30 de maio de 2008

A DATA

A não perder, da nossa vizinha Alma, num interessante post a que chama: “As Eleições

Não posso estar mais de acordo: convocar uma Assembleia-Geral (AG), para daqui a um mês, para marcar a data das eleições é de uma total falta de responsabilidade… não porque a data não possa e deva ser marcada, mas porque para tanto não é necessário exaurir a Ordem e os seus membros de mais este recurso…

O Presidente da AG tem a competência e o dever estatutário de convocar eleições sem o recurso a mais uma AG, e mais, tem a obrigação de poupar tempo e após consultar o Bastonário, os Presidentes do Conselhos Fiscal, do Conselho Profissional e Deontológico e da Mesas das Assembleias Regionais (por elementar regra de bom senso, já que daquele grupo sairá a Comissão Eleitoral), estabelecer a data das eleições para quanto antes.

Se a AG de 2 de Junho de 2007 não tivesse sido objecto de recurso, as eleições já tinham tido lugar no ano transacto… então porquê perder mais tempo???

Porque esse é o papel que gosta de assumir… empatar. É o que tem vindo a fazer desde há muito tempo… mas de cuja responsabilidade não se livra.

Parece-me claro, à semelhança de anteriores AG (isto começa a ser assustadoramente previsível) que a data será marcada lá para 11 de Outubro, então para quê a AG? Já não há paciência…

Espero, pelo menos, que entretanto se esclareçam alguns aspectos fundamentais:
- pode o Bastonário (e os dos Conselhos destituídos) ainda interpor recurso à decisão do tribunal? E se podem (coisa que duvido) têm intenção de o fazer?
- podem ou não os actuais eleitos ser candidatos a estas eleições? Sendo intercalares, portanto para conclusão do mandato, a resposta será afirmativa, mas é bom que se “acorde” sobre isso.
- e será que têm essa intenção? Não me parece, mas também alguma luz sobre a matéria seria bem-vinda.

Mesmo que tudo corra pelo melhor, não me parece que a vida da Ordem se estabilize antes do final de um próximo mandato ou seja, nunca antes do final de 2012, por isso o tempo urge e as eleições deveriam ocorrer ainda antes do Verão, embora o afirme sem nenhuma esperança que assim aconteça… Tenho pena… muita pena.

28 de maio de 2008

PADEIRA DE ALJUBARROTA

(foto de Zélia Paulo Silva, 2007.05.28, em olhares.com)

Vem esta a propósito da entrevista de D. Brites de Almeida à bimestral MGI, da polémica ASAE e da curiosa troca de galhardetes entre Ana Soeiro e o Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas (onde o CDS-PP não deixou de meter a colher -feita de pau- como aqui se noticia)…

Para além da similitude física de Ana Soeiro com a descrição que a lenda deixou de D. Brites de Almeida, subsiste ainda um outro denominador comum: o apego aos valores nacionais.

Ana Soeiro, aliás sem modéstias, assume e tem vaidade nesse papel de grande defensora dos produtos tradicionais e da sua qualidade intrínseca, muito embora a sua opinião tenha evoluído significativamente… afinal regras de higiene, tradição e qualidade já não são elementos incompatíveis como no passado deixava crer.

Não deixa de ser curioso, neste particular, a crítica de Portugal ser “…o único país da Europa que não aproveitou as derrogações permitidas pelos regulamentos comunitários…”. De facto, Portugal podia e deveria ter usado desse mecanismo, mas porque não o propôs Ana Soeiro, ao tempo, a sua adopção? Se o fez porque não argumenta sustentando-se nas informações que produziu?

Convidada a participar no último encontro da Sociedade Portuguesa de Epidemiologia e Medicina Veterinária Preventiva (SPEMVP), em Novembro passado, Ana Soeiro manifestou-se cuidadosa quanto a questões de higiene, sempre defendendo as unidades de pequeníssima produção, mas nada de chafaricas mal amanhadas…

Até aqui tudo bem, mas além de nem sempre ter sido assim, também agora não passa a ser assado, e não parece mal ou sequer que colida com o Regulamento (CE) nº. 852/2004, de 29 de Abril, o simples registo dos interessados em fazer bolinhos em casa (com ovos, que são de origem animal) para vender aos dias de feira no mercado.

Ter opinião não é delito, mesmo que seja diferente da do Ministro, até mesmo mudar de opinião… o que já se digere com dificuldade são mudanças de opinião não assumidas, condimentadas com o possível interesse numa participação mais activa que já ninguém lhe atribui… só mesmo a SPEMVP.

