30 de outubro de 2008

PÓS-RESENDISMO

1. O que é o Resendismo afinal? Simples: o sistema que caracterizou a gestão e regulação da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV) praticamente desde a sua fundação em 1991, incluindo o pré-Resendismo de 1991 a 94, o Resendismo suave de 2000 a 2003, e a sobrevivência ao período não Resendista de 1998 a 99.

Intrinsecamente enxerta-se num certo totalitarismo, em que o poder do Bastonário está acima de qualquer outro órgão da OMV, os quais existem apenas para executar as directivas dimanadas desse poder quase absoluto.

O Resendismo revela-se também por um acentuado altruísmo, materializado na convicção de uma dedicação à profissão, inexistente em qualquer outro Médico Veterinário (na percepção do Bastonário), numa dinâmica quase fundamentalista.

Relevante é o maniqueísmo que dimana daquela convicção: de um lado o seu mentor e aqueles que o apoiam ou quanto muito que o toleram, e do outro lado todos os outros cujas opiniões representam um mal (irremediável) para a profissão.

Não chega a ser um estilo autocrático, embora algum comportamento do nosso (até dia 5) Bastonário o possa parecer… prefiro caracterizar tal personalidade como totalitária, na medida em que permite certas práticas “liberais” desde que controladas pela hierarquia do Bastonário: certas actividades e posições dos Conselhos Regionais, algumas iniciativas aparentemente expressão da vontade da profissão e pouco mais.

Apesar de tudo, dotado de grande voluntarismo, numa entrega tenaz e zelosa, que se transformou quase em fanatismo, na prossecução dos fins e na sanção dos opositores, num processo irreversível, em que se perdeu a percepção do desvio, dos inconvenientes e dos riscos para o colectivo que representa.

2. Seria de esperar que o pós-Resendismo fosse uma espécie de contraponto, em que os órgãos da OMV estivessem dotados de maior autonomia, em que os projectos resultassem de uma participação mais alargada dos Médicos Veterinários e menos do altruísmo do Bastonário… em que a intervenção da Ordem não fosse simplesmente vista à luz dos regulamentos, mas como resposta às necessidades dos Médicos Veterinários, consubstanciado num programa de actividades e objectivos mesuráveis e não apenas como resultado da boa vontade de uns quantos candidatos (de boas intenções estamos conversados)… infelizmente assim não será!

3. Como acontece com a generalidade dos movimentos pós-qualquer ismo, vamos assistir a uma versão actualizada e reciclada do mesmo Resendismo.

Não se trata de simples convicção ou ilação com outras circunstâncias, antes fosse, mas a afirmação resulta daquilo que se infere do programa da lista A (e se fosse o da lista B não haveria diferenças), que será aplicado na sequência de um sufrágio cuja abstenção se cifrou em 83,34%...

“Ouvir para decidir”, slogan de campanha da lista vencedora mostra bem a aversão à mudança. A ruptura com o passado e a apresentação de um novo rumo são invocados, mas não se conhecem as acções concretas que ditarão essa ruptura, nem o sentido desse novo rumo.

Aliás esse novo rumo é apresentado como uma fatalidade e não como uma determinante da vontade dos seus proponentes… nem vale para tanto invocar a validade ou bondade das ideias expressas pelo candidato a Bastonário nas acções de campanha, tal a mediocridade das mesmas, a falta de convicção e a pouca determinação.

Vamos ter mais do mesmo na esperança que seja transitório e que da profissão renasça um novo projecto (daqui por um ano), com uma nova dinâmica e que olhe para os problemas e anseios que no dia-a-dia se colocam aos colegas que entraram para a profissão nos últimos 10 anos (número de cédula profissional acima de 2.000), não que os outros não mereçam consideração… trata-se de uma questão de prioridade na qual se jogará o futuro da profissão.

10 de outubro de 2008

PROJECÇÃO ELEITORAL

Um estudo do Departamento de Sondagens do “Veterinário precisa-se…” mostra que Sameiro de Sousa será o novo Bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV).

Segundo aquele estudo, a lista A, liderada por Rama… digo Sameiro de Sousa, reúne 53,8% das intenções de voto contra apenas 31% dos votos expressos na lista B, liderada por António Morais. Ainda segundo aquela sondagem a percentagem de votos branco e nulos ascende aos expressivos valores de 8,6% e 6,6%, respectivamente.

O valor mais expressivo continua a ser o da abstenção que se estima ascender a 3.500 do total de membros da OMV.

De acordo com aquele trabalho os votos expressos na eleição para o Conselho Directivo serão os seguintes:
Lista A 219
Lista B 126
Brancos 35
Nulos 27
Total 407

Relevante ainda constatar que, sempre de acordo com a sondagem do “Veterinário precisa-se…”, a expressão de votos na eleição do Conselho Profissional e Deontológico não acompanha aquela do Conselho Directivo:
Lista A 235
Lista B 99
Brancos 37
Nulos 33
Total 404

A sondagem efectuada pelo Departamento de Sondagens em exclusivo para o “Veterinário precisa-se…”, realizou-se de 06 a 10 de Outubro com base nas respostas de 12 inquiridos. O objectivo do estudo era analisar a intenção de voto para a OMV e avaliar a imagem do Bastonário e líderes das listas A e B. O Universo desta sondagem é a dos inscritos na OMV, residentes no Continente com telemóvel. A amostra foi estratificada por regiões: 3 da Grande Lisboa, 2 do Grande Porto, 1 do Litoral Centro, 2 do Litoral Norte, 2 do Interior norte e 1 do Sul, sendo 58,3% homens e 41,6% mulheres. As 12 entrevistas foram feitas a indivíduos dos 35 aos 80 anos. A escolha dos Médicos Veterinários contactados não foi efectuada aleatoriamente, baseando-se no grau de amizade do Chefe do Departamento de Sondagens.

