30 de outubro de 2007

DESVIO DE CLIENTELA

O número 1, do artigo 28º, do Código Deontológico Médico-Veterinário diz que: “O desvio ou a tentativa de desvio de clientela é interdito a todos os Médicos Veterinários devendo estes abster-se da prática de qualquer acto de concorrência desleal com prejuízo para os colegas.”

À luz da sub-reptícia filosofia vigente não deveria ser alterado para desvio de “utentela”?

Afinal temos clientes ou utentes?

29 de outubro de 2007

CRIME E CASTIGO (2)

É a segunda vez que torno com o mesmo título… passaram sensivelmente 4 anos, mas a prosa mantêm-se actual… foi a 26 de Setembro de 2003.

E volto a propósito dos comentários ao último post do “tonto” de serviço… sem pretensões de desvio de clientela.

Bom senso? Aplicar a razão de forma ajustada ás circunstâncias, ser prudente, moderado, previdente… não é o deixa andar…

É precisamente a ausência dessa regra que tem gerado cada vez menos sensatez e consequentemente, também por esse motivo, menos credibilidade à profissão.

Não concordo que a imagem da profissão seja o somatório do papel desempenhado por cada um dos Médicos Veterinários individualmente… as coisas não funcionam assim.

É por isso que a estratégia (aparente) da Ordem, de impor a credibilidade da profissão à custa da credibilidade individual, impondo mais e mais regras aos Médicos Veterinários, está condenada ao fracasso.

Os valores éticos impõe-se por si e pela positiva… não é com mais e mais castigos que se emendam os erros, pelo contrário, é com os bons exemplos que se promovem as melhores normas de conduta e se recupera a prazo a credibilidade.

Admito até o cepticismo de alguns outros anónimos que habitam a blogosfera, mas não há volta a dar-lhe… o sistema disciplinar imposto pelo Código Deontológico não trouxe, só por si, nenhum valor acrescido à defesa dos princípios éticos… não conheço as estatísticas mas estou em crer que os “desvios” deontológicos não diminuíram, antes aumentaram… mais do que a população veterinária.

Um sistema que enquadre os valores e princípios éticos e demonstre as vantagens da sua aplicação é claramente mais eficaz que qualquer sistema disciplinar.

Então sim teremos melhor treinamento, melhor rigor técnico, melhor organização, mantendo o “abuso” em níveis residuais.

Viver no “medo” de ser apanhado só gera inimizade para com a Ordem e para quem impõe a lei.

Obrigado Dostoievski.

19 de outubro de 2007

ATÉ BREVE RUI




Este blog está de luto.

18 de outubro de 2007

UTENTE OU CLIENTE

Talvez ainda influenciado por uma certa visão de Estado centralista, de que o nosso Bastonário ainda não se libertou, todos os Médicos Veterinários passaram a ter utentes, como nos serviços públicos… na Rússia.
Não seria melhor que tivéssemos Clientes, literalmente significando “protegido”… o constituinte em relação ao advogado… o doente em relação ao médico… não parece muito mais adequado à intervenção do Médico Veterinário?

Deixo a opinião do "nosso médico de serviço", não totalmente concordante com a minha.



Com a devida vénia do nosso vizinho Balanced Scorecard

BETTER TRAINING FOR SAFER FOOD

Anunciam aqui que os "Official "Better Training for Safer Food" contact points have been designated for EU Member States, as well as Candidate, Acceding, and Associated Countries. Each contact point interfaces with the Commission in order to coordinate aspects of the initiative's activities relevant to their own country, in particular the selection of training participants. Staff of competent authorities interested in finding out more about participating in "Better Training for Safer Food" activities are invited to refer to the appropriate contact point from the adjoining list."

Em Portugal:
Ms. Ana Cristina Ucha Lopes
Veterinary Services of Portugal
Training Department
Largo da Academia Nacional de Belas Artes, nº 2,
1249-105 Lisboa
auchalopes@dgv.min-agricultura.pt
Tel. +351 21 476 74 00
Fax +351 21 474 36 11

A propósito foi designado alguém para o workshop de 5 dias em Zagreb (15-19 Outubro)? Deve valer uns cinco créditos, não? E já agora quais são os critérios de selecção? Para que não haja confusões: não estou interessada!

“AS SOLUÇÕES ESTÃO AO NOSSO ALCANCE”?