Já que o CDS-PP continue a reclamar, quando afinal foram os tais que tanto protestaram pela extinção destes, que agora o Ministério vem proteger com o simples registo, não parece sério, nem politicamente sustentável.

Mas fica a lição: é que em matéria de Segurança Alimentar também se esgrimem valores mesquinhos de uma certa “política” para os quais deveremos estar atentos.

Pena mesmo é que a profissão não tenha (enquanto colectivo) opinião sobre este assunto, pois, os Médicos Veterinários com intervenção a este nível mereceriam no mínimo esse reconhecimento e já agora, que o mesmo resultasse da percepção exacta do que se passa no “mundo real” e não de mera retórica.

O mesmo parece aplicar-se aos Serviços Veterinários Oficiais: continuam dissociados desse mundo real e, mesmo quando nele habitam, esquecem que os seus “clientes” agradeceriam uma intervenção mais em consonância com as suas aspirações sociais e económicas.

Talvez seja um problema de formação: em vez dos habituais aspectos tecnicistas em que as mesmas afunilam, seria bom conhecer o real impacto económico de muitas das medidas do governo na gestão da empresa agrícola e que soluções se colocam à viabilidade dessas empresas.

A não ser assim prevejo que a Direcção-Geral de Veterinária venha a ser absorvida, mais tarde ou mais cedo, pela ASAE.

Para já acredito que um bastonário de pá de forno em punho (que não fosse para arriar nos seus pares) daria muito jeito.

20 de maio de 2008

ANOCAS


(http://anacs123.blogspot.com/)

Para quem quiser conhecer as aventuras e desventuras de uma Médica Veterinária Inspectora Sanitária em terras de sua Majestade…

14 de maio de 2008

EFEMÉRIDES


Edward Jenner, já aqui referido, realizou a 14 de Maio de 1796, o primeiro teste da vacina contra a varíola…

212 anos depois, a Europa, e pela primeira vez na história da União Europeia (e suas antecessoras), aprovou uma estratégia para a Saúde Animal, também aqui mencionada, sob o lema “Mais vale prevenir do que remediar” (tradução livre o nosso departamento de estudos anglo-saxónicos).

Porque razão não é essa estratégia posta em prática em Portugal?

A sua execução obrigaria a que alguns rabos se mexessem na Direcção-Geral de Veterinária (DGV) e umas outras tantas cabeças arejassem um pouco, atirando para trás das costas alguns preconceitos de superioridade e autori(tarismo)dade… podiam até aproveitar o balanço das mudanças de gabinetes… a não ser que estejam à espera que a DGV mude de instalações.

13 de maio de 2008

PROVIDÊNCIA CAUTELAR

Numa mensagem em correio electrónico:
Caro(a) colega XXXXXXXXXXXX:
Novas noticias na area reservada da OMV:
2008.05.12 - Providência Cautelar


O 5º parágrafo da notícia é ininteligível… explicações sérias sobre o assunto são bem-vindas em eutanasia@sapo.pt

12 de maio de 2008

MAISON-ALFORT, VET-SUISSE AND BERLIN ADDED TO POSITIVE LIST


The Joint Education Committee (JEC) of the European Association of Establishments for Veterinary Education (EAEVE) and the FVE met on 22 and 23 April in Vienna. The Committee, chaired by EAEVE president professor Marcel Wanner, discussed the evaluation reports of several veterinary schools. Those of Maisons-Alfort, Vet-Suisse and Berlin were added to the so-called positive list. Bristol was conditionally approved. Schools with one or more major deficiencies first need to improve their facilities or curricula before applying for re-evaluation. For a few schools, the JEC could not come to a conclusion. Discussions about these schools have been postponed to the next JEC meeting in July.
(FVE Newsletter - May 2008)

Quais as Faculdades de Medicina Veterinária de Portugal que fazem parte desta lista positiva?

“UM TIRO NA BRUMA”


Do nosso colega Manuel Cardoso, cuja veia para a escrita e espírito concatenador com o esplendor do passado, onde encontra as raízes que explicam a sua própria existência, e de onde sabe exaltar, por bondade e por orgulho, o carácter e sobretudo o lado mais profundamente humano das personagens que retrata.

Parabéns… um motivo de orgulho partilharmos a mesma profissão, o que nos torna, aliás, um pouco “donos” da sua escrita… espero puder meter-me, em breve, à leitura do próximo romance. Talvez a sericicultura e o “retrato agrícola” dessa época, possam ter essa sorte.

