29 de dezembro de 2003

SEM PERIGO PARA O CONSUMIDOR

Sou do tempo em que o valor de indemnização por abate compulsivo de suínos atacados por Peste Suína (Africana ou Clássica… tanto fazia… se bem me lembro…) era estabelecido trimestralmente por uma comissão especialmente constituída com esse fim.
Vêm a recordação a propósito do caso de Doença Vesiculosa dos Suínos, pois que, em tempo de crise, até uma indemnização, mesmo por doença, é melhor que nada.
Noutros tempos, a curva do preço da carne de suíno acompanhava não apenas o fluxo de oferta/procura, mas também o da taxa de mortalidade causada pela PSA.
Havia mesmo quem se dedicasse à actividade ou a abandonasse, em função desse preço e também, por esse motivo, influenciasse essa subida e essa descida de preços.
Como vão longe esses tempos. Agora tudo corre bem melhor: a produção está organizada, há sinais claros da integração do sector e até a bolsa do Porco é factor determinante, sem falar da mudança de atitude dos produtores.
Estará? Até que ponto poderá existir alguma relação entre a rentabilidade económica de uma exploração, os investimentos obrigatórios em tratamento de efluentes ou o impacto da falta desses cuidados na opinião pública e o aparecimento súbito de doença contagiosa?

Provavelmente nenhum… nem esse será o cerne da questão, mas antes o profissionalismo dos Serviços na condução de todo o processo relacionado com a ocorrência, de que o Correio da Manhã fez eco, nomeadamente pela inclusão de texto esclarecedor da Autoridade Regional.
Infelizmente a versão online do artigo é "menos rica" que a versão em papel, contudo, ainda assim subjazem considerações interessantes:
- Alguém está em alerta máximo e as condições sanitárias estão todas reunidas. Que alerta é este? Faz parte de algum protocolo de procedimentos de emergência? Consubstancia-se em quê? E que condições são aquelas?
- Antes de entrarem no matadouro os animais são submetidos a controlos rigorosos. Normalmente não é assim? E que controlo é esse? Inspecção Sanitária ante mortem? Quem e onde é realizada essa Inspecção Sanitária?
- Animais doentes não vão para abate. Se é no matadouro que ocorre a Inspecção Sanitária ante mortem, o que acontece aos animais em caso de doença clínica? É que os riscos de contágio relacionado com a circulação de animais são inevitáveis depois de chegarem ao matadouro!
- Não existirá nenhum problema de saúde pública nem razões para deixar de consumir esta carne. Pelo texto fica a dúvida… Com a necessidade de tanto rigor no controlo, alguma razão haverá para dúvidas. E o problema não existe porque não vão animais doentes para abate ou porque a doença não afecta humanos?
- Foram adoptadas medidas profilácticas para evitar o contágio. Quais? O sequestro sanitário? O abate sanitário? Nesse caso como é que os animais circulam para os matadouros?
- Por ser uma doença muito confundível com a febre aftosa, foi decidido o abate dos 1600 suínos existentes na exploração de Chãs, como medida cautelar. Medida cautelar? Mas acautelar o quê? O risco de febre aftosa ou o debelar da doença vesiculosa?

Para muitas das interrogações, as respostas estão implícitas no texto, para o Médico Veterinário, todas as respostas estão lá (mais ou menos), mas para o comum dos leitores do Jornal muitas dúvidas subsistirão. Era preferível não enviar nada para o Jornal ou melhor ainda, dar a vez a outros melhor preparados para elaborar esse memorandum.
Basta acompanhar o que se passa nos EUA com a BSE, para perceber a diferença de atitude dos Serviços Veterinários respectivos...

27 de dezembro de 2003

AGRICULTURA EM COMA

Mesmo nos países ditos ricos a agricultura está mais ou menos em crise, apesar da população mundial continuar a crescer exponencialmente e haver tanta fome por este mundo fora.
Os agricultores que ainda não se afundaram definitivamente devem o facto aos subsídios proporcionados pelos governos respectivos, subsídios que desde a sua adopção, há anos, logo distorceram as regras do Mercado Livre, regras que aqueles mesmos governantes não desejavam distorcidas...... Coisas de político!
Por outro lado, também há que realçar dois outros factores que, de certo modo, são responsáveis pela grande diferença, em termos concorrenciais, entre a agricultura praticada nos países ditos ricos e a praticada nos países ditos em desenvolvimento. Um deles é a dimensão da área agricultada – nos países ricos a agricultura que concorre não é a praticada em minifúndio – O outro factor respeita à Unidade de Trabalho (UT) que nos países ricos é constituída por um “Trabalhador Instruído”, ou por uma Equipa constituída por trabalhadores capazes de potenciar as actividades de cada um deles, enquanto nos países mais atrasados os trabalhadores, em geral, não são instruídos e muito menos capazes de potenciar seja o que for.
Não admira, portanto, que no nosso país, grande parte da agricultura esteja perfeitamente moribunda. Acresce ainda o facto das nossas UT terem envelhecido sem substituição nem sequer por outras unidades similares, o que revela, mesmo depois da adesão à UE, a ausência duma estratégia para a agricultura nacional a despeito dos “fundos” que nos foram facultados. Mais uma vez – tal como aconteceu nos tempos da Índia, do Brasil e das Colónias em África – os fundos “importados” não foram aplicados de forma a produzir riqueza na área do Conhecimento..... Coisas de político!
Neste contexto, a nossa agricultura não sobreviverá a esta crise a não ser na mão de algumas UT e mesmo assim se forem capazes de grandes sacrifícios, o que se afigura pouco provável dado o facto do homem lusitano ser muito pouco propenso a sacrifícios sem usufruir imediatos benefícios.
Como os governos também não tiveram uma estratégia para a Educação – onde este aspecto e outros próprios do carácter do homem lusitano pudessem ser objecto de alguma mudança – cremos que, em termos gerais, até aquelas aberrantes UT sucumbirão, mais tarde ou mais cedo.
Muitos outros comentários não deixariam de ser oportunos! Compare com o que se passa no país vizinho, por exemplo.
Se concorda com o que dissemos, por que não comenta? Ajude a melhorar. Alguma coisa do que se diz pode ajudar a mudar, tanto mais que se perfilam mudanças na Administração Pública. Em termos práticos já viu coisa mais aberrante que as Direcções Regionais de Agricultura? Coisas de político!

