28 de janeiro de 2009

MV - PIB


Qual é o peso relativo da Medicina Veterinária, em Portugal, no PIB (Produto Interno Bruto)?

Saberão a Ordem dos Médicos Veterinários ou a Direcção-Geral da Veterinária estimar esse valor?

As perspectivas para a economia Lusa não são famosas...
O défice público fora estimado pelo governo em 2,2%, depois 3%, e mais tarde 3,9%, a Comissão Europeia estima-o em 4,6%.
O PIB, inicialmente previsto (sempre pelo governo) em +0,8%, foi depois corrigido para -0,8%, acabou por ser estimado pelo Banco de Portugal em -1% e pela Comissão Europeia para -1,6% (a revista Economist aponta mesmo para -2,0%).
A taxa de desemprego que, sempre o governo, esteve prevista para 7,7% e depois para 8,5%, atingirá os 8,8% segundo a Comissão...

Nestas circunstâncias interrogo-me sobre quanto destas percentagens atingirão a profissão veterinária.

Não sendo especialista (opss... cuidado que o termo continua envolto em polémica cá na nossa baiuca), sempre direi que seremos profundamente atingidos. Se é certo que na grande maioria dos casos estaremos dependentes da prestação de serviços, não é menos verdade que, em época de crise, esses serão os primeiros a ser sacrificadas pelos orçamentos das famílias.

O que poderá fazer a Ordem pela profissão? Alguns correm ao Estatuto para perceber os limites dessa intervenção... deixo aqui duas sugestões simples: o estabelecimento de um observatório que monitorize a situação (nada de amadorismos no esquema, para isso mais vale estar quieto) e de um banco de oportunidades que polarize as diferentes informações sobre projectos, estágios, empregos, etc. etc.

Em tempos de crise a imaginação é melhor que a sabedoria...

27 de janeiro de 2009

VISÃO ESTRATÉGICA

A Universidade Técnica de Lisboa cooptou os elementos externos do seu Conselho Geral, órgão responsável pela definição estratégica da Universidade, da qual faz parte a Faculdade de Medicina Veterinária de Lisboa.

“O conselho geral é um órgão de decisão estratégica e de fiscalização da universidade e é constituídos por 27 membros, sendo 14 representantes dos professores e investigadores, quatro representantes dos estudantes, um dos trabalhadores não docentes e oito personalidades não vinculadas à universidade.” informa o Público.

Vejam lá se conhecem alguém entre os elementos externos: Adriano Moreira, António Mexia, Francisco Avillez, João Gomes Esteves, João Cravinho, Maria Manuela Silva, Nuno Manuel Silva Amado e Zeinal Bava.

Gostava de conhecer o conteúdo das actas sobre o destino estratégico da velha Escola Superior de Medicina Veterinária (ESMV).

25 de janeiro de 2009

CSI VILA REAL

O cabeçalho da notícia da Lusa, revela como a Comunicação Social deforma os factos, desta vez no campo de intervenção da Medicina Veterinária.

Mesmo relevando o exagero da referência a duas décadas, dizer que a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) ajuda a investigar crimes contra animais, revela uma imprecisão grosseira, como aliás o corpo da notícia confirma.

Imaginem que, há 20 anos, se realizam necrópsias na UTAD... inimaginável. Suscita-me ainda muita curiosidade que necrópsias terão sido solicitadas pelo Ministério Público e se a colaboração se plasmou em pagamento dos serviços solicitados...

A confusão da “especialista” Maria dos Anjos Pires é expressa nas suas próprias citações... “Pode-se suspeitar do vizinho, mas, não havendo provas ou flagrante delito, ninguém é responsabilizado”... parece que os serviços da UTAD ajudam pouco.

O que a UTAD faz, faz o Laboratório Nacional de Investigação Veterinária (LNIV) e fazem o muitas outras instituições veterinárias, Oficiais e Privadas (há pelo menos um laboratório em Portugal que identifica muitos mais “venenos” que a UTAD)... onde está então a originalidade?