Sugere o Bastonário, em modo imperativo, que das indicações do Estudo da Imagem Social dos Médicos Veterinários, se desenvolvam actuações tendentes a introduzir as necessárias correcções.
Por outras palavras diagnóstico na mão, parta-se para o tratamento.

E acrescenta, “Desde logo a Ordem, que embora já desenvolva muitas das iniciativas as deve reforçar e enriquecer, já que por essa via pode e deve potenciar outras medidas”.

Neste editorial (revista da OMV nº 46), não refere contudo o que a Ordem já desenvolve e como o vai reforçar. Muito menos como é que essas iniciativas vão potenciar outras, e que outras.
Como em muitas circunstâncias, o “discurso” é denso e enigmático, permitindo várias interpretações, as quais, ao sabor da empatia do leitor, permitem pensar numa coisa ou no seu oposto.

Avança, no entanto três linhas de actuação.

A primeira de unidade na acção de todos os órgãos da Ordem (“…toda, mas toda a estrutura da Ordem, esteja organizada…”) para uma intervenção qualificada, pedagógica e em permanência junto do Estado, Agentes Económicos e Consumidores.

A intenção é boa e aliás verdadeira para muitas outras situações, contudo não se percebe bem como… se o maestro da orquestra não se pautar por essa batuta.
Era necessário que o Bastonário passa-se a ouvir o que outros têm para dizer, era necessário que as reuniões inter-conselhos debatessem realmente os desígnios da profissão e apresentassem estratégias, era necessário discutir com seriedade em reuniões sectoriais (regiões e sectores da profissão) o que queremos para o futuro.

A não ser assim o que o Bastonário nos pede é obediência a tudo aquilo que dimane do Conselho Directivo… podia o Conselho mudar de nome para Comité Central.

Apenas um exemplo a acompanhar no futuro muito próximo: o que é que o Bastonário e o Conselho Directivo vão fazer com o contributo dos Conselhos Regionais (e dos colegas de um modo geral) para o projecto de Regulamento de Formação. Seria uma excelente oportunidade para por a Ordem a fazer um pouco de jogging e transpirar alguma filosofia e princípios de actuação, em vez do habitual espectáculo de wrestling das Assembleias-Gerais.

A segunda actuação “exigida” aos profissionais refere-se a uma maior abertura na intervenção junto dos utentes e uma aproximação a outras profissões no âmbito da higiene e segurança alimentar.

Mas os profissionais já assim fazem, pelo menos no sector privado os exemplos de abertura e cooperação com outras profissões no domínio da higiene e segurança alimentar são muitos e isso sabe-se na Ordem. Onde exactamente se poderia promover uma atitude diferente seria no Serviços Veterinários Oficiais, onde uma verticalização autista vem pondo cada vez mais em causa essa possibilidade de cooperação. Mas sobre esta actuação dos Serviços Veterinários se abateu um manto de silêncio… ensurdecedor… ou já nos esquecemos do vigor com que o Bastonário, por bem menos, denunciou a ineficiência dos Serviços Veterinários?

Em terceiro lugar o bastonário deixa um recado para as enigmáticas “entidades ligadas à formação dos Médicos Veterinários”: olhem o mercado de trabalho. A referência parece totalmente legítima mas não o será, pois quem “vende” formação vendo o que o formando procura e não exactamente o que os Médicos Veterinários procuram ser a sua esfera de influência. A este nível caberia à Ordem um patrocínio diferente que, até hoje, tem sido inexistente: a promoção do papel do Médico Veterinário

Foi um apelo à Unidade que sempre se aplaude, vejamos como é que o Bastonário dá o exemplo.

16 de outubro de 2007

BCV - BANCO DE CRÉDITO VETERINÁRIO

Terminou ontem o prazo para apresentação de sugestões ao projecto de “Regulamento para Creditação de Acções de Formação” apresentado pela Ordem…
Quantas respostas e que substância foi coligida?
Quem o vai aprovar? O Conselho Directivo ou a Assembleia-Geral?

Os putativos candidatos a Bastonário o que dizem? O site de António Morais continua actualizadíssimo à data de 27 de Junho de 2007…(???) e o de Ramalho Ribeiro… morto e enterrado?... diz que “A URL solicitada não pode ser recuperada”.

Como já aqui disse é essencial revitalizar a Ordem, continua a haver temas prementes com que nos preocuparmos… um deles é o da Aprendizagem ao Longo da Vida, mas onde estão as propostas alternativas? Os projectos? Sangue novo?

