar da organização e participação dos Serviços Veterinários Oficiais na Segurança Alimentar.
Este escriba aqui ficará à espera, puindo laboriosamente a lâmina do direito à crítica!

Recontada a história da infeliz participação da Kelme na "Volta a Portugal", aqui deixo a proposta: uma volta a Portugal em diarreia, com passagem por todos os Concelhos com Veterinário Municipal; onde ela não ocorra, o mesmo é despedido e aberto concurso imediatamente para preenchimento do lugar, antes que chegue a Barbie e o EURO - 2004!

7 de agosto de 2003

VETESTRADA

Tal como a homónima, nao implica competição mas, fazendo honras ao prefixo, exige vontade de dar nas vistas.
O espírito é de convívio e partilha (tal como o sao as reuniões de Directores de Serviço de Veterinária na respectiva Direcção-Geral), onde por tudo e por nada e apenas por essas razões, se discute tudo e nada, onde nem falta um animador de serviço para quebrar a monotonia (quando este falta a coisa perde a piada).
Esta VETESTRADA permanente é motivo de orgulho e felicidade para todos nós, técnicos, produtores, consumidores, governantes, etc. etc.
Além da prática intelectualmente estimulante e recompensadora, de salutar discussão e troca de experiências (entre Norte e Sul, entre diferentes graus de incompetência), são de realçar a ausência de competição, num ambiente sem vedetas, nem estrelas... assim não há exibicionismos estéreis, nem
comportamentos desajustados, hipersexuados ou super-hormonizados, apenas a mediocridade.
Pena é que a VETESTRADA não seja mais publicitada e inacessível a toda a profissao, já para nao falar da restante comunidade blogueira e afim.
A esperança não desespera... espero ainda ver tudo transformado em banda desenhada!

BZZZZZZZZZZ

Varejas, mestre do disfarce e do bom gosto, decide contaminar o tanque-mor.
Tudo começou num belo dia ensolarado de um belo mês de Inverno, em que a criatura, logo pela manhã, se olhou no seu espelho mágico perguntando:"espelho meu, espelho meu, haverá neste país, veterinário mais belo do que eu?"
Ora o espelho, cansado de levar porrada e estar já transformado em vitral, decidiu que era melhor jogar pelo seguro... A resposta era óbvia... E o Varejas, criatura de QI baixíssimo,enche-se de si e levanta voo (após várias tentativas frustradas) em direcção ao aterro sanitário de Munhoz, onde já o esperavam os outros convivas.(BZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ).
O objectivo era claro! Chafurdar para encher a barriguinha e ganhar forças para destapar o ralo de um certo tanque cuja água, ainda algo potável, lhe fazia macaquinhos na cabeça, e onde nadava, fora d'água, um peixinho enga(la)nado que lhe andava a fazer frente desde o ano anterior.
Só havia um pequeno grande entrave - o polvo e o caranguejo* - que desse tanque entravam e saíam sem pedir licença a ninguém, e que punham e dispunham, sendo tão imprevisíveis que poderiam a qualquer momento tapar para sempre o dito ralo...!
Para prever objecções ( este Varejas é um grande estratega ), o melhor seria começar a espalhar desde já o esmegma da varejada por terras do além-tagus, onde andam todos tão atarefados que não percebem o que lhes vai acontecer.
E talvez também mais ao norte - quem sabe alguns desavisados escorreguem na mais do que óbvia falta de opção para reencher o tanque... Afinal, não há um ditado que começa - "mudam as moscas ..."?! E esta sempre é uma vareja!!!
Pois bem, se alguém conseguir identificar estes factos, saiba que a semelhança que têm com a realidade é mera coincidência, mas ganha desde já uma maravilhosa viagem ao aterro sanítário de Munhoz, para ver com os seus próprios olhos como se reproduzem as mosquinhas.
*o polvo, o caranguejo e o peixe são personagens de "A menina do Mar" de Sophia de Mello Breyner. Quanto ao Varejas, pode vir a tornar-se um personagem dos nossos sonhos mais tenebrosos, bem como tornar igualmente tenebrosa a nossa realidade.

