31 de janeiro de 2004

AINDA A REFORMA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (3)

O Primeiro-ministro anunciou a constituição da Comissão Consultiva da Reforma da Administração Pública, com o objectivo de obter sugestões e novas ideias para a reestruturação dos Serviços do Estado.
Dela fazem parte, entre outros: Manuela Ferreira Leite, João de Deus Pinheiro, Valadares Tavares, Freitas do Amaral, Diogo Lucena, Correia de Campos, António Borges, Medina Carreira, João Caupers, Rui Machete, Robim de Andrade e António Carrapatoso.
A disposição parece ser a de tornar o processo de Reforma do Estado gradualmente mais amplo e a vez da Administração Veterinária virá a caminho, o Ordem dos Médicos Veterinários que não se distraia deixando "correr o marfim", para depois vir lamuriar umas quantas esfarrapadas desculpas ou chorar sobre o leite derramado, haja vontade, projecto e estratégia para fazer incluir nesta Reforma a opinião dos Médicos Veterinários.

INUNDAÇÕES EM MARTE

Uns milhões de dólares e euros mais tarde, lá recebemos imagens de Marte, captadas ali mesmo à superfície do planeta vermelho (que raio de apelido! …).
E logo as primeiras fotografias sugerem a existência de água no planeta (só falta uma enxurrada arrastar consigo o pobre, mas famoso, opportunity) … Até aqui tudo bem, embora surpreendente fosse encontrar vestígios de um algarvio a vender alcagoitas ou um tripeiro a beber uma "super".

Este pequeno passo para um robô, depois de uma série de trambolhões para a humanidade, inspirou os governantes portugueses, em particular o Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas.
Preocupado que está com a Reforma orgânica do Ministério e em particular dos Serviços Veterinários Oficiais… aliás convêm dizer que a preocupação e os desvelos são tão intensos que o enlevo com a reforma dura há meses (efeito duracell).
Sabe-se de fonte geralmente bem informada (que não revelo nem que chova em Marte), que o Ministro pediu ajuda à equipa do laboratório de propulsão a jacto, da NASA, com o intuito de resolver o problema de Médicos Veterinários das OPP, de Médicos Veterinários Inspectores Sanitários, de Médicos Veterinários Municipais e do seu enquadramento na nova estrutura.

Tendo decidido encaixar a nova Direcção-Geral da Veterinária e da Segurança Alimentar (sim, sim… vai chamar-se assim), entre a Polícia de Segurança Alimentar e a Agência para a Qualidade e Segurança Alimentar, uma espécie de tríade de colchetes, uma nova tarefa árdua surge: encontrar as competências para colocar a máquina da nova Direcção-Geral a funcionar, numa lógica de gestão por objectivos, com sentido de missão e uma efectiva capacidade de liderança.
A solução encontrada passa pela encomenda aos americanos da NASA de um novo robô (já baptizado de new opportunity), capaz de ser lançado na DGVSA e encontrar… não água, mas antes gente competente; entre as capacidades técnicas do novo robô, refira-se a possibilidade de captar imagens a um ritmo bastante grande, de forma que se prevê a relação estatística de 1/1000 isto é, por cada 1000 fotografias é provável que uma detecte um sinal de competência.
Para obter uma relação tão favorável, os técnicos da NASA aconselham que o new opportunity seja lançado numa zona a mais afastada possível da Direcção de Serviços de Saúde Animal, já que as probabilidades de aí encontrar água, muita água, são enormes… (eu disse água?).

Bom… e agora revelo um segredo: as primeiras imagens já chegaram e alguns dos pormenores das mesmas são fantásticos.
Ainda não foi possível identificar quaisquer protagonistas devido à acumulação de papéis sobre as secretárias e também pelo facto dessas imagens terem sido captadas antes das 11:00h, período do dia em que a paisagem é ainda muito inóspita.
O robô percorreu já o rés-do-chão, dirigindo-se agora para o terceiro andar onde a NASA deposita enorme esperança nas fotografias que almeja captar de uma zona restrita, onde recentemente foram identificadas ondas BSE (Big Sophisticated Ego).
As semanas que se aproximam são críticas para o robô new opportunity.

nihil diu occultum

As eleições para a Ordem foram eloquentes. Evidenciaram que a classe na sua generalidade é uma merda! 24% DE VOTANTES E 76% DE ABSTENÇÕES. Mas o que é isto senhores? Depois queixem-se... Se fosse o Resende, nem sequer tomava posse! Take Five