Queira a colega Maria dos Anjos Pires marcar uma diferença e, em vez da “publicidade” à UTAD, mande os nove “forenses” à Lagoa Azul, ajudar o Ministério Público de Sintra no inquérito aos animais mortos, eventualmente objecto de sacrifício em rituais transcendentais...

17 de janeiro de 2009

2009: ANO QUÊ?

O DISCURSO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA E A PROFISSÃO VETERINÁRIA

1. "Receio o aumento do desemprego"
A profissão Veterinária está manifestamente tolhida.
Os Serviços Oficiais não contratam ninguém. Em sectores cruciais, como a Inspecção Sanitária, pontifica a precariedade e a discricionariedade.
Os Médicos Veterinários práticos de animais de produção sobram para a política que tem conduzido à redução dos efectivos e à asfixia do sector.
Também a prática dos animais de companhia parece não ser melhor saída: a contratação de Médicos Veterinários por honorários miseráveis è prática generalizada.

2. "Portugal regista há oito anos consecutivos um afastamento do desenvolvimento médio da UE"
Que esperar para uma profissão que não está na linha da frente da produção de bens ou prestação de serviços de primeira necessidade, senão tempos difíceis?

3. "Devemos ser exigentes e rigorosos"
Um bom recado para todas as Instituições Veterinárias. Da Ordem ao Sindicato, passando por todas as Associações profissionais, da Direcção-Geral de Veterinária a todos os Estabelecimentos de Ensino da Medicina Veterinária.

4. "As ilusões pagam-se caras"
O crescimento exponencial do número de Médicos Veterinários que todos os anos entram no mercado de trabalho, só poderá trazer benefícios para a profissão...

O ensino tornou-se um negócio e não uma necessidade emergente da própria sociedade.

5. "Não tenham medo. O futuro é mais do que o ano que temos pela frente"
É a minha última esperança... Enfim 2009 é ano de muitas eleições.

REGRESSO A CASA

Conflitos sistemáticos de formatação (será do Mac?), dificuldades com o upload de ficheiros de imagem, complexo sistema de upload de fiheiros JPG e JPEG, entre outras irritantes situações no novo condomínio, justificam o regresso ao “velho” quarteirão da blogspot...

Porque se prevê a prazo a “venda pela melhor oferta” da morada na SAPO, o Conselho de Administração do “Veterinário precisa-se...” decidiu aqui reproduzir as postagens entretanto afixadas naquele endereço, com o pedido de desculpas aos comentadores dos mesmos.

TURNOVER

O conceito de rotatividade (turnover) não tem nada a ver com o mecanismo de gestão adoptado pela Direcção de Serviços Veterinários da Região Norte.
 
De facto, a rotatividade refere-se ao número de funcionários que entra e saí de uma organização/empresa num determinado espaço de tempo (termo que julgo ter raízes no Brasil).
 
Ora a notícia do "Diário do Minho", de 29 de Dezembro refere-se não à rotatividade mas à rotação de trabalhadores.
 
Esta rotação de trabalhadores numa organização visa o combate à rotina e à monotonia, permitindo que novos desafios, novas tarefas e novas oportunidades sejam oferecidas.
 
Trata-se portanto de mecanismo de gestão não aplicável à intervenção do Médico Veterinário Inspector (MVI).
 
O MVI desenvolve uma intervenção que requer uma formação académica superior, que não se repercute em actos manuais de mera rotina. O MVI tem um papel líder nos estabelecimentos de abate.
 
Propor que a ele se apliquem regras de rotação, equivale a desvalorizar a sua intervenção. Foi o que foi feito pela Direcção de Serviços Veterinários da Região Norte, com o aplauso da Associação de Matadouros e Empresas de Carnes de Portugal (AMECAP).
 
Que no programa de trabalho anual do MVI seja considerado um período de aproximadamente 10% (25 dias) para on-the-job training, uniformização de procedimentos e partilha de experiências, em outras unidades de abate, compreende-se, mas um esquema permanente de rotação conduz à quebra de procedimentos, impossibilidade de implementação de regras e condutas, desligamento dos objectivos centrais da própria Inspecção Sanitária.
 