4 de outubro de 2008

MAIS UM…

Não se confirmaram, felizmente, os meus piores receios… as celebrações do dia do Médico Veterinário não foram “…nem cerimónia fúnebre antecipada dos actuais Conselho Directivo (CD) e Conselho profissional e Deontológico (CPD), nem comício de propaganda das anunciadas candidaturas a esses mesmos órgãos…”.

Recordarei, deste ano, a atribuição do título de membro honorário ao Prof. Mário Ribeiro, que a merece, sem margem para dúvidas, e por isso, mereceria outra cerimónia, com outro brilho…

Um dia que deveria de ser de exaltação da profissão e dos valores dessa mesma profissão, foi, uma vez mais, cerimónia sensaborona, apesar de imaculada na organização… apenas 10 dos novos membros (menos de 5%) acederam a estar presente para receber o respectivo diploma… umas 30 almas se dignaram deslocar-se a Santarém (se não contarmos os funcionários da Ordem, nem convidados, seriam umas 20)… nem ao menos o anfitrião, Presidente do Conselho Regional do Sul…

Faltas notadas foram muitas… a saber: o Presidente da Assembleia-Geral, a Presidente do Conselho Fiscal, os Presidentes dos Conselho Regionais, os Presidentes das Assembleias Regionais… os Presidentes das múltiplas Associações Profissionais… dos candidatos da lista A nem sinal… da outra dois deles… de outras Associações de Direito Público, apenas uns, poucos, e ainda assim em representação…

Acaba por ter relevo o simpático discurso do presidente da Câmara local… em mais um dia do Médico Veterinário… até ao dia em que possamos ter um auditório para mil pessoas cheio, a abarrotar, para ouvir comunicação mais sapiente.

3 de outubro de 2008

CUMPRIR CALENDÁRIO?

O Manifesto da lista B, candidata às eleições para o Conselho Directivo (CD) e o Conselho Profissional e Deontológico (CPD), da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV), que se realizam no próximo dia 11, revela, se não a falta de ambição ou capitulação, um inqualificável acordo entre candidaturas.

Gostava de saber o que é que os candidatos António Morais e Virgínia Souto e Silva consideram uma clara expressão de “…intenção de mudança com a finalidade de aproximar a Ordem de todos os colegas e de, em conjunto, lutar pela promoção da classe e do serviço que esta presta à sociedade…”?

Parece-me que sendo cerca de 4.000 os membros da OMV, uma expressão clara seriam 50%, mais 1… ou seja, tudo o que ficar abaixo dos 2.000 votos será revelador da incapacidade das listas em conseguir tal objectivo.

Diria mesmo que, quanto mais aquém ficar o número de votantes, menor a resposta ao apelo expresso “…de determinação, abnegação e entrega, ética, deontologia e profissionalismo.”… e por isso da fragilidade dos projectos a sufrágio… ou não?

Gostava mesmo de saber que raio de “…disponibilidade para servir a classe…” é esta e que contributo “…para a democratização das decisões internas…” e promoção “…da imagem do Médico-Veterinário junto da opinião pública…” tem a lista B em mente, se os candidatos nem se dispõem a fazer campanha? Nem ao menos uma carta ou um postal para nossas casas, para além do correio subsidiado pela OMV, dando um ar da sua graça?

Quem não quer ser lobo não lhe veste a pele… para tanta frontalidade, transparência, presença e legitimidade, melhor seria dizer claramente que se sentem satisfeitos com a candidatura da Lista A… ou estarão apenas a querer uma quota no CPD e entretanto aguardar a possibilidade de negociar uma “lista de consenso” para o ano que vêm?

Não é isso que se pode deduzir do “…importa concentrarmo-nos num programa de trabalho…” para “…sobretudo abrir um espaço de diálogo e escuta formal antes de tomar decisões de fundo…”? ou mesmo de que o “…clima de autismo não aproveita ninguém, e a confrontação deve terminar agora dando lugar a um tempo de construção e abertura a caminhos de progresso.”?

Mas desde quando é que a confrontação é coisa má? Só quando em vez de argumentos se esgrime desprezo e atrevimento, como aconteceu em sucessivas Assembleias-Gerais.

Gostava de conhecer as respostas dos candidatos António Morais e Virgínia Souto e Silva e até o que os distingue da outra lista, pois não consigo perceber a sua disponibilidade “…para contribuir para o projecto da lista concorrente, se não merecermos a preferência da maioria…”, mesmo que solicitados para isso…

Se é apenas para cumprir calendário é uma decepção, se a intenções a prazo são outras então pior um pouco!