26 de dezembro de 2003

THE AMERICAN BEEF

Há mesmo BSE… até os americanos têm… enfim, vamos começar a conviver com ela, agora que já aprendemos a controlá-la... Esta sim uma verdadeira arma de destruição massiva.
Mas nós temos uma arma bem mais poderosa… o terrorismo anti-inteligência (tiro o chapéu ao Victor Rodrigues e à sua "Ordem estupidológica", deixando o meu modesto contributo): a Federação dos Comerciantes de Carnes tirou-nos um peso de cima… podemos estar descansados pois Portugal não importa carne dos EUA… e se importasse? Haveria algum problema? Parece que sim… quer isso dizer que para a Federação dos Comerciantes de Carnes não devemos comer carne de vaca? É que só este ano já vamos em mais de 100 casos diagnosticados… em Portugal Continental (não confundir com Pirelli…)
Também não é para estranhar… um dos terroristas de serviço no governo (terrorismo anti-inteligência… nada de confusões com al-quaedas ou outras), afirmou há tempos que estes casos todos se deviam ao facto de Portugal estar em vigilância activa da doença…
Diz-se tanta barbaridade sobre o assunto… porque não ouvem quem devem? Aqui na blogosfera espera-se um comentário do médico de serviço, assim como do homem da faca)… só mando palpites lá mais para o ano novo… é que ainda estou a ler as últimas da USDA-APHIS

Há.......................AH!

- 60.000 Automóveis em circulação sem seguro e 10.000 roubados a circularem por aí?
- 30.000 Crianças maltratadas?
- Lotas nem sempre com inspecção sanitária?
- Milhares de estabelecimentos comerciais sem alvará, ou com licença a título precário durante demasiado tempo?
- Milhares de prédios sem licença de habitabilidade, mas já habitados?
- Água de abastecimento público, em muitas aldeias, vilas e cidades, imprópria para consumo?
- Falta de saneamento básico aqui e ali?
- Milhões e milhões de euros de dívidas ao Fisco e à Segurança Social?
- Matadouros sem condições para um exercício de inspecção adequado à defesa da Saúde Pública?
- Falta de conservação e manutenção de estruturas?
Somos atrasados!
Que importância tem tudo isto se estamos na U.E., dirão alguns? Mas não deixaria de ser interessante, dizemos nós, avaliar-se em profundidade a civilização terceiro-mundista em que uns quantos estrebucham, outros chafurdam e a maioria nem sequer se dá conta, ou não lhe dá a devida importância, apesar das funestas consequências debitadas permanentemente. Estamos na cauda da Europa......
Somos atrasados!
Se considerarmos a vivência de séculos que temos como Nação, não é possível deixar de reflectir sobre tudo isto e espantarmo-nos com a falta de interesse por parte de alguns dos cidadãos mais instruídos em exigir que os seus direitos sejam respeitados.
Somos atrasados!
Visceralmente somos tão pouco eficientes que, na maioria das situações, não se estabelece um programa de luta bem estruturado e, muito menos, uma estratégia, mesmo sabendo que, em certos casos, para obter resultados é necessário actuar-se durante mil anos...... Em vez disso, os governos optam por pôr em prática processos de combate contra as consequências dos males que nos afligem deixando para uma próxima oportunidade a luta contra as causas..... Os políticos actuam como os “soldados da paz” que combatem os incêndios (consequências) porque não podem combater as causas.
Será que não estamos atrasados?
Vá, comente, participe! Faça algum esforço; faça ouvir o seu protesto para que venha a ser possível vivermos num país melhor!

25 de dezembro de 2003

NINGUÉM É POBRE SENÃO DE JUÍZO

Segundo um estudo da Comissão Europeia (“Um Quinto dos Portugueses Vive em Risco de Pobreza e Exclusão Social“), um em cada cinco portugueses vive em risco de pobreza e exclusão social, o que nos dá o "honroso" penúltimo lugar na Europa.
Considera, ainda, a Comissão Europeia, mau grado as influências da situação económica e a vulnerabilidade de certos grupos da população (desempregados, mães solteiras, famílias numerosas, pessoas sem escolaridade, sem abrigo e imigrantes), que a reversão da situação obriga a um maior investimento na educação.
Também no abandono escolar Portugal é campeão na EU: 45% dos jovens entre os 18 e os 24 anos deixam a escola e não seguem qualquer formação.

Ora estes dois indicadores são algo tenebroso para o futuro próximo: como é que um indicador tão mau poderá ser modificado se a solução reside num sector, cujos indicadores são ainda piores?
Com tanta gente capaz no governo não acredito seja difícil gizar uma política que trave aquela "cruz da morte". Estou mesmo em crer existirem cabeças educadas e gente rica, capaz de nos dar a solução, afinal ela está debaixo do nariz.
Escola… desde o Jardim-de-infância, exigente e disciplinada, gente educada e profissional e numa dúzia de anos daríamos uma forte machadada na pobreza.
Antes disso será necessário e fundamental dar uma machadada na pobreza de espírito dos decisores que não querem mirar esta evidência.

Realmente ninguém é pobre senão de juízo, mas se não erradicarmos essa pobreza, passaremos os Natais, inevitavelmente, a acartar cabazes para os novos pobres… Bom Natal!

24 de dezembro de 2003

PARA PÔR NO SAPATINHO

Não vá o diabo tecê-las, já pus as galochas de ir à pesca à beira da lareira, e para todos os alambazados e sequiosos leitores, incluindo Inspectores Sanitários a trabalhar em dia de Natal, aqui fica a minha prenda:
PAULA REGO – OBRA GRÁFICA COMPLETA
Por Thomas Gabriel Rosenthal,
Edição CAVALO DE FERRO,
Tradução de Nuno Batalha,
Pela módica quantia de 98 euros.