6 de agosto de 2003

TITANIC

Queiramos ou não, estamos todos juntos nesta famigerada embarcação.
Os vets oficiais na proa, os outros na popa.
Senão vejamos - não é verdade que anda por aí uma criatura vet, de resto com aparência que deixa muito a desejar (física, porque para a outra não há palavras) (aliás, uma é reflexo da outra), de conluio com outros que nem sabem o que os espera, a recrutar apoiantes para concorrer às futuras eleições da Ordem? Mas será que não estamos suficientemente mal, para nos precipitarmos agora para uma solução infinitamente pior?
Mexam-se, colegas da clínica dos animais de companhia, da clínica dos grandes, de qualquer outra actividade, e zelem pelo futuro da Classe, ou correm, entre outros, o risco de ver os vossos dados pessoais e profissionais divulgados a uma qualquer empresa de informática de vão-de-escada, ou empresa de outra coisa qualquer, ou a uma base de dados nacional (depende de quem oferecer mais). É que, segundo ouvi dizer, essa criatura facultou a uma empresa privada um ficheiro de dados que lhe não pertencia, para que esta vendesse uma qualquer solução de hardware. A seguir são os ficheiros da Ordem, e depois as instalações, e, quem sabe, a própria Ordem!
Com um perfil assim, apanhemos já o salva-vidas, pois a morte foi anunciada.

NITROFURANOS: PROCURAM-SE... EM QUALQUER DOSE E DE QUALQUER ORIGEM!

Aí está um belo tema para reflexão dos cientistas do novel Conselho da Agência para a Qualidade e Segurança Alimentar (AQSA).
Proibida a sua administração em animais de produção, aqueles que de alguma forma nos chegarão ao prato, engalanados de batatas e arroz, tostados ou mal passados, suscitando a repulsa de vegetarianos e dietistas, não é menos verdade que alguns veterinários, timidamente e sempre sob a forma interrogativa, como manda a boa regra ("duvidando se chega à verdade"), parecem agora empenhados em demonstrar os ví­cios daquela proibição.
Não se sabe se tais interrogações só se colocaram depois de um diligente cientista ter "inventado" um método laboratorial fiável, na detecção dos famigerados e eficazes nitrofuranos ou se tais preocupações sao anteriores à "mini-hecatombe" que atingiu a produção aví­cola nacional... Saber-se-á em breve... sendo certo que, até ao momento, ainda ninguém invocou tal estatuto.
Certo, certinho é que eram proibidos, na condição de não chegarem ao prato do comum mortal, exactamente para evitar precipitar aquela condição e igualmente certinho que já estavam na carne das aves.

E por ser assim, o Estado investiu na sua busca e controlo... e com que resultados... reconhecida a existência de uma rede ilegal de compra e venda de nitrofuranos e outras substâncias nao menos proibidas, destinadas a insuflar lombos e coxas, apresentada queixa-crime contra os prevaricadores, denunciados os crimes contra a Saúde Pública, aberto inquérito pelo Ministério Público, parece que tudo ficará em águas de bacalhau (não, não estou a levantar qualquer suspeita ao pobre animal) ou seja, a investigação dos casos colidiu com obstáculos (in)esperados e adivinha-se o arquivamento dos processos.
Falhas na metodologia de recolha de amostras, impedindo a realização de prova fidedigna e atrasos de vários meses desde a colheita de amostras até á  comunicação  às autoridades responsáveis pela investigação, inibindo a concretização de prova fiel, são exemplos da ineficácia dos Serviços Veterinários Oficiais.
Negligência, conivência ou simplesmente culpa do Sistema, julgo que nunca chegaremos a saber... nem tão-pouco tal circunstância será suficiente para estimular o brio dos Médicos Veterinários Oficiais, particularmente das chefias intermédias (Directores de Serviço e Chefes de Divisão), para que venham em sede própria clarificar a situação... a repercussão pública desse facto agradecia-se!

Mas também não se justifica tal labor porque subsistirá sempre uma valente desculpa: a posse e comercialização de substâncias proibidas, como é o caso dos nitrofuranos, não é crime em Portugal.
Das duas uma: ou o compromisso assumido com a Comunidade e o Paí­s, na pesquisa e controlo daquelas substâncias era sério e deveria ter obrigatoriamente originado uma alteração legislativa, que inscrevesse e tipificasse as acções consideradas criminosas, ou tal compromisso foi leviano ou mal pensado, secretamente adúltero, no caso dos nitrofuranos, por incapacidade científica de prova (como aconteceu até há bem pouco...), ainda assim insuficiente para justificar o divórcio, mas bastante para a complacência e o desencanto... e depois o perdão!
Para "advogados de defesa" já se perfilam todos os polí­ticos, até o ex-Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, concordando com a alteração do Código Penal em matéria de utilização de substâncias proibidas no tratamento ou alimentação de animais, destinados ao consumo público, omite a sua própria responsabilidade polí­tica (obviamente que não outra...), em não ter tido essa iniciativa enquanto titular da pasta: não foi, por então, não se ter falado tanto em clembuterol, nem por não ter sido sob a sua tutela que os nitrofuranos foram proibidos.
Parece que Veterinários e ex-Ministro voltam a estar de acordo... cruzes.