Que fazem os Conselhos Regionais que não chamam os colegas a debater o assunto? Não houve tempo para marcar umas quantas reuniões, apresentar o projecto aos colegas e coligir opiniões, sensibilidades e interesses?

Sei que importantes opiniões foram, ainda assim, remetidas para a Ordem… fico a aguardar o que é que a dita vai fazer com elas…

O enfoque na Aprendizagem corre o risco de ser substituído pelo dos créditos auferidos e renovação da Cédula Profissional… A Ordem confundida como entidade Certificadora ao invés de simplesmente homologar a formação alcançada, incluindo a auto-formação… e a multidisciplinaridade tradicional da profissão afunilada em acções de formação para clínicos (a preços insustentáveis)…

Qual a opinião da Sociedade Portuguesa de Ciências Veterinárias? Que compromisso assumiu com a Ordem a este nível? E as suas sociedades satélites?... limitam-se a concorrer à atribuição de créditos como já aconteceu com pelo menos duas delas?

E as Universidades? Caladinhas que nem ratos?... Ou as pupilas dos senhores coordenadores de curso já se transformaram em limões de slot machine?

Já agora… Como é possível que a Ordem se ponha a atribuir créditos sem que o Regulamento esteja aprovado? Parece-me um muito mau começo… e depois queixam-se que o “pagode” se indigne cada vez mais…

Enquanto e não, muitos dos delatores da situação já abriram Conta a prazo no BCV, ali para a Gomes Freire, mesmo andando por aí a dizer cobras e lagartos do Gerente e dos Gestores de Conta…

ATRACÇÃO HABITUAL

Sempre foi muito comentada a manifesta tendência dos veterinários casarem uns com os outros… se calhar trata-se de fenómeno totalmente normal… talvez por estar no meio deles e por sermos menos o facto é mais evidente e talvez estatisticamente semelhante ao de outras profissões…
Sem me esforçar muito conheço mais de uma dúzia de casos… deve ser por mera inferência estatística que o Director de Serviços de Saúde Animal da DGV “transferiu” a mulher para o seu gabinete… ou será um “destacamento” provocado por ciúmes… ou quem sabe a aplicação da Lei de Mobilidade Especial.
2007 anno domini depois de Pina.

3 de outubro de 2007

VETERINÁRIO BOLONHÊS

Não, não se trata de nenhuma ligação conjugal com membro da aristocracia bolonhesa, mas apenas uma alusão ao celebérrimo “processo de Bolonha”

Diziam, exactamente há três anos, os insuspeitos Prof. Jorge Silva (Coordenador), Conceição Martins e Júlio Carvalheira, enquanto GRUPO DE COORDENAÇÃO POR ÁREA DE CONHECIMENTO, NOMEADO PELA MINISTRA DA CIÊNCIA INOVAÇÃO E ENSINO SUPERIOR, PARA O DESENVOLVIMENTO DO “PROCESSO DE BOLONHA” A NÍVEL NACIONAL (Área de Medicina Veterinária) que:

“A análise das profissões a exigir formação longa (5 ou 6 anos) deverá ser considerada por si e esse é o caso típico da Medicina Veterinária. Efectivamente, trata-se de uma área profissional regulamentada…, com normativos comunitários específicos e com um processo formativo em três patamares complementares em forte articulação, onde nenhum deles possui uma lógica de formação terminal a permitir uma saída intercalar com perspectivas de empregabilidade. (…/…)
Esta excepção aos princípios da Declaração de Bolonha tem sido consagrada genericamente para as áreas da Medicina (Medicina Humana, Medicina Dentária, Medicina Veterinária) não sendo considerada contraditória com o desenvolvimento
global do processo.
A formação na área da Medicina Veterinária é genericamente obtida através de um curso superior universitário apoiado na investigação científica com a duração de 10 a 12 semestres e com um mínimo de 1 semestre de estágio curricular profissionalizante.”

Em termos práticos desaparece o licenciado enquanto grau de formação terminal como até agora, passando os “Sr. Dr.” a Mestres.
Ou seja o Título de Médico Veterinário (atribuído pela Ordem), passará a contemplar os Dr. anteriores a Bolonha e os Mestres depois de Bolonha… ou não é?

Para que servirá o grau de licenciado em Medicina Veterinária em termos profissionais? Para nada? Então qual é o efeito prático, no âmbito da “empregabilidade”, da reforma de Bolonha na Medicina Veterinária?