A obra já tem uns dias de lançamento e quem teve a sorte de visitar a Galeria 111, teve a oportunidade de apreciar alguns dos quadros ao vivo.
Perguntará o curioso Veterinário… qual a razão de ser desta prenda?!...
A resposta não é fácil para o aculturado leitor a quem o nome Paula Rego nada diz… para quem a "conhece", ainda que superficialmente, saberá identificar na natureza obsessiva dos trabalhos e na crueza erótica das personagens, muito da vida do Médico Veterinário, particularmente o de província… convivendo com gente rude, mas real, sem maquilhagem e por isso também verdadeira, sem filtros… saberá reconhecer os sentimentos que as obras infligem, da mesma forma que nos fustiga a chuva, o vento, o frio ou o Sol abrasador, no monte, de volta com um animal doente.

No livro de Paula Rego revemo-nos, por vezes de forma incisiva e chocante, nos sentimentos… As suas "histórias", são muitas vezes, as nossas próprias histórias!

23 de dezembro de 2003

SEQUENCIAM-SE GENOMAS!

Responder a este apartado!

Contam-se por dezenas os genomas já sequenciados, entre eles o do Homem e mais recentemente o do cão.
Mesmo para quem aprendeu no Liceu fenómenos da divisão celular (mitose e meiose), que poucos anos depois se vieram a revelar errados, continua a ser surpreendente a forma como os diversos genomas vão sendo sequenciados.
Depois da invenção do fecho éclair nada parece mais simples e semelhante.
Fortemente financiados por empresas multinacionais e capitalistas (regra geral americanos), os consórcios científicos continuam activamente a deslindar as sequências de bases aminadas do ADN de tudo quanto é animal.
As aplicações são diversas, desde a cura do cancro até às múltiplas doenças de natureza genética… desconfio que no futuro bem poderá criar-se uma humanidade emocionalmente padronizada, em função do gosto político vigente, pela selecção "correcta" dos genes.

Será que o Homem lusitano apresenta algumas particularidades genómicas dignas de nota?
Era uma sorte! Passávamos já à acção, através da captação de "fundos comunitários" (estúpida designação que entrou no nosso léxico com uma dinâmica incrível…), no âmbito do quadro comunitário de uniformização genómica (QCVG), naturalmente com versões I, II e III.
Poderíamos passar mais uns anos a viver à custa do Orçamento Comunitário, lamentando o nosso secular atraso genómico, procurando, dessa forma, alcançar os modernos padrões europeus, sempre chorando sobre o leite derramado por Viriato, Afonso Henriques, o Mestre de Avis, e todos os incompetentes antepassados que não souberam "dar aos genes".

Afinal 25% do nosso material genético é partilhado pelo cão… deve ser por isso que nos babamos à visão de um osso e corremos a buscar o pau que nos atiram.

VETERINÁRIO, PRECISA-SE

Os veterinários pouco ou nada participam, publicamente, no debate político como se tudo corresse pelo melhor. Levar o alheamento, ou o desinteresse, tão longe quanto vem acontecendo, significa, entre várias coisas, que estão permitindo que outros técnicos empurrem a “luta”, que lhes pertence por direito, para um plano muito secundário e que, necessariamente, não é do seu interesse.
Nesta secundarização é óbvio que resultam muitos aspectos negativos para toda a Classe, os quais têm sido motivo de muitas lamentações sobejamente conhecidas. É certo que o indivíduo que se alheia da sua cidadania nem sempre sai prejudicado, mas não deixa de dar um mau exemplo para os mais novos...
É pena que assim aconteça!
São urgentemente necessários veterinários interessados pela política do país, a qual tantas vezes é levada para caminhos que só a muito poucos interessa.
Combata!

22 de dezembro de 2003

INTERRUPÇÃO VOLUNTÁRIA DA GRAVIDEZ

Nem sequer vou manifestar a minha opinião sobre a interrupção voluntária da gravidez, mas a verdade nua e crua, relativamente à qual parece haver unanimidade de opinião é esta: a IVG não pode ser tida como método anticoncepcional; também não é menos verdade que os vários governos têm falhado, em toda a linha, na prossecução de políticas de educação para os afectos que visem o respeito por aquele princípio.
Resumindo e concluindo: não só a IVG tem funcionado como método anticoncepcional (em especial nos grupos mais vulneráveis, principalmente por razões de natureza educacional, a que estão associados outros factores, como os de natureza financeira e emocional), como também as políticas a prosseguir, de forma a modificar a situação, não têm visto a luz do dia, numa confrangedora falta de visão estratégica.
Há quem reduza a circunstância a questões de Saúde Pública… também não me parece seja assim tão simples, realmente subsistem aspectos de natureza moral que contrariam aquela visão redutora.
Deixo essa discussão para a esquerda circense e a direita ortodoxa, já que os outros andarão ali pelo meio a aplaudir uns e outros ao sabor do "cronograma" político-conjuntural.

Mas já que se fala de Saúde Pública, aproveito para perguntar: qual é a política de Saúde Pública de prevenção das zoonoses, que como se sabe previnem-se, em primeira linha, através do controlo sanitário dos animais?
Salvaguardadas as devidas distâncias, precisamente pela dimensão da natureza moral dos problemas, parece que, também quanto a esta interrogação, a resposta reside na ausência de estratégias.
E se o governo é incapaz, não é menos verdade que à profissão veterinária cabe a obrigação ética de propor essa estratégia.
Dirão alguns que a Ordem tem manifestado posição sobre o tema… concordo, mas é preciso ir mais longe, é essencial que demonstre a estratégia adequada.
A não ser assim continuarão ao sabor das decisões espúrias e acidentais, de Directores e Subdirectores, que ora mandam vacinar, ora mandar sequestrar e abater, ora nem uma coisa nem outra… sem qualquer critério e sem sustentação noutra lógica que não seja a de "mostrar serviço", em que os criadores continuarão a ser os mais prejudicados, esvaziando de consistência um sector económico (produção de carne, leite, ovos, etc.), que já por si tem características muito peculiares, o qual continuará a marcar passo na "cauda" da Europa.
Da mesma maneira que, relativamente a outras questões de natureza moral e social, continuaremos a ocupar o mesmíssimo lugar.
Haja quem tenha coragem para Voluntariamente Interromper este Desastre Anunciado.