Por isso duvido muito da bondade das declarações do presidente da AMECAP e desafio a Ordem dos Médicos Veterinários (OMV) a dar o seu parecer.
 
Do Sindicato Nacional dos Médicos Veterinários espera-se que peça esclarecimentos ao Ministro Jaime Silva sobre as iniciativas que tomou na sequência do pedido de averiguações formulado em Março de 2008.

CASA SONOTONE

1. A matriz estatutária da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV), aponta para uma estrutura descentralizada, que procuraria por essa forma, contrariar as circunstâncias existentes no início da década de 90: o poder de decisão muito centrado em Lisboa.
 
As quotas regionais obrigatórias à constituição dos Conselhos Directivo (CD) e Profissional e Deontológico (CPD), a existência de Conselhos Regionais (CR) e até uma certa autonomia de que gozam, é disso prova.
Volvidos 17 anos, constatamos que aquela matriz não evoluiu no sentido de aprofundar a descentralização da decisão e da acção, antes pelo contrário, caminhou exactamente em sentido contrário.
 
2. O CD, que se apresentou sob o lema "Ouvir para decidir", tomou decisões sem ouvir ninguém: a revogação do contrato de comodato das instalações da escola Superior de Medicina Veterinária (ESMV) e a adjudicação de auditoria interna às actividades do anterior CD, em especial na sua componente financeira.
Não está em causa a legitimidade ou até a bondade de tais decisões (mesmo que não concorde com elas), a questão que se coloca é outra: porque não ouviu o CD os CR? Nada que não se resolvesse com uma conferência telefónica de uma hora, depois de devidamente convocada e organizada para o efeito.
Quem ouviu então o CD para decidir?
 
3. O CD tem reunido e decidido apenas com o quorum mínimo isto é, sem a participação dos membros das áreas dos CR das regiões autónomas e da região Norte.
Poderão esse colegas até ter informação bastante sobre os processos em curso, mas temos que convir que para quem tanto jurou "Ouvir para decidir", tal nos parece bastante exíguo.
 
4. O CD propôs, no Plano de Actividades para 2009, a criação de um Conselho Consultivo.
Tal iniciativa não sendo mais que uma re-edição da velha ideia do primo Presidente do Conselho Regional do Sul, Ramalho Ribeiro e não sendo má só por isso, contraria uma participação mais descentralizada e eventualmente mais alargada.
Bem sei que falo antes de tempo: sem saber qual o regimento daquele "Conselho", mas tudo leva a crer que os CR jamais terão qualquer palavra a dizer, muito menos assento naquele órgão.
Temo pois que a escolha para conselheiros tenha por base critérios pouco claros e de conveniência. Irá incidir sobre eminências que do mundo real, onde se move a profissão, sabem muito pouco e do qual terão uma visão muito domesticada e estéril.
Temos pois que este Conselho se torne apenas numa caixa de ressonância do "politicamente correcto" e não uma referência da profissão. Aliás a criação de uma Conselho não tem fundamento estatutário. Deveria o CD, quanto muito, criar um ou mais grupos de trabalho para temas específicos, constituídos por colegas indicados por diferentes sectores e em sintonia com a opinião dos CR.
 
5. Poderia, infelizmente, continuar com outros exemplos de negação do aprofundamento da democracia, da descentralização e da participação, na matriz estrutural da OMV, mas fico-me por aqui.
É que o lema "Ouvir para decidir" foi precisamente proclamado por uma candidatura que, manifestamente, depois de eleita começa a revelar preocupantes sintomas de surdez.

2008: UM ANO PARA RECORDAR

1. OMV - CRISE INSTITUCIONAL

No seio da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV) viveram-se situações únicas, para não dizer caricatas, que resultaram no último sopro do "sempre" Bastonário, Cardoso de Resende; no desacerto de ideias sobre o futuro da Organização; no total alheamento dos seus membros...

Guerras jurídicas que explodiram como pólvora seca, posicionamentos criticáveis de todos os lados, ética e princípios às malvas, enfim um enorme desvario.