“Um tiro na Bruma” é também um daqueles romances que, quem se dedica à medicina das populações, não deve perder: “O tio José Oliveira estava espantado de haver tantos doentes, continuava a fazer a sua vida normal, não havia mal que lhe chegasse. Em casa, a Micas foi a primeira a ter febre, suportou-a com uns chás e salicilatos, nem foi parar à cama um dia seguido. Os filhos, todos três, parecia terem combinado adoecer de empreitada, ao mesmo tempo, fazendo um reboliço entre as criadas que, essas sim, uma a uma menos a Leonida, adoeceram com grande achaque e saíram dela com uns quilos a menos. Na família ninguém teve recaídas, o doutor Amadeu obrigou todos a consumirem fruta aos quilos - foi com laranjas que o Vasco da Gama chegou à Índia! -, e preconizou para todos também, doentes e não doentes, canjas de galinha com fatias de pão torrado e uma colher de mel ao levantar, ao almoço e ao deitar.

Retrata a vida de um médico, o doutor Amadeu (avô do autor), a “…implantação da República, as contra-revoluções e incursões Couceiristas, a Grande Guerra de 1914-1918, a pandemia de Gripe Pneumónica e o Reino da Monarquia do Norte.”, Macedo de Cavaleiros e Portugal do princípio do séc. XX.

8 de maio de 2008

VET-ERUPCIONÁRIO


Depois do alerta de tsunami que aqui demos conta, o Departamento de Geofísica do “Veterinário Precisa-se…”, registou que, no Chile, um vulcão adormecido há milhares de anos entrou em erupção, tendo coberto de cinzas a região em redor

O Departamento de Geofísica, em associação com a rede de Protecção Veterinária Nacional, admite também que a profissão venha a despertar, pela madrugada, com a ocorrência de sismo de grau 8 (escala de Richter), eventualmente seguida de erupção vulcânica, dada a instabilidade da falha geodésica da Gomes Freire… Por medida de precaução sugere-se a evacuação das “populações” residentes e o uso de máscara, devido às cinzas que virão a ser expelidas.

5 de maio de 2008

ACTOS POUCO PRÓPRIOS

Enquanto a profissão vai praticando os actos que ainda pensa lhe serem próprios e se mantém absorta nas diatribes que vão dirigindo os desígnios da Ordem, outras mais atentas vão tentando apropriar-se daquilo que julgávamos nosso.

Vem isto a propósito das conclusões de um grupo de trabalho “Domínios de Intervenção do Engenheiro Agrónomo”, criado no seio da Ordem dos Engenheiros e que aparecem publicadas no último numero da revista daquela congénere, a “Ingenium”.

Este documento vem consubstanciar um conjunto de actos específicos como próprios ao membro do Colégio de Engenharia Agronómica, classificando-os em actos exclusivos, actos em que é necessária presença e actos abertos.

O documento “Actos Próprios do Membro do Colégio de Engenharia Agronómica” , propõe, entre outros, como actos exclusivos coisas como a identificação animal e a rastreabilidade de produtos e seres vivos e mesmo a elaboração e gestão de programas e projectos de prevenção, monitorização e controlo dos agentes nocivos aos ecossistemas agro-pecuários.

Não podemos deixar de considerar que, ainda assim, tiveram espírito suficientemente aberto para considerar que a gestão de um parque zoológico possa ser um acto aberto a outras categorias profissionais! O mesmo não se dirá dos actos no âmbito do bem estar animal ou dos programas de defesa da higiene e segurança alimentar onde será necessária a presença de um membro do dito Colégio.

Impõe-se uma posição firme da Ordem face ao que este processo faz adivinhar. Sob pena de só nos vir a sobrar para o acto veterinário o bem-estar do trigo roxo.

MANIFESTO EM DEFESA DA LÍNGUA PORTUGUESA CONTRA O ACORDO ORTOGRÁFICO

O uso oral e escrito da língua portuguesa degradou-se a um ponto de aviltamento inaceitável, porque fere irremediavelmente a nossa identidade multissecular e o riquíssimo legado civilizacional e histórico que recebemos e nos cumpre transmitir aos vindouros. Por culpa dos que a falam e escrevem, em particular os meios de comunicação social; mas ao Estado incumbem as maiores responsabilidades porque desagregou o sistema educacional, hoje sem qualidade, nomeadamente impondo programas da disciplina de Português nos graus básico e secundário sem valor científico nem pedagógico e desprezando o valor da História.” (…)

Subscreva a petição, aqui:

CÃO QUE LADRA… AFINAL MORDE


Recordo um companheiro de infância (das férias que passava na aldeia) e a sua especial capacidade para “falar” com os animais, em especial um cachorro que com ele pastoreava duas dúzias de ovelhas…

O seu dia à dia, penoso, que lhe castrou a infância, era afinal “compensado” pela companhia do seu fiel “boby”, tendo nascido, desse convívio, a especial habilidade desse meu amigo para “conversar” com os animais.