21 de dezembro de 2003

COBIÇA, CORRUPÇÃO E PREPOTÊNCIA.

Saber mandar é sinónimo de saber avaliar a natureza humana e em consequência saber estabelecer correctos juízos de valor.

Há figurões, sem pingo de moral, que fazem do acto de mandar, comandar, dirigir… um processo que se esgota na vaidade da ocupação do cargo ou tão-somente no egocentrismo do exercício da autoridade.
Estes cavalheiros (ou damas), têm uma concepção da vida centrada no seu poder, nos seus privilégios, nas suas mordomias… muitas vezes insignificantes e mesquinhos.
Para eles (ou elas) o poder é um fim em si mesmo e não um meio de realização de um projecto, de um programa, de uma missão… ao qual se apegam cegamente, na prossecução dos seus interesses pessoais.
À frente dos Serviços que tutelam não promovem qualquer eficiência, não têm outros objectivos que não sejam usar a organização para os seus próprios interesses.

Nem sempre é fácil usar um Serviço desta maneira e por isso é sempre conveniente colocar uns quantos "amigos" em outros lugares chave, numa lógica de cumplicidade assente numa corrupção mais ou menos descarada.
O mecanismo é lógico e simples: levar uns quantos, geralmente em situação de relativa fragilidade (financeira, intelectual… mas sempre moral) a renegarem os próprios princípios morais (e o homo lusitanus é tão susceptível…)
Nestas circunstâncias a criatura corrompida torna-se tão amoral como o corruptor (não venha depois chorar lágrimas de crocodilo).

Obviamente que todos os amoralizados leitores destas linhas concordam comigo… eu sei! Não raras vezes aqueles de quem falo são igualmente capazes do difícil exercício intelectual de estreitar a mente à evidência, à verdade…
Aquilo que vulgarmente se designa por estupidez ou hipocrisia.
A quem me refiro? Aceito sugestões! Aqui fica um pequeno auxiliar (o manual de procedimentos será fornecido apenas a pedidos dirigidos ao redactor):
a) Dificilmente se encontram elogios públicos na sua boca (atenção, sublinho públicos, porque em privado e na lógica de corrupção antes enunciada, são capazes de o fazer), ao invés, as alusões, por vezes subtis, à sua própria pessoa e suas próprias capacidades, são frequentes.
b) Se alguma coisa corre mal a responsabilidade é sempre dos colaboradores, mesmo que essa responsabilidade seja imputada através do silêncio e da ausência de um juízo imparcial, muitas vezes como forma implícita de deixar uma ameaça no ar.
c) Frequentemente, para não dizer sempre (só porque em algumas circunstâncias procuram retirar benefício pessoal das ideias alheias), toldados pela inveja (ou ciúme), impedem a concretização de uma proposta, criando dificuldades artificiais à concretização de uma ideia, atrasam e adiam decisões, refugiando-se em processos administrativos ou em ritualismos que derivam de burocracias ou rotinas instituídas, quase sempre sem qualquer fundamento legal ou regulamentar.
d) Quando chegam a dirigentes criam a falsa ideia de que antes deles a organização, que agora comandam, vivia nas trevas, que tudo o que foi feito antes ou construído antes de si, foi errado ou desajustado, sendo por isso necessário apagar esse passado, esvaziando e desvalorizando o empenho e entrega dos que a dirigiram.
e) No extremo usam de vingança ou da sua ameaça permanente, criando por vezes um ambiente insuportável de pressão constante sobre subordinados e colaboradores.

A quem dos embasbacados leitores interessar, que fique claro que esta é apenas uma modesta tentativa de contribuição para a reforma da Administração Veterinária.

18 de dezembro de 2003

RECUPERAR O VISO

Em 1996, sob os auspícios do governo socialista, a Direcção-Geral das Florestas, que até então funcionava num quadro orgânico vertical (os Serviços a nível local respondiam directamente e apenas aos Serviços centrais), foi decepada dessas extensões locais, sendo as mesmas integradas nas célebres Direcções Regionais de Agricultura.
Não parece que a medida, só por si, tenha merecido aplauso, que é como quem diz, sob o ponto de vista da eficácia e eficiência do funcionamento dos serviços, as melhorias não foram visíveis, pelo contrário, a DGF está agora "desmotivada e envelhecida", mergulhada num "torpor burocrático" (embora no entretanto a venda de material lenhoso tenha reequilibrado as finanças das Direcções Regionais de Agricultura).
Não será menos verdade afirmar, que os Serviços Florestais careciam, ao tempo, de alguma "moralização administrativa", já que muito do seu "brilho" derivava precisamente da falta de controlo e auditoria de gestão, pelo que, salvaguardado que fosse esse aspecto particular, o modelo de funcionamento orgânico anterior seria incomensuravelmente melhor que a integração nas esgotadas e estafadas Direcções Regionais de Agricultura.

Vem o tema a propósito da Direcção-Geral de Veterinária, sujeita aquele regime regionalista desde 1976. Impossibilitada de concretizar com responsabilidade os objectivos do sector, conforme plasmados na Lei (basta olhar para todas as crises e incapacidades de resposta dos Serviços, resultantes de uma concepção orgânica desajustada), mergulhada num "torpor burocrático", do tipo ritualista (veja-se o vai vem de pedidos e respostas a encobrir uma torpe falta de poder de decisão), igualmente "desmotivada e envelhecida", exaurida de recursos financeiros pelas insaciáveis necessidades das Direcções Regionais de Agricultura, mas acima de tudo, esvaziada de quadros técnicos capazes. Os poucos que se não encaixam naquela classificação estão mergulhados numa teia burocrática que os tolhe e impossibilita expressar, no mínimo, as suas capacidades.

Se o governo não encarar com atenção e urgência o problema, mesmo sabendo que pior que a situação actual é difícil, decerto será a pecuária nacional e a produção agro-alimentar a pagar as favas, até que consigam importar tudo o que comemos (até as favas) e aí ficar, então, descansados com o serviço prestado.
Apetece dizer: VERTICALIZEM, PÔRRA!

