18 de outubro de 2007

“AS SOLUÇÕES ESTÃO AO NOSSO ALCANCE”?

Sugere o Bastonário, em modo imperativo, que das indicações do Estudo da Imagem Social dos Médicos Veterinários, se desenvolvam actuações tendentes a introduzir as necessárias correcções.
Por outras palavras diagnóstico na mão, parta-se para o tratamento.

E acrescenta, “Desde logo a Ordem, que embora já desenvolva muitas das iniciativas as deve reforçar e enriquecer, já que por essa via pode e deve potenciar outras medidas”.

Neste editorial (revista da OMV nº 46), não refere contudo o que a Ordem já desenvolve e como o vai reforçar. Muito menos como é que essas iniciativas vão potenciar outras, e que outras.
Como em muitas circunstâncias, o “discurso” é denso e enigmático, permitindo várias interpretações, as quais, ao sabor da empatia do leitor, permitem pensar numa coisa ou no seu oposto.

Avança, no entanto três linhas de actuação.

A primeira de unidade na acção de todos os órgãos da Ordem (“…toda, mas toda a estrutura da Ordem, esteja organizada…”) para uma intervenção qualificada, pedagógica e em permanência junto do Estado, Agentes Económicos e Consumidores.

A intenção é boa e aliás verdadeira para muitas outras situações, contudo não se percebe bem como… se o maestro da orquestra não se pautar por essa batuta.
Era necessário que o Bastonário passa-se a ouvir o que outros têm para dizer, era necessário que as reuniões inter-conselhos debatessem realmente os desígnios da profissão e apresentassem estratégias, era necessário discutir com seriedade em reuniões sectoriais (regiões e sectores da profissão) o que queremos para o futuro.

A não ser assim o que o Bastonário nos pede é obediência a tudo aquilo que dimane do Conselho Directivo… podia o Conselho mudar de nome para Comité Central.

Apenas um exemplo a acompanhar no futuro muito próximo: o que é que o Bastonário e o Conselho Directivo vão fazer com o contributo dos Conselhos Regionais (e dos colegas de um modo geral) para o projecto de Regulamento de Formação. Seria uma excelente oportunidade para por a Ordem a fazer um pouco de jogging e transpirar alguma filosofia e princípios de actuação, em vez do habitual espectáculo de wrestling das Assembleias-Gerais.

A segunda actuação “exigida” aos profissionais refere-se a uma maior abertura na intervenção junto dos utentes e uma aproximação a outras profissões no âmbito da higiene e segurança alimentar.

Mas os profissionais já assim fazem, pelo menos no sector privado os exemplos de abertura e cooperação com outras profissões no domínio da higiene e segurança alimentar são muitos e isso sabe-se na Ordem. Onde exactamente se poderia promover uma atitude diferente seria no Serviços Veterinários Oficiais, onde uma verticalização autista vem pondo cada vez mais em causa essa possibilidade de cooperação. Mas sobre esta actuação dos Serviços Veterinários se abateu um manto de silêncio… ensurdecedor… ou já nos esquecemos do vigor com que o Bastonário, por bem menos, denunciou a ineficiência dos Serviços Veterinários?

Em terceiro lugar o bastonário deixa um recado para as enigmáticas “entidades ligadas à formação dos Médicos Veterinários”: olhem o mercado de trabalho. A referência parece totalmente legítima mas não o será, pois quem “vende” formação vendo o que o formando procura e não exactamente o que os Médicos Veterinários procuram ser a sua esfera de influência. A este nível caberia à Ordem um patrocínio diferente que, até hoje, tem sido inexistente: a promoção do papel do Médico Veterinário

Foi um apelo à Unidade que sempre se aplaude, vejamos como é que o Bastonário dá o exemplo.

7 comentários:

Anónimo disse...

Estamos a fugir ao essencial

Concordamos todos que o diagnóstico está feito só falta aplicar as mesinhas.

A grande droga é que nos habituámos a arranjar sempre alguém que leva com as culpas, de preferência longe de nós(o bastonário, a Ordem , os
Serviços, os clientes, o patrão, o colega e por aí fora, até aos políticos) é a gaita de no fim a culpa morrer solteira.

Se é assim não vamos lá. O bastonário até já deu o mote. Não chega?
É preciso também que dê o exemplo?

Continuamos na expectativa, não é?
Então esperem enquanto outros vão fazendo pela vida

Sovet

Clint disse...