De facto "nada se conserva oculto por muito tempo"… Independentemente da categórica estatística, nem vale a pena invocar a diferença com outras eleições, particularmente em outras Ordens, em que as estatísticas são eloquentemente generosas para a percentagem de votantes alcançados na "nossa", outros factos se revelam: a participação aumentou em relação a anteriores actos eleitorais…
Talvez o mérito não seja da lista A… talvez o negro espectro de uma eventual eleição da lista B tenha tirado alguns do laxismo, levando-os a votar… simplesmente.
Será naturalmente curta a vantagem… mas é um sinal.
Mas outras "leituras" se impõem. Parece que alguém terá seguido o conselho… enfim, quase… não ao ponto de não tomar posse, mas ao ponto (não pelo "baixo" número de votantes) de rejeitar participar no cargo para que foi eleito, com o fundamento de, por desinformação, julga-se que do líder da lista em que participava, não se ter apercebido do tempo e trabalho que o cargo envolvia.
Ainda por cima, nem mais nem menos, o lugar resultante de ser candidato a presidente do Conselho Profissional e Deontológico.
Realmente, no próprio dia de posse, o candidato da lista B manifestou a sua indisponibilidade para participar nos trabalhos do Conselho!? … Então porque tomou posse? Porque não define a sua posição de uma vez por todas?
Acredito que as pressões do líder da lista para que se mantenha firme e hirto não sejam desprezáveis, mas determina a dignidade profissional, ainda para mais vinda de alguém com responsabilidades profissionais acrescidas, resultantes do estatuto de docente, que a situação seja clarificada com urgência.
A não ser assim, terei que concordar que a classe é… composta de alguns elementos desprazíveis.

30 de janeiro de 2004

BOSÕES E FERMIÕES

Para os físicos todas as partículas fundamentais são ou bosões ou fermiões.
Os bosões devem a paternidade a Nath Bose e Albert Eistein, que verificaram as regras segundo as quais se comportam: bastante sociáveis e gregários, tendem a associar-se no mesmo estado de energia.
Os fermiões foram "demonstrados" por Enrico fermi e Paul Dirac, na sua solidão e individualismo.
Se o pensaram, melhor fizeram... aquilo que os físicos já tinham experimentado com os bosões (concentrado de Bose-Einstein), realizar uma espécie de batido gelado, fizeram-no agora com os fermiões, usando para o efeito uma pequena concentração de potássio 40, arrefecido a quase 273,15º Celsius abaixo de zero.
A ideia não era, pois, original, mas uma natural sequência do "tratamento" já dado aos bosões e que consistiu na velha técnica de "servir bem gelado".
Afinal pegar num pequeno concentrado de elementos básicos, com as mesmas características, levá-los ao zero absoluto de temperatura (quase, quase... faltaram 50 milésimos de milionésimo de um grau), teoricamente o ponto de paralisia atómica, parece ser uma excelente técnica para, não só descobrir novas formas de matéria, mas também para dar alguma utilidade a certos elementos básicos.
Concentrar todos os dirigentes básicos dos Serviços Veterinários Oficiais, não importa se se comportam como bosões (sociáveis e gregários), se como fermiões (individualistas e solitários) e arrefecê-los a -273,15º Celsius, garanto-lhes que podem não demonstrar a existência de uma nova forma de matéria, mas seguramente encontrarão matéria para, de uma vez por todas, renovar a capacidade de inovação, de intervenção, sentido de missão e eficácia para os Serviços Veterinários.

sapientis est mutare consilium

Seria interessante também a verificação de dois parâmetros - A competência técnica e a incorrecção politica (diria, mesmo à prova de bala) desses mesmos técnicos. Lamentável é que os técnicos queiram ser políticos e os políticos se julguem técnicos... Muito se perde com medo de se perder...

Não se trata de querer ser político (parlamentar ou autárquico). Não é essa a minha profissão. Posso ser mau naquilo que digo e faço, mas jamais poderei ser bom ou um mau político....... Porém, ninguém, seja em que circunstância for, se pode (deve) abstrair dos factos que se passam à sua volta, especialmente se estiver convencido de que as causas que os determinam poderiam ser alteradas de modo as que as consequências fossem preferíveis às anteriores. Isto não é ser político, mas exercer um papel de cidadania do qual não me apraz deixar, sempre na esperança de encontrar pessoas que pensem como eu. Por isso fiquei baralhado com o seu “comentário”. Ou o que disse não tinha essa finalidade?