O FALSO VETERINÁRIO

Afinal, no quadro das profissões liberais, o uso de título profissional não reconhecido por Associação de Direito Público (Ordens, Câmaras…), não é assim tão pacífico como alguns Veterinários querem fazer crer, mas também não é menos verdade que, com aparente impunidade, não é difícil um falso especialista chegar a tribunal no exercício dessa falsidade.
Não parece contudo, existir qualquer confusão quanto ao fundamento legal que preside à atribuição do título de especialista, decorrendo naturalmente, da intervenção das Ordens Profissionais, na sua qualidade de órgãos da Administração Pública.
Mas já parece exótico que relativamente a essa obrigatoriedade exista um tão grande arrepio ao compromisso das regras por parte dos próprios interessados.

Vem o caso a propósito do "médico psiquiatra", "conselheiro económico honorário da Embaixada da Panamá" e "Aero Medical Examiner", que há umas semanas atrás animou os telejornais. É que de Médico (Veterinário), poeta e louco, todos temos um pouco e não raras vezes o recurso a falsos Veterinários, que dissimulam mais ou menos o seu estatuto, é, ainda, uma realidade constatável um pouco por todo o país.
Para aqueles que ostensivamente se dizem Veterinários, não o sendo, incluindo os que o afirmam de forma indirecta e apenas por actos da exclusiva responsabilidade profissional dos Médicos Veterinários, sugere-se uma inequívoca reacção da profissão: a denúncia, caso contrário considerem-se coniventes e não se andem a lamuriar; para os "chicos espertos", que até dizem que não são Médicos Veterinários (qual membro do KKK a jurar que não é racista), mas que nas traseiras ou debaixo do nariz de toda a gente, vão fazendo o gosto ao dedo, sob a desculpa da falta de recurso dado ao cliente (por impossibilidade, inexistência ou incompetência do Médico Veterinário), sugere-se seja sancionado o próprio cliente.
Não é por se colocar debaixo do falso guarda-moral ou descansando no amortecedor de consciência, que reside na treta da falta de recurso, que o cliente dos serviços do Médico Veterinário fica isento de responsabilidades, pelo menos éticas, para não dizer legais, daí que me pareça deverem ser susceptíveis de sanção os utilizadores dos serviços de falsos Veterinários (desde que tal recurso não resulte de confusão).

16 de dezembro de 2003

EXTINÇÃO DOS DINOSSAUROS

Foram extintos? Ai sim? Então aí vai mais um terceiro mandato de três anos, de um total de cinco mandatos…
Da galeria dos bastonários, José Augusto Cardoso de Resende ocupa um lugar privilegiado.
E já agora… quantos são os membros eleitos dos órgãos sociais da Ordem que, desde a sua criação em 1991, forma sempre eleitos e por isso sempre estiveram comodamente instalados no poder?

TEORIA DO BISSOFÁCIO

Perdoar-me-á um antigo colega de Liceu pela apropriação da "teoria do bissofácio", cuja autoria, terá sido a prova de filosofia mais bem-humorada da época.
Tal apropriação justifica-se pela bicefalia ou melhor, pelas duas faces que dão corpo às eleições para a Ordem dos Médicos Veterinários.
De um lado a "face de Estado", ortodoxa na ética, firme (para não dizer teimosa) nas decisões e em qualquer dos casos, determinada e coerente, goste-se ou não da personagem, concorde-se ou não com o rumo definido e esteja-se ou não à vontade perante algumas das decisões tomadas.
Do outro lado a "face da alternativa", conjuntural e alinhada com o status quo actual do país (no seu pior), etérea (para não dizer vazia) nas propostas e, de qualquer modo, empenhada na vitória, ambiciosa, distribuindo risos a todos e mais alguns, dando uma no cravo e outra na ferradura, goste-se ou não da criatura, concorde-se ou não com o remix que é o programa de candidatura, esteja-se ou não satisfeito com a sua vacuidade.
São estas as duas faces da profissão e só isso daria pano para mangas de discussão e reflexão sobre o futuro da profissão: quem a vai dignificar? Quem irá promover o cumprimento de tantos regulamentos? Quem irá motivar as escolas a produzir um Veterinário mais qualificado, mais profissional e sobretudo mais preocupado com o colectivo?
Agora já se sabe!

20 de outubro de 2003

salero

O dono de um talho foi surpreendido pela entrada dum cão dentro da loja. Ele enxotou-o mas o cão voltou logo de seguida. Novamente ele tentou espantá-lo mas reparou que o cão trazia um bilhete na boca. Ele pegou o bilhete e leu: "Pode mandar-me 12 salsichas e uma perna de carneiro, por favor?"
O cão trazia também dinheiro na boca, uma nota de 50 euros. Ele pegou no dinheiro, pôs as salsichas e a perna de carneiro num saco e colocou-o na boca do cão.
O talhante ficou realmente impressionado e como já estava na hora, decidiu fechar a loja e seguir o cão. Este começou a descer a rua e quando chegou ao cruzamento depositou o saco no chão, pulou e carregou no botão para fechar o sinal.
Esperou pacientemente com o saco na boca que o sinal fechasse e ele pudesse atravessar.
Atravessou a rua e caminhou até à paragem de autocarro, sempre com o talhante a segui-lo.
Na paragem, o cão olhou para o painel dos horários e sentou-se no banco para esperar o autocarro. O autocarro chegou e ele tornou a olhar, viu que aquele era o número certo e entrou. O talhante, boquiaberto, seguiu o cão. De repente o cão levantou-se, ficou em pé nas duas patas traseiras e carregou no botão para sair, tudo com as compras ainda na boca.
O talhante e o cão foram caminhando pela rua, quando o cão parou à porta de uma casa e pôs as compras no passeio.
Então virou-se um pouco, correu e atirou-se contra a porta. Tornou a fazer o mesmo mas ninguém respondeu. Então contornou a casa, saltou um muro baixo, foi até à janela e começou a bater com a cabeça no vidro várias vezes. Caminhou de volta para a porta e, de repente, um tipo enorme abriu a porta e começou a espancar o bicho.
O talhante correu até ao homem e impediu-o dizendo:
- Deus do céu homem, o que é que você está a fazer? O seu cão é um génio!
O homem respondeu:
- Um génio??? Esta já é a segunda vez esta semana que este cão estúpido se esquece da chave!
Moral da história: Podes continuar a exceder as expectativas mas, aos olhos do chefe, isso estará sempre abaixo do esperado...
Autor desconhecido (remetido por Maria Ninguém)

Apenas pela piada... uma pequena reverência a todos os "chefes" que por aí andam!