A oportunidade de observar permanentemente o comportamento dos animais com que lidava, aliada à habilidade em relacionar esse comportamento com circunstâncias antecedentes, ter-lhe-ia permitido, se a vida lhe tivesse sorrido, ser hoje um “perito” em comportamento animal.

Aliás, encantadores e encantadoras de cães há muitos, com o Manel podia ter sido.

Dito isto, parece elementar, como se aprende em qualquer Escola de Medicina Veterinária, que a observação e descrição do comportamento animal são essenciais até para certos diagnósticos clínicos, contudo, parece discutível o reconhecimento do grau de “Psicologia Canina Avançada” como aqui se anuncia.

Uma coisa é certa, como reconhece Alexandra Santos no artigo em causa: “…A profissão [treinador de cães] não está regulamentada e pessoas que não procuram obter formação e credenciais auto-intitulam-se treinadoras…”.

Tal como entre os animais “…muitos dos problemas de comportamento têm origem na falta de sociabilização”… a comparação é grosseira e susceptível de crítica, mas vejam lá se muitos dos conflito ou potenciais conflitos profissionais não resultam dessa falta de sociabilização… como já antes propus: disponhamo-nos a trabalhar em conjunto e até a promover aquela regulamentação profissional… todos teríamos a ganhar.

Antes que vá tudo parar ao Conselho Profissional e Deontológico da Ordem dos Médicos Veterinários por usurpação de funções, num processo sem objectivos à vista, com resultados de duvidosa eficiência e dos quais resultará sempre a crítica (justa) a um corporativismo serôdio e doentio.

2 de maio de 2008

ACTO VETERINÁRIO E OUTRAS HISTÓRIAS

A 4 de Fevereiro aqui deixei opinião sobre a forma de abordar a questão do Acto Veterinário, tendo em vista a sua concretização prática e o nível de envolvimento da profissão no processo.

Deixando de lado a polémica sobre o que pode e não pode fazer o Conselho Directivo da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV), face à circunstância de não ter Plano de Actividades e Orçamento aprovado, é do mais elementar bom senso que a questão do Acto Veterinário seja assumida como uma prioridade.

Que acções devem ser exclusivamente da responsabilidade do Médico Veterinário, como por exemplo o diagnóstico e a prescrição, e que outras poderão (e deverão) ser delegadas em para-profissionais veterinários (para usar a terminologia da Organização Mundial de Saúde Animal - OIE) e qual o grau de supervisão exigível?

Que perfil profissional e académico devem ostentar esses para-profissionais? Que registo deve ser exigido ao exercício da sua (deles) profissão (incluindo aqueles que com o tempo adquiriram experiência de facto) e que revalidação dessas competências deve também ser exigida (onde é que eu já ouvi isto…)?

Parece-me um erro tremendo avançar com uma proposta de regulamentação do Acto Veterinário limitada ao estabelecimento de uma lista exaustiva de actividades, sem ter em conta alguns dos usos e hábitos estabelecidos (não que concorde com eles…) e com o tempo adaptar o Acto Veterinário às novas circunstâncias (até há bem pouco tempo era permitido fumar em locais onde hoje é de todo proibido…), em função de regras objectivas de preparação técnica e científica, bem como de conduta ética.

A proposta deverá sustentar-se exclusivamente no papel do Médico Veterinário na protecção da Saúde Pública e da Saúde e Bem-Estar Animal, ser abrangente a todas as espécies animais, domésticas e selvagens (silvestres?) e obrigatoriamente incluir o papel dos para-profissionais, definindo o grau de supervisão exigível e para que actividades.

Esta eventualidade conduz-nos obrigatoriamente a discutir o assunto com criadores, proprietários e outros agentes, e sobretudo como os para-profissionais veterinários, como é o caso dos novos enfermeiros veterinários, de inseminadores, técnicos auxiliares de pecuária, ferradores, treinadores, tratadores e outros.

Defendo mesmo que no caso dos enfermeiros veterinários deva ser exigível (quanto antes melhor) o registo na OMV e a prazo de todos os para-profissionais veterinários. A não ser assim o acto, “Acto Veterinário”, não verá a luz dia, nem representará um alicerce essencial para regular a profissão, mas antes princesa adormecida que nenhum beijo de Bastonário despertará, mesmo que venha disfarçado de sapo.