23 de janeiro de 2004

As Pontes de.......... Entre-os-Rios

A verdadeira causa da degradação, ou da queda, desta ou daquela ponte, não está num pilar descarnado, ou na falta de alguns parafusos, mas numa profunda irresponsabilidade resultante duma filosofia de actuação que tem por base o tratamento sintomático (dos males observados) em vez duma actuação sobre as causas desses mesmos males.
Nos últimos anos temos lido muitos artigos de opinião sobre esta problemática e onde é posto o dedo na ferida com a maior propriedade. Apesar disso, nunca observámos que se tivessem adoptado as correcções que se impunham, mas sim a adopção de medidas avulsas que, por atacarem apenas os sintomas, fazem com que se perpetuem as causas. Mas o pior desta mesma filosofia é ela ser mantida mesmo em relação a outros aspectos muito importantes da economia e do desenvolvimento do país.
Por mais estranho que seja, parece estarem na base desta filosofia três factos principais:
1. - A mania de tudo subordinar à política - como se qualquer político fosse infalivelmente competente para abordar e resolver mesmo os problemas mais complexos - baseada no conceito de que os pareceres técnicos não podem ser vinculativos........
2 - Manter um controlo com base em pressupostos de ordem estatística, controlo este que não deixará de ser apropriado quando o nível de cidadania é elevado, mas impróprio no nosso, no qual, infelizmente, é mais apropriado um controlo à custa duma fiscalização persistente;
3 - Uma Administração Pública muitas vezes completamente obstrutiva, onde algumas chefias, politicamente protegidas, vivem comodamente agarradas a uma rede intrincada de notas internas de serviço e de despachos normativos (arvoradas em NEP) que invocam ser necessárias para prevenir abusos, mas que sob o ponto de vista prático acabam por provocar aquilo que alegadamente se pretende prevenir.......

Não estamos interessados em que se apontem responsáveis pelos “pilares descarnados” ou pela “ausência dos parafusos”, mas desejaríamos, isso sim, que os mais responsáveis pela reforma da AP tomassem consciência de que estão muito longe de estar por dentro dos problemas e que só após essa tomada de consciência poderão efectuar com êxito uma reforma satisfatória. Se assim não acontecer, tudo continuará na mesma.
Acha que não fomos suficientemente abrangentes? Então por que não colabora com comentários e novos prismas de visão destes problemas?

2 de janeiro de 2004

Vox populi

Os seus comentários fazem falta!
É sempre um gosto lê-lo, mesmo quando discordo.
Não tem tempo? Aborreceu-se?
Brinde-nos com algumas dicas sff
Callas

Quem me dera… fosse esse o consenso unânime… era um bom argumento e incentivo, mas nem todos os seus colegas pensam assim… Além dos brindezinhos recentes, brindo também com um Veuve Cliquot (um vintage de 1995 – La Grande Dame), ficando à espera de mais feed back da comunidade veterinária.
Para já corri a comprar o "the voice of the century" dessa diva… aconselho "La Traviata" com o tenor Alfredo Kraus e a Orquetra Sinfónica do Teatro Nacional de São Carlos, conduzida por Franco Ghione.

UBAR

Sobre o anonimato… voltarei em devida oportunidade, fica para já a firme certeza de Blog Anónimo Responsável, reconhecendo agradecidamente a confiança depositada pelo Anónimo Presidente da UBAR ("União dos Blogs Anónimos Responsáveis").

O ANO COMEÇA BEM…

Os EUA anunciaram, a 23 de Dezembro, o primeiro caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina naquele país.
Portugal, só no ano de 2003, registou mais de cem casos.
As Autoridades americanas, desde o anúncio daquele caso, têm promovido diariamente (excepto no dia de Natal), um briefing técnico, tornando pública, toda a informação conhecida sobre a ocorrência.
O que aconteceria em Portugal em circunstâncias idênticas? Imaginemos uma eventual ocorrência, não de BSE (essa já fez história por cá… e de triste memória…), mas de uma outra Encefalopatia Espongiforme Transmissível. Por exemplo o tremor do carneiro (scrapie).

Os EUA, perante a existência de um caso presuntivo de BSE, imediatamente divulgaram toda a informação disponível sobre o caso (identificação do animal, data da morte e da realização de exames laboratoriais, identificação da exploração pecuária envolvida, destino da carne de animal abatido, etc. etc.), pela voz da Secretary of State, Ann Veneman.
Em Portugal, se um caso presuntivo de srapie fosse detectado, em vésperas de ano novo, por exemplo, o que aconteceria? Duvido que fosse dada a devida divulgação pública do facto.

As Autoridades americanas estabeleceram um plano de intervenção, para a eventualidade de aparecimento de BSE, disponível online para os interessados ("Bovine Spongiform Response Plan Summary").
Em Portugal, no caso de ocorrência de scrapie, a sua notificação ficaria ao sabor da disposição de momento: não há plano detalhado, muito menos de acesso ao público, sendo até curiosa a forma vigilância e notificação de doenças ( "Rede de Epidemiovigilância Nacional das Doenças dos Animais"), parecendo ser tida mais em conta a capacidade "do momento" que o circuito de informação.

Depois da divulgação pública da ocorrência de BSE, pela voz da responsável política norte-americana, foi atribuída total responsabilidade às Autoridades Veterinárias pela condução e divulgação de dados entretanto apurados em sede de investigação epidemiológica.
Em Portugal, o problema seria, certamente, mais do domínio da autoridade política, que da autoridade da Administração Veterinária.

Mas claro, tudo o que ficou dito é pura conjectura, caso ocorra uma caso de scrapie em Portugal, a realidade demonstrará, provavelmente, o contrário.