19 de outubro de 2003

pisces natare doces

Será que estão a pensar nos vets que são assistentes das explorações onde se cometem ilegalidades e são os últimos a saber? vetatento

Não... nunca me refiro a ninguém em particular, mas realmente preocupa que os Veterinários Assistentes das Explorações não saibam das ilegalidades que aí se cometem (e que impliquem na sua actividade)... desculpas de mau pagador é o que para aí há mais! Se isso fosse verdade (oh inocentes, o reino dos céus é vosso), então haveria concerteza reacções desses pobres inocentes, quando confrontados com o "mal"... ou não?

GOMES PEREIRA E CASTRO FREIRE DE ANDRADE (27.01.1757 – 18.10.1817)

Homenageado pelo Grande Oriente Lusitano e pela Câmara Municipal de Lisboa, com o descerramento da um busto na Rua que já tinha o seu nome.
Preso e executado no forte de S. Julião da Barra, às mãos da regência inglesa por "traição ao rei", decepado e queimado… até a sua última vontade, de morrer como um militar, por fuzilamento, lhe foi recusada.
No mesmo dia, outros onze revolucionários, também acusados de atentar contra a regência do marechal Beresford, foram igualmente executados, um por um, no campo hoje conhecido por Mártires da Pátria: António Cabral Calheiros Furtado de Lemos; José Campelo de Miranda; José Francisco das Neves; José Joaquim Pinto da Silva; José Ribeiro Pinto; Manuel Inácio de Figueiredo; Manuel de Jesus Monteiro; Manuel Monteiro de Carvalho; Maximiano Dias Ribeiro e Pedro Ricardo de Figueiredo.

Gomes Freire ficou também na memória de gerações de Veterinários que frequentaram a Escola Superior de Medicina Veterinária.
Espera-se mesmo que "…a Gomes Freire…" não morra… para já a Ordem dos Médicos Veterinários e a Sociedade Portuguesa de Ciências Veterinárias, vão dando vida ao edifício principal da Escola.
Não se percebe mesmo porque razão o edifício principal da velha ESMV, não ganhou mais vida… há quem não queira?
Espaço para formação profissional, especializações e reuniões de carácter técnico e científico não falta.
Motivos históricos, culturais e simbólicos ligados à medicina veterinária, também não… a não ser que algum provincianismo serôdio possa invocar angústias despropositadas sobre o centralismo de Lisboa.
Sob o ponto de vista material não parece haver problema… se a profissão quiser o investimento paga-se a si próprio.
Parece até existir um enorme consenso em torno da ideia!
O que dirão os candidatos a Bastonário? Fico a aguardar.

14 de outubro de 2003

FISCALIZAÇÃO/ CONTROLO/ CORRUPÇÃO

É manifestamente grave o que vem acontecendo em consequência da falta de fiscalização em vários sectores da nossa vida.
Num país civilizado a lei é cumprida pela maioria das pessoas, sendo as prevaricações levadas a efeito apenas por uma franja da sociedade (+ ou – variável). Não sendo assim, a situação pode ser grave!
É evidente que uma fiscalização sem uma certa dose de bom senso é igualmente lesiva, mas não fiscalizar ou fiscalizar abaixo do nível mais adequado para o equilíbrio é forma segura para descredibilizar a Autoridade e criar uma série de problemas.... E se esse mínimo de fiscalização for mantido durante muito tempo – como vem acontecendo no país – é certo e sabido que quando se quiser fazer reverter a situação haverá motivo de sobra para se instalar um preocupante mal-estar social. Os exemplos são múltiplos.
É um pouco parecido com o que acontece com as crianças. Se habituadas a fazer tudo quanto desejam sem qualquer “contrariedade” (penalização) é infalível que os pais se depararão com uma permanente rebeldia quando quiserem “metê-las nos eixos”.....
Por mais que me custe referir isto, nós, em geral, somos amigos de recorrer a habilidades e expedientes com o propósito de iludir os outros, tal como a nossa falta de sentido crítico e a falta de civismo são responsáveis pela manutenção de muitos dos atrasos que já nos notabilizaram no seio da U E. Estas características, associadas ao hábito de passar impune aos incumprimentos da lei, quer por falta de fiscalização, quer por virtude da tradicional brandura dos nossos costumes, são bem visíveis na vida diária.
Do que foi dito, é sobretudo de realçar que “os pais” e/ou “o governo” são os grandes responsáveis por esta situação. Tanta e tão prolongada contemporização só poderá favorecer a instalação da corrupção. Talvez por isso sejamos, entre os nossos parceiros da UE, um dos países mais corruptos.

BZZZZZ… BZZZZZ…

De novo Varejas, o mestre do disfarce e do bom gosto, levantou voo, desta vez até bem longe de nós, à Augusta Civitas, pousando aqui e ali, em enorme azáfama, desovando além, fugindo dacolá (algum aroma a insecticida), promovendo a sua próxima abordagem ao Tanque-mor.
Nem o Polvo escapou ao seu assédio, discreto no discurso, apático e incompreensível na abordagem, básico na atitude, sempre foi esvoaçando sobre os mais desejáveis pestilentos, uns e outros lá iam tolerando a sua presença ou enxotando-o dali para fora.
A simples visão da sua presença é perturbadora… angustiante… pensar que, mesmo não sendo por três anos, possa conduzir os destinos do Tanque, pois a certeza da estagnação que causará, criando condições de reprodução aos da sua espécie é assustadora.
Haja alguém com coragem e uma generosa dose de Dum-Dum (e também um mata-moscas, à cautela) que acabe com o pesadelo.