Organização entorpecida, sistematicamente esquecida pelos poderes públicos, apoucada no seu papel institucional e pouco reconhecida como tal pelos seus membros.

A crise que atingiu a OMV poderá ser vista como um incêndio que rejuvenesce. Resta saber que sementes despontarão agora.

Um coisa é preocupante: ainda ninguém ter reflectido sobre as razões do que aconteceu. Mesmo que o carácter pessoal do anterior Bastonário possa ser invocado, tal não é suficiente para explicar tudo o que se passou.

Parece-me incrível que uma trapalhada, com base numa leitura diversa dos Estatutos, não tenha inexoravelmente conduzido, pelo menos, a uma proposta de interpretação esclarecida.
 
2. SNMV - A IMPLOSÂO

O Sindicato Nacional dos Médicos Veterinários (SNMV) sobrevive com dificuldade. O natural ensombramento pela OMV começou a concretizar-se.

A crise afectou de sobremaneira o SNMV. Os Médicos Veterinários, a começar por aqueles que deveriam reconhecer os méritos do Sindicato, até por terem beneficiado directamente da sua intervenção, viram-lhe as costas; a OMV, a quem caberia privilegiar a cooperação institucional, esqueceu as suas responsabilidades; sem se entender muito bem, aqueles que mais precisariam pedem a demissão de sócios e refugiam-se no conforto de advogados oportunistas (tal como muita boa gente recorre à bruxa em situações emocionais descontroladas)...

Não vale a pena entrar em paranóia e começar a apontar culpados. Seria fácil demais crucificar o "Presidente" Edmundo Pires e julga-lo como responsável pela situação. As razões da crise do SNMV são muito mais profundas e requerem uma análise ponderada.

Julgo que a actual direcção manterá a cabeça fria e encarará a situação, introduzindo as novidades na actuação do SNMV que as circunstâncias exigem, na consciência de que não há formulas mágicas, apenas dedicação e trabalho eficiente.
 
3. CAMV - A EXPLOSÃO

Os Centros de Atendimento Médico-Veterinário (CAMV) continuaram a florescer um pouco por todo o lado. Não há cidade de dimensão média que não se orgulhe de um Hospital e várias Clínicas ou vila ou cidade pequena que não tenha 2 ou 3 Clínicas e Consultórios.

Nalguns casos fizeram-se investimentos de bradar aos céus. Não é preciso ser economista para perceber que o serviço financeiro de tais investimentos jamais será recuperado. Os casos de concorrência desleal ou pelo menos de concorrência selvagem são o dia-a-dia.

Esta enorme bolha vai rebentar um dia. Chamem-me profeta da desgraça se quiserem, mas não deixem de considerar como dados objectivos os indicadores económicos que enfrentamos: défice a 3%, crescimento do PIB de 0,1% e desemprego para lá dos 8%.

Houve, contudo, estruturas que nasceram da cooperação entre colegas e com o sentido de profissionalizar a intervenção, sendo por isso de aplaudir. Essas estarão em melhores condições para suportar a crise, constituindo exemplo de cooperação e economia de escala a encorajar.
 
4. SVO - UM SENÃO

O alicerçar da verticalização dos Serviços Veterinários Oficiais (SVO) revelou tiques de arrogância a nível regional e local, apesar de tudo dificilmente previsíveis.

Na ausência de planeamento estratégico credível os SVO não encontraram a sua identidade. Registam-se sobreposições de competência com outras entidades, sejam os Municípios, seja a própria Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE). Faltou sobretudo uma linha de rumo bem definida e coerente, que incluísse uma cooperação institucional mais aprofundada com outras entidades públicas e privadas.

As pouco esclarecidas decisões sobre a organização dos Serviços de Inspecção Sanitária; a condução errática dos programas de Saúde Animal; a ausência do projecto europeu da Semana Veterinária e da divulgação da política europeia para o sector; o desmembramento da estrutura privada que executa os programas de controlo e erradicação oficiais; as confusões com os cães perigosos e a gestão da identificação dos animais de companhia; as trapalhadas com o controle da Febre Catarral Ovina, são exemplos do que disse.

