24 de setembro de 2008

DESENVOLVIMENTO RURAL COM OU SEM VETERINÁRIA

Na Região Autónoma da Madeira (RAM) o Desenvolvimento Rural passou a incluir a Veterinária, de acordo com a nova lei orgânica da Secretaria do Ambiente, conforme destacou Miguel Ângelo do Jornal da Madeira.

Apesar das alterações orgânicas na estrutura dos Serviços na RAM, o Presidente do Governo Regional não hesitou homenagear o colega Carlos Dória, como o mesmo Jornal da Madeira noticia, pelo trabalho que desenvolveu à frente da Direcção Regional de Veterinária.
Homenagem a que o “Veterinário Precisa-se…” não hesita em se associar, manifestando o seu respeito pela personalidade do colega França Dória.

A nova lei previu a extinção da Direcção Regional de Veterinária, cujas atribuições passaram para a Direcção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural.

Despromoção para uns, feliz ajustamento para outros… o que me parece é que os Serviços Veterinários Oficiais, muito embora detendo uma forte componente de cumprimento impositivo da Lei e dos Regulamentos, nunca deveriam ter assumido (e estão a assumir) o papel de polícias.

Os Serviços Veterinários deverão ser os promotores da Saúde Pública e da Segurança Alimentar, devendo, por isso e há muito, ter valorizado mais esse papel, mesmo que preterindo o contra-ordenacional.

Por aquela razão, se a ligação dos Serviços Veterinários Oficiais, na Lusitânia Continental, aos programas de Desenvolvimento Rural se perde, perde a profissão e perde o país.

Perde-se a mais valia técnica que os Veterinários poderiam dar ao programas de Desenvolvimento, perdem consistência os Serviços Veterinários Oficiais que afunilarão na estrita acção de impor regulamentos (tornando-se os Directores de Serviço e Chefe de Divisão numa espécie de baronatos arrogantes, pretensiosos, desprazíveis… perde a pecuária que ainda sobrevive a todas as diatribes das Políticas Agrícolas e dos maus dirigentes associativos, perdemos seguramente todos, enquanto colectivo profissional.

E isto está a acontecer no momento em que escrevo:
- confinamento da Veterinária num pequeno limbo do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas (MADRP), meio esmagado contra a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE);
- tiques de arrogância de muito(a)s Chefes de Divisão, de Norte a Sul, toldado(a)s por uma verticalização pura e dura e pela sensação de poder que julgam deter;
- desligamento do mundo real e adopção de programas de trabalho estereotipados do tipo: vacina, despiste, abate… vacina, despiste, abate… esquer’direita, um, dois…

Na RAM fala-se de reajustamentos face à disfunção resultante da dispersão de competências por diferentes organismos; racionalização de actividades e aproximação da Administração aos cidadãos.

Por cá nada se fala… para quem uma “vida inteira” defendeu a verticalização dos Serviços Veterinários (muito mais que muitos dos actuais pedantes protagonistas), sinto toda a autoridade para perguntar: qual o balanço depois de um ano de verticalização?

A prazo, julgo que o mesmo que aconteceu na RAM ocorrerá no Continente… A extinção da Direcção-Geral de Veterinária e a sua fusão sob a forma de umas quantas Direcções de Serviço, numa qualquer Direcção-Geral de Desenvolvimento Rural… chamem-me Velho do Restelo se quiserem mas pensem sobre isso.

23 de setembro de 2008

PETACH TIKVA

"Uma pequena orquestra egípcia da polícia desloca-se a Israel nos anos noventa, para realizar um concerto na cerimónia de abertura do Centro de Cultura Árabe em Petach Tikva. Ninguém vai ao encontro deles. Depois de algumas horas à espera, decidem desenvencilhar-se sozinhos. No entanto, a falta de comunicação faz com que apanhem o autocarro para "Beith Tikva" em vez de "Petach Tikva". A noite que passam em "Beith Tikva" torna-se uma estranha e divertida noite que muda a vida de todos os músicos.

Eis o argumento da divertida comédia do realizador, Eran Korilin, “The Band’s Visit”, que alguns terão tido a oportunidade de ver durante o recente “Festival de Cinema Israelita”.

Foi também em Petach Tikva, no coração de Israel, que foi lançado recentemente um programa piloto de identificação de fezes de cães por determinação de ADN que, cruzada com a base de dados dos canídeos da cidade, funciona em dois sentidos: recompensar os donos que recolhem e depositam as fezes dos seus "melhores amigos" nos recipientes apropriados instalados pelo Município e sancionar os donos “esquecidos”, como informa o Público.

O programa sob a responsabilidade do departamento de veterinária da cidade, dirigido pela colega Tika Bar-On (na foto a recolher uma amostra de saliva de um cachorro), pretende ainda despistar doenças genéticas, investigar o pedigree, identificar as raças dos cães e promover a identificação por chip.

Em declarações à Reuters a colega Bar-On concluiu: “O céu é o limite”.

Lá como cá… basta ver o que se passa com o SIRA e o SICAFE (sobre os quais aqui voltarei em breve)… para já, uma homenagem a um dos melhores, senão o melhor, monumento estupidológico veterinário Luso, depois da criação de seis Faculdades de Veterinária em Portugal: duas bases de dados em competição para efeitos semelhantes… tome nota Vítor Rodrigues.

MÍNIMOS OLÍMPICOS

São as eleições para o Conselho Directivo (CD) e Conselho Profissional e Deontológico (CPD), mas se se tratassem dos Jogos Olímpicos é mais do que óbvio que Sameiro de Sousa jamais atingiria os mínimos para entrar na competição.

Tal como aqui previ, trata-se de uma candidato para ganhar tempo e a página que recentemente disponibilizou na internet diz tudo: um remake despudorado da frustrada candidatura de Ramalho Ribeiro há dois anos.