3 de outubro de 2003

GENES DOS NOSSOS VÍCIOS

A ironia nem sempre é bem tolerada, mas a vida é tão cheia de coisas graves que não resisto a temperá-la com esta figura de estilo.
O genoma humano está sendo estudado sob vários ângulos e as empresas que financiam as investigações estão na mira de lucros fabulosos, o que é natural nos tempos que correm. Mas as perspectivas apontam para a necessidade de – à medida que a descodificação dos genes for avançando – ter de se alterar pelo menos o Código Penal e, talvez, também a Constituição, pois não seria justo penalizar alguém por ter praticado um crime, por exemplo o da pedofilia, quando a responsabilidade, afinal, é dum gene existente no seu ADN....
O norte-americano Dean Hamer – especialista em genética – disse que há um gene responsável pela vontade de fumar, facto que não aceito com facilidade, porque eu, até conseguir afastar definitivamente o vício, tive várias recaídas e que eu saiba os genes não têm fases agónicas seguidas de recuperação, mas.... Coitado do gene! Devia ter sofrido bastante porque eu fumava 80 cigarros por dia e ele estava muito pujante.
Também li algures que foi descoberto um outro gene, responsável pela sofreguidão pelo poder. Deverá valer um montão de dinheiro! Mas os cientistas que fazem a descodificação advertiram que já surgiu uma mutação (não menos importante) que designaram por vontade de ser político. Compreende-se agora por que são feitas certas revoluções, por que existem tantos dinossáurios da política e tantos autarcas reformados com uma dezena de anos de “serviço”.
Estou confiante de que serão descobertos muitos outros genes interessantes e que chegará o tempo das pessoas trazerem consigo uma agenda electrónica com a relação dos seus genes a fim de poderem tomar certas decisões rápidas, sobretudo relacionadas com sexo......
Que interessante será então a sociedade!

2 de outubro de 2003

nosce te ipsum

Um dia destes, lí um comentário a um post [Outra vez a reforma da administração pública(2)] que me deixou intrigado e desiludido....
Intrigado porque lendo o post não percebi a ligação com o comentário. O tipo que o subscreveu usou termos duma frase que li algures ( “....porque tem problemas bicudos discutidos em mesas redondas por bestas quadradas.), termos que provocam uma reacção imediata pelo contraste ( bicudos, redondas e quadradas). Pode ter sido essa a intenção de quem os usou, isto é, chamar a atenção para si próprio, apetência muito usual num certo número de pessoas.....Fiquei desiludido não só porque o post em causa tinha um título que me interessava e que se me afigurava de extrema importância para o país e , afinal, o “comentador” se limitara a considerar o problema como “bicudo” e a chamar “besta quadrada” ao autor do post, sem, todavia, ter avançado alguma colaboração.......
Tenho de confessar que não percebi qual a intenção do comentador. Pareceu-me tratar-se dum jovem /jovem ainda em formação neuronal pelo que estou tentado em dizer-lhe que – justamente por ainda estar em formação – deveria aproveitar todas as ocasiões para fazer chegar ao seu cérebro o maior número possível de “estímulos” para consubstanciar a formação neuronal na maior medida possível e no caso, só discutindo os problemas.
Eu também terei de fazer chegar ao meu cérebro um maior número de mensagens (estímulos) pois devo estar a sofrer de grave deficiência. De contrário, teria entendido a ligação do comentário ao post, em vez de me ficar pelo acordo relativo à classificação de “bicudo” do problema.......

1 de outubro de 2003

VET – HORÓSCOPO: BALANÇA

Para os nativos de 24 de Setembro a 23 de Outubro.
A conjuntura beneficia os nativos de Balança. Não deixe nada por fazer ou dizer em congresso, o sucesso está favorecido pela proximidade de eleições.
Plano afectivo: depois de superados mal entendidos com Peixes, vão viver-se momentos de perfeita harmonia entre antigos e actuais alunos de Veterinária. Novos relacionamentos evoluem favoravelmente em Aquário, perspectivando-se uma relação duradoura com Caranguejo.
Plano material: A conjuntura é propícia a erros e enganos. Muito cuidado com transacções financeiras, tudo deve ser feito com documentos. Tendência para despesas inesperadas.
Saúde: Tendência para infecções súbitas e lesões lombares, cuidado com o ar que respira e com esforços suplementares.

29 de setembro de 2003

PORTUGAL 2010: ODISSEIA NA EUROPA

Não faltava mais nada, o estudo encomendado pelo governo: “Portugal 2010: Acelerar o crescimento da produtividade“, à McKinsey & Companhia, confirma alguns dos diagnósticos que há anos vêm sendo apresentados e aponta para terapêuticas muito objectivas.
O primeiro destaque está no facto da produtividade em Portugal ser metade da europeia...
Não tendo a pretensão em analisar o referido relatório, embora não deixe de remeter o leitor para o “Regar a areia”, de António Barreto, gostaria, contudo, de saber, qual a extrapolação que pode ser feita para o sector primário da produção de bens alimentares (mesmo não tendo sido esse um dos sectores objecto do estudo).

Por outras palavras, tendo em conta a falta de “...indicadores e objectivos de desempenho em todos os níveis hierárquicos e desenvolvimento de um sistema e de uma cultura orientada para os resultados.” na Administração Pública, qual a proporção de responsabilidade dos ditos Serviços Veterinários?
Mas a interrogação não está centrada no Serviço em si, antes na sua tutela.
Porque se toleram a falta de rigor científico e de disciplina na execução dos programas de Saúde Animal?
Porque se aceita a descoordenação entre Serviços Centrais e Regionais, em que cada qual faz um pouca à sua maneira e em função dos recursos humanos disponíveis, sem ser seguido qualquer critério de avaliação e ponderação dessa prestação?
Onde está o projecto estratégico de instilar uma cultura orientada para os resultados, se as deficiências que importa ultrapassar são sistematicamente apontadas e sistematicamente postergadas para resolução futura?