Soube contudo, o Director-Geral, Agrela Pinheiro, estar, quando necessário, manter o projecto de verticalização e ancorar no Ministro da tutela o necessário apoio político. Apesar de tudo, mostrou, sem sobressaltos e em momentos decisivos, estar por dentro das situações, conhecer bem os dossiers (como habitualmente se diz) e tomar as decisões convenientes a uma gestão eficaz.
 
5. UMA PROFISSÃO ÚNICA, MESMO ASSIM.

Foram muitas as personalidades, referência na profissão, que deixaram de estar entre nós. Pode ser até que esta percepção não corresponda à realidade (o avançar na idade tem destas coisa), mas diria que neste particular 2008 não nos poupou. Saibamos ser dignos do legado que nos deixaram.

Em diferentes sectores sociais e profissionais a Veterinária está presente, das artes às ciências, deslumbrando e atraindo a comunidade, pena que falte estimar e dignificar esses valores.

Na blogosfera são vários os exemplos da generosidade dos Médicos Veterinários, revelando uma profissão viva e disponível. Não posso deixar de referir o bom humor do Vetvelhaco, o diário da colega Ana em terras de Sua Majestade, a irreverência dos futuros colegas da UTAD, sem esquecer a nossa vizinha Alma, com um interessante editorial.

PALAVRAS PARA QUÊ?

Múltiplas actividades impediram-me o comentário que só agora aqui fica.

O Plano de Actividades da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV) para 2009, foi aprovado com uma alteração (o Conselho Directivo diligenciará no sentido de procurar uma nova sede para a OMV) e 2 votos contra.

HIPÓTESE NULA

Fotógrafo: Estúdio Mário Novais, 1933-1983.
Data aproximada de produção da fotografia original: 1975-1988.
in Galeria de Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian


1. Confesso... sempre que numa reunião, assembleia ou grupo de trabalho, todos os participantes estão de acordo e nada adiantam ao assunto em discussão (particularmente em temas relevantes), limitando-se a anuir com um balancear de cabeça, sinto-me imediatamente impelido a assumir o contraponto.
 
Espírito de contradição, dizem alguns... será, não contesto, mas prefiro refugiar-me no vício estatístico da hipótese nula...
 
Guardei das lições de estatística aplicada à epidemiologia que, a impossibilidade de demonstrar uma hipótese como verdadeira (mesmo que provável), prova que a mesma é falsa.
 
Foi (também) por esse motivo que, quando todos os presentes na última Assembleia Geral (AG) da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV) desataram a desancar no contrato de comodato materializado no edifício da Escola Superior de Medicina Veterinária (ESMV), ainda por cima de forma sublinhada com trejeitos e esgares de superioridade intelectual, imediatamente "aplaudi" quem soube trazer à discussão uma visão diferente sobre a matéria.
 
Aliás, este espírito de recusar certas obras por questões de princípio ou outras mesquinhas questões, seja por falta de abertura mental, desconfiança ou simples imobilismo, é um mal bem lusitano.
 
2. A possibilidade de ter, bem no centro de Lisboa, um local privilegiado, com espaço (até para estacionamento), albergando salas para reuniões, seminários e workshops, alojando outras Associações Profissionais, a começar pela própria Sociedade Portuguesa de Ciências Veterinárias, que foi, salvo erro, a primeira a ali se instalar, com espaços equipados para o desenvolvimento de acções de formação de qualidade em parceria com os estabelecimentos de ensino de Medicina Veterinária, seria um ganho para a profissão. Tal possibilidade não foi demonstrada como falsa.
 
Não acredito que o "Estado" se opusesse a um projecto que permitiria reabilitar uma zona da cidade semi-abandonada, até por permitir, concomitantemente, complementar o projecto com a edificação de zona residencial de qualidade, na área remanescente do espaço ocupado pela antiga ESMV, sendo por isso também um ganho para a cidade de Lisboa. Tal possibilidade, também não foi demonstrada como falsa.
 