Isso é conversa... as responsabilidades são diferentes e o Bastonário tem um mandato a cumprir.
Pede-se coerência agora que o mote foi dado... é que gato escaldado de água fria tem medo.
Dar o mote já não é mau, mas para aquilo que a profissão necessita é infinitamente insuficiente.
Já aqui deixei uma opinião mais aprofundada ("A tentação do poder"), continuo a responder pela positiva e sempre, por isso não abdico do direito à crítica sempre que os processos do Comité Central não me convencerem... até que me expulsem por delito de opinião... era o que faltava.

Anónimo disse...

o outro bem dizia:

-este é o CLINT...óris

vamos mudar esta trampa!!!!

águas turvas @ na ordem

Anónimo disse...

A desconversa?!

Quando as dicas não são favoráveis lá vem a treta da conversa ou a conversa da treta.

Em vez de conversa se avançássemos com actos, talvez houvesse alguma moral, agora criticar por criticar é uma desporto nacional.

Não que não haja direito à critica, pelo contrário, mas faça-se alguma coisa para dar substância e sobretudo o cotejo com a contrapartida, para ver se nos serve.

Entendamo-nos, penso que o bastonário tem MUITO MAIS obrigações que nós, agora estar-lhe a pedinchar tudo e responsabilizá-lo por tudo é que me parece pouco sério.

Palavras suas do tal escrito a respeito do que pensa ser o isolamento do Bastonário e de quem lhe seguirá.

" Mas quem surge com nível e elevação a essa sucessão? Ninguém! A Ordem passa por profundos problemas que terão que ser resolvidos, sob pena do poder político chamar a si a regulação da profissão, já que ela não se sabe regular a si mesma.

Um dos problemas é o da credibilidade e respeito. Não é possível granjear esses valores se os pretendentes ao poder não souberem ser credíveis e ser respeitados."

É isso mas aplicado no dia a dia e não ter um verbo catrastrofista e de velho do Restelo.

E é também seu este naco:

"É necessário diversificar as actividades chamando à vida associativa os colegas mais novos. É necessário um maior entrosamento entre o mundo escolar e o mundo profissional. É muito importante que a Escola se projecte na Ordem, sejam quem forem os dirigentes, e que encoraje a participação associativa."

E a terminar

"Credibilidade e Respeito, Participação e Cooperação da maioria dos Veterinários e Identidade e Autoridade, parecem-me ser três vectores fundamentais para colocar a Profissão de novo no bom rumo… Ou desaparecermos como Classe."

Então em que ficamos?

E não cito mais porque
Palavras e mais palavras por melhores que sejam as ideias, ficam-se por isso mesmo, palavras e essas o vento trata delas.

Obras meu Senhor, Obras.

Sovet

Almavet disse...

Comité Central?!

Gostei dessa pelo mote inspirador num certo sector politico que denota.

Considero que é uma jocosidade falhada, tanto quanto dizer-lhe que é um "pregador no deserto", por ser inútil e até falso.

Será que tem alguma frustração de não estar incluído naquele órgão da Ordem.Não concorda, diga com quê e porquê e qual a saída.

Chame-lhes antes, incompetentes, antidemocráticos, demagogos, provando claro!.

Clint disse...

Querida Alma,

Foi o que eu fiz, disse com o que não concordo e disse qual a saída:

1 - Que o Bastonário ouça mais os colegas (escute e entenda as razões). Como? ouvindo... promova reuniões com os colegas no e do terreno... há sempre quem não venha, mas não faz mal. Mas que faça alguma coisa com a informação e o sentir recebido.

2 - Que o bastonário nos diga como é que se ultrapassa a falta de diálogo com os utentes (clientes) dos serviços veterinários... ou não se sabe que os serviços veterinários oficiais pouco conversam com os produtores e consumidores? Nem sempre? Pois não, mas essa não é a regra.
A OMV pode promover essa comunicação. Como? Estabelecendo uma estratégia para o efeito, começando por dizê-lo onde isso deve ser dito, junto do Sr. DGV, ao invés de mandar recados para os membros da Ordem, que a título individual, dentro de uma organização do Estado pouco poderão fazer.

3 - Que a OMV promova o papel do Médico Veterinário. O Bastonário não quer gastar dinheiro com uma campanha publicitária... lá terá as suas razões, mas então como pretende a fazer? Cá por mim era mesmo para a campanha de publicidade que eu ia... discreta mas persuasiva.

Se isto não são razões e se não apontei para sugestões... então cara Alma... não sei o que poderá ser.

Anónimo disse...

O problema é que o Bastonário não tem "publico" fora dos muros da Gomes Freire e como tal é incapaz de mobilizar seja o que for ou seja quem for.
Delibera intra muros sem perceber que está perfeitamente isolado duma profissão que pura e simplesmente o ignora (há tantos exemplos disto)e alguns até dele se envergonham.