“Porque estamos hoje aqui?”, parece perguntar Sameiro de Sousa, logo na página principal (home)… nem sequer é necessária uma leitura atenta do texto introdutório para se perceber a carga de azedume e amargura.

Pensei que a pergunta que serve de título fosse feita pela positiva, sem mexer muito no passado recente, que nos catapultasse para o futuro… Não!
Em 349 palavras, apenas 47 são sobre o futuro e resto apenas um desfiar de ressentimentos.

Gostava que o colega Sameiro de Sousa afirmasse preto no branco ser o autor de cada linha e de cada palavra daquele texto… custa-me a crer.

Quem está assim tão mal com o mundo que o rodeia não cumpre de facto os mínimos para ser Bastonário de uma grande Ordem e por isso, a ganhar, como acredito que ganhe (mas não a prazo), fará da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV) uma organização insignificante.

A Comissão Eleitoral foi sectária, o CPD actuou de má fé, os tribunais são lentos, o CD arbitrário, apenas a candidatura de Ramalho Ribeiro está isenta de pecado…

Assim não, enalteça os aspectos positivos que eventualmente possam ser inferidos de toda esta trapalhada e deixe-se de lamúrias, aponte soluções para as questões candentes que se colocam aos Médicos Veterinários e deixe-se de destilar tanto rancor. Aí sim, poderia ganhar a profissão para novos desafios.

Mas não, a resposta está dada: não temos projecto vamos “Ouvir para decidir”… muito conveniente para quem pretende convencer um número alargado de Médicos Veterinários: os que aspiram uma coisa e aqueles outros que aspiram exactamente o contrário. Só que as coisas não funcionam assim!

Os Médicos Veterinários, na sua grande maioria (50% serão cerca de 2000), estariam dispostos a apoiar ideias concretas, não quem os quer ludibriar. Mais do mesmo, não obrigado, para isso estávamos melhor servidos com o teimoso e irredutível Cardoso de Resende.

RESPOSTA ABERTA

Obrigado Sr. Bastonário pela circular em que anuncia as celebrações do dia do Médico Veterinário, em 4 de Outubro próximo.
Se quer que lhe diga não me impressionaram muito os argumentos invocados…

1. Manifestar apreço pela outorga da Sociedade? Não me parece que a Sociedade saiba, ou queira sequer saber, o que é que os Veterinários andam a fazer… desculpem-me as excepções (que as há). Pelo menos não o sabem ao ponto a que diz… recorde-se que quando a Ordem foi criada andámos a correr a inscrever o maior número de colegas possível para que, ainda nesse ano, se pudessem realizar as primeiras eleições!... não fosse o governo de então mudar de ideias sobre a criação da OMV…
Lembra-se? Olhe, quem não se lembra são os actuais candidatos ao cargo de Bastonário…

2. “…o exercício profissional… permitiu a emancipação dos Médicos Veterinários…”? ou terá sido a intervenção política da comissão pró-ordem? Vale a pena recordar a sua constituição… aqui e depois dela da Comissão Instaladora de que aliás o Senhor fazia parte por inerência de funções no Sindicato Nacional dos Médicos Veterinários… verdade? Olhe, quem não estava lá eram os actuais candidatos ao cargo de Bastonário…

3. Compromisso solene de cidadania? Não se dará conta que essa solenidade se tem vindo a tornar (infelizmente) numa cerimónia serôdia, pouco participada e tudo menos manifestação de cidadania? Se assim não fosse sempre se esperaria, pelo menos, uma alocução “tocante”, polémica, actual, de exaltação do Médico Veterinário na Sociedade… não foi esse o denominador comum das intervenções em anteriores sessões?
Capitão Valente (Lisboa - 1996), Abreu Dias (Vila Real - 1997), António Horta (Évora - 1999), Miguel Ângelo (Lisboa - 2000), Tondela e Cruz (Porto - 2001), Fernando Bernardo (Lisboa - 2002), Carlos Dias Pereira (Coimbra - 2004), Virgílio Almeida (Viseu - 2005), Diocleciano Silva (Angra do Heroísmo - 2006) e Francisco Camacho (Faro - 2007)… Olhe, quem talvez não se recorde dessas alocuções são os actuais candidatos ao cargo de Bastonário…

Mesmo sem perceber (naturalmente por deficiência minha), a relevância da “Evolução da Avicultura” à luz dos argumentos anunciados, lá estarei em Santarém, desejando seriamente que o acto não seja nem cerimónia fúnebre antecipada dos actuais Conselho Directivo (CD) e Conselho profissional e Deontológico (CPD), nem comício de propaganda das anunciadas candidaturas a esses mesmos órgãos (por sinal bem fraquinhas de ideias).

22 de setembro de 2008

LÁ CALHOU

Dizer que andámos caladinhos no período de constituição das listas candidatas às eleições para a Ordem dos Médicos Veterinários (OMV), para que não nos fosse imputada qualquer tendência era demasiada presunção e uma acabada aldrabice… mas lá calhou…

Dizer que tivemos todos de férias e fomos invadidos por uma imensa preguiça seria uma desculpa esfarrapada… mas lá calhou…

Dizer que outros projectos profissionais nos retiraram das lides e até do país e por isso geradas naturais dificuldades à manutenção deste espaço não explica tudo… mas lá calhou…

Que a disponibilidade emocional para acudir a tantos casos em que “Veterinários precisam-se…” faltou, como aliás em tantas outras circunstâncias chave na vida das pessoas, será quase toda a verdade…

Aos nossos leitores assíduos um pedido de desculpa. Aos nossos leitores assíduos a quem bloquearam os acessos lá no serviço, espero que nos encontremos noutras paragens.

Estamos de volta!