O argumento de que ali "estamos", vai para 75 anos, também não é assim tão despiciendo quanto isso, existe de facto um "valor emocional" associado à profissão Veterinária que poderá ser esgrimido a favor. Tal argumento também não foi demonstrado como falso.
 
3. Olhar para o problema, como o fizeram pessoas responsáveis na AG, do Tesoureiro do Conselho Directivo, à Presidente do Conselho Fiscal da OMV, pelos antolhos jurídicos de um contrato de comodato, parece-me pouquinho... já para não dizer que revela ignorância sobre o significado legal de comodato.
 
Para além do património histórico que a profissão pode e deve reivindicar, estamos a um par de dias de eleições autárquicas e por isso deveríamos questionar politicamente os candidatos, e potenciais candidatos, sobre o que pensam do projecto de reabilitação do espaço onde era a ESMV, pois que o mesmo trará um ganho objectivo para a cidade de Lisboa.
 
Fazer comparações grosseiras, como foi feito, sobre a decisão de deixar a sede na R. Victor Cordon, é que me parece de quem nem sequer alguma vez entrou naquela instalação: o actual arquivo e armazém da OMV não caberiam lá sequer!
 
4. Suponhamos que tudo isto não passa de facto de uma utopia clintoniana... mas quantas utopias não se tornaram realidades na nossa curta existência? Para não ir mais longe... a blogosfera, há 15 anos, era, não uma utopia, mas pura ficção científica.
 
Os descobrimentos lusitanos foram uma utopia, os Estados Unidos da América foram uma utopia, a "conquista" da Lua (e agora Marte) foi uma utopia, a criação da União Europeia foi uma utopia... e a simples recuperação do edifício da ESMV para os Médicos Veterinários é uma impossibilidade? Tenham dó...
 
Admitamos ainda assim (hipótese nula), que tal é de facto impossível... lutar por aquele espaço não nos deixaria, em qualquer das circunstâncias, em melhor posição para negociar, com o "Estado" um qualquer outro espaço na cidade de Lisboa?
 
Se somos nós próprios a abandonar o local sem qualquer resistência de que boas vontades estamos à espera, e de quem, para negociar uma alternativa?

A VIDA NUM SOPRO


“A Escola Superior de Medicina Veterinária [ESMV] era aquilo que os amantes das palavras pomposas designavam por instituição vetusta. Nascera em 1830 com o nome de Real Escola de Veterinária, mas deixara de ser Real poucas décadas depois, talvez num acto de premonição do fim da monarquia. Era já uma instituição centenária, mas funcionava agora em instalações acabadas de erguer [1934] na Rua Gomes Freire. Na verdade, o edifício era tão recente que o cheiro a tinta fresca ainda vagueava pelo ar, apesar de nesse dia o aroma dominante ser o da insurreição.”
 
Assim se refere José Rodrigues dos Santos à velha ESMV, no seu último romance “A vida num sopro”, onde estudou uma das personagens centrais da história: Luís Afonso.
 
Afinal estamos a falar do mesmo edifício que o actual Conselho Directivo da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV), numa perspectiva jurídica muito estreita, diz jamais puder ser da profissão e que alguns Médicos Veterinários com responsabilidades renegam como interessante para a OMV… Curiosa coincidência esta d’ “A vida num sopro” se referir à ESMV em termos bem mais emotivos que muitos dos Veterinários que por lá passaram e lá ensinaram… lá saberão das razões!

CONDOMÍNIO FECHADO II

A "convite" da "blogs.sapo", o "Veterinário precisa-se..." mudou-se de armas e bagagens para estas paragens. Aos que gentilmente anotarem a nova morada e passarem a visitar-nos por aqui, a nossa deferência...

A mudança de ares acompanha-se da introdução de uma nova regra básica para quem desejar retorquir qualquer da opiniões expressas... comentários anónimos ficam pendentes da moderação do administrador, outros, desde que expressas por "clientes"  registados nos blogs do sapo, são apresentados automaticamente.

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Saúde!