Igual sorte terao a Ordem dos Médicos Veterinários e os Médicos Veterinários Oficiais (todos eles: os que o são por vocação ou destino e os que o são por delegação de poderes): "o enamoramento"... baseado, no mais que certo, arquivamento dos processos de inquérito que foram prometidos à  imprensa, mas de que pouco se sabe (devem estar em segredo de justiça).

O efeito depurador do tempo encarregar-se-á  de tratar do assunto, afinal matéria tão banal como um erro de registo (que se afigura, apesar de tudo, grave para a Direcção-Geral de Veterinária), originando o descaminho de frangos congelados, que ao invés de terem sido destruí­dos e incinerados foram transformados em farinhas destinadas à deposição em aterro sanitário e em gorduras para incorporação em alimentos para animais (tendo sido parte exportada para Espanha), cairá no esquecimento da sanção e nao servirá nem para emendar a mão; a resposta dos Serviços Regionais de Agricultura "está dada": nao se tivesse tratado de um lapso e as viaturas seladas, onde os frangos congelados foram transportados, não teriam sido tao diligentemente acompanhados por técnicos dos Serviços da Direcção Regional de Agricultura da Beira Litoral; por seu turno o Director-Geral de Veterinária já garantiu não haver problema para a Saúde Pública: as aves em causa só foram retiradas do mercado como medida de precaução... (precaução de quê? Constituíam ou não um risco que justificasse a sua retirada do mercado?) e além disso os nitrofuranos nem são lipossolúveis (então não se justificava a incineração?).

As coisas vão aquecer, mas apenas à força dos incêndios que devastam o País, porque o Conselho Cientí­fico da AQSA vai estar em sintonia com a opinião das Sociedades de Ciências Veterinárias; os Médicos Veterinários Oficiais não se vão sentir indignados pelas críticas à sua eficácia; sobre a criminilização do uso de substâncias proibidas voltaremos a falar, na melhor das hipóteses na próxima legislatura; inquéritos do Ministério Público e da Ordem dos Médicos Veterinários serão arquivados e o tempo encarregar-se-á do resto.

Até lá veremos quem vai suar as estopinhas!

5 de agosto de 2003

VETERINÁRIO PRECISA-SE

Para coçar os ditos, pois a brilhante ronda negocial no Luxemburgo - reforma da PAC - avizinha-se a maior desgraça de todos os tempos para a classe veterinária e para os agricultores deste país.
Especializem-se, colegas, a tratar formigas e louva-a-Deus, pois só isso é que vai proliferar neste belo país de tansos, que só vive um dia de cada vez, à boa maneira de outros estados terceiro-mundistas, alguns de expressão oficial em Língua Portuguesa.
Um qualquer destes dias, até para cheirar a "m" do porco e da vaca temos que ir em excursão ao estrangeiro.

4 de agosto de 2003

OPERAÇÃO BARBIE

Ken (leia-se Sevinate Pinto ou algum dos seus acólitos) empreende uma dura batalha para conquistar Barbie (leia-se a super-tia da Agência). Saiba tudo em pormenor no site www. min-agricultura.pt. Lá ficará ciente que os super pokemons do Ministério da Agricultura iniciaram(ão) uma dura batalha-contra-as-bactérias-de-Verão-só-para-inglês-ver, intensificando a fiscalização e a inspecção dos ice-creams estivais e da água freeze-estou-na-mesma.
Entretanto, no seu gabinete, a poderosa Presidente da comissão instaladora, Barbie Jardim, assiste desesperada a mais uma manobra de Ken, que, numa tentativa testosterónica para demonstrar serviço, deita por terra toda a Avaliação de Risco que, juntamente com os seus antecessores, vinha ensaiando deste 10 de Agosto de 2000.É que os gelados só estavam previstos para 2004, e em 2003 as metas eram de encanar-a-perna-à-rã, muito à boa maneira da cuisine francesa, não fossem os visitantes ser maioritariamente francófonos

1 de agosto de 2003

PROFISSÃO DA MERDA

Era uma escola e um conceito. A nossa ambição era sermos rascas, mergulhar mãos na imundice, beber copos, ser grosso. Era básico.
Era básico e havia empregos. Mas também havia espírito de missão.

Mas foi verdade que fomos a lugares que nunca outros foram. E foi verdade que tomamos como referência colegas por muitos esquecidos. E foi verdade que nos orgulhávamos da merda colada no corpo. E dos copos que bebemos... com muitos!

E agora... Agora que ser veterinário é não ter média para entrar em medicina? Agora que ser veterinário se resume à ambição de arranjar um qualquer lugar na função pública, de preferência na inspecção sanitária, para ter tempo livre para brincar aos médicos? Agora que ser veterinário é ser chulo de jovens licenciados? Ou arranjar lugares à sombra do ensino?

E lembrar que houve princípios nos quais fizemos profissão de fé!!!

Profissão de merda...