O estudo em referência aponta para a necessária “Melhoria da estrutura organizativa da Administração Pública eliminando redundâncias e assegurando uma responsabilização ‘individualizada’ pelos objectivos específicos críticos e reavaliando a autonomia da decisão de entidades-chave”.
Será o Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, capaz de olhar para os Serviços Veterinários, incluindo o Corpo Nacional de Inspecção Sanitária e o sector “Veterinários Municipais” e aplicar aquela fórmula sob a forma de uma política para o sector? A profissão Veterinária não pode dar uma ajuda?

28 de setembro de 2003

PENSAMENTO DO DIA

Se queres lixar o teu contrato, pede conselho ao Sindicato.

UM PÊLO NA ENGRENAGEM

Na ....., o cio denuncia-se por alterações que modificam o caracter, produzem nervosismo e excitação; montam nas companheiras; urinam com frequência (o que seria se nas primatas acontecesse o mesmo!); perdem o apetite; a vulva fica tumefacta, aumentada e congestionada (nelas também há o “lado tanga”) e procuram o macho se está próximo. Dura de 1 a 5 dias, repetindo-se se não houver fecundação.
Mas a actividade sexual fica dificultada pela falta de manganez.
Há sempre um mas! Um pequeno pêlo na engrenagem pode estragar tudo!

26 de setembro de 2003

PENSAMENTO DO DIA

Nunca falta um Veterinário para um animal extraordinário!

CRIME E CASTIGO

Não, não pretendo apropriar-me da obra de Dostoievski, apenas partilhar com o leitor o sentimento de frustração da “moderna” filosofia que exalta o valor do castigo como redentor de todas as faltas, exactamente porque o conciliábulo ou simplesmente a indiferença, para não dizer a conivência tratarão de bloquear a sanção, que é como quem diz: vale a pena correr riscos, pois o acto repreensível será ou não punido, provavelmente não!
Vem o caso a propósito da “mania” entranhada no torrão lusitano, de reportar a bondade de qualquer iniciativa, processo, programa ou projecto, ao espectro do efeito sancionatório que, qual espada de Dâmocles, sustentaria, só por si, o êxito dessa iniciativa, processo, programa ou projecto, exactamente porque os riscos saneariam qualquer veleidade de os correr.
A cólera que tal panorama motiva chega a ser incontrolável, qual ética qual quê, se a realidade e a experiência demonstram a cada segundo que nada acontece por essa via, que valores poderão suster a revolta que me impele contra os defensores dessa “filosofia”, por muito boas possam ser as intenções de quem a defende?
Não é óbvio que os princípios que regem as leis, os códigos, as boas práticas… só poderão redundar em resultados práticos visíveis, ao desenvolvimento, à melhoria das actividades, se esses princípios forem interiorizados e concretizados com plena consciência e empenho daqueles a quem se dirigem?
Então que raios de razões explicam as boas vontades da tanto dirigente, críticos e objectivos ontem e hoje tão complacentes com o “sistema”?
Podem legislar, normalizar, harmonizar directivas, fazer trinta por uma linha, se não for concomitantemente assumida uma profunda mudança estratégia da mente, que comece naturalmente pelo ensino e formação (estatuto cognitivo), passando pela mudança de atitude e depois de comportamento, continuaremos a usar as novas tecnologias a modos do homem de Cro-Magnon.
Ao assunto voltarei, sempre… com exemplos muito concretos, coisas de convicção inabalável!

25 de setembro de 2003

OUTRA VEZ A REFORMA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (2)

Cada vez estou mais baralhado com o que se diz sobre esta reforma; baralhado porque, aparentemente, as “notícias” não têm coerência. Parece não haver uma linha de rumo claramente exequível. É sabido que, infelizmente, as notícias nem sempre são prestadas de forma isenta, i.é., com a intenção de, de facto, informar adequadamente. Muitas vezes espelham apenas o lado político do problema, o que mete pena! Neste caso, o que delas podemos deduzir é que a dita reforma está a ser gizada por quem não está por dentro dos problemas, ou que as pessoas dela incumbidas nem sequer estão bem assessoradas. Que a questão é complexa não resta qualquer dúvida e por isso mesmo todas as informações para o público deveriam revestir-se da máxima cautela. Caso contrário, surgirá grande contestação a qual em nada favorecerá a execução da reforma. Reina um aumento da desordem e da incerteza (?) no seio de vários sectores da A. P., o que indicia, sem sombra de dúvida, uma verdadeira crise....
Começo a pensar que Saint-Just tinha total razão ao dizer:
“ Todas as artes produziram as suas maravilhas; só a arte de governar não produziu senão monstros”

PENSAMENTO DO DIA

Quando chegam à Direcção, perdem logo a tesão!

ad cautelam

“Eu também preciso de um veterinário. Dava-me jeito, pronto!
Um dos meus gatos tem o ouvido interno afectado, anda de lado...e tem pouco equilíbrio. O que faço, senhor doutor veterinário?” PAPOILA

Por precaução pegava no animal é corria para o Centro de Atendimento Médico-Veterinário mais próximo para tratar dessa otite… Em circunstância alguma chame os técnicos do ICN!... e também à cautela não confie no electricista…
Mesmo sem saber quem realmente precisa do Veterinário, devo dizer que, por razões deontológicas, estamos impedidos de nos relacionar com os clientes… deve ser, para aí, o artigo 19º do Código! Já para não falar do efeito dos opiáceos, Papoila… e da perda de equilíbrio!

23 de setembro de 2003

Um chimpanzé, Eu e o que Deus quiser

(Do pouco saber vem o muito ousar)

Confesso que nutro uma particular simpatia pelos chimpanzés e orangotangos, mas não tanto pelos gorilas....... Sempre os considerei, sob o ponto de vista da Evolução, como meus primos e desde já peço desculpa pela apropriação deste parentesco.............. São muito feios! Mas os chimpanzés são fora de série.....
Sempre me intrigaram as suas expressões faciais muito humanas e creio que não raramente procuraram comunicar comigo; só que nunca soube como fazê-lo, até que há dias algo de extraordinário aconteceu ao voltar ao Zoo onde fora ver um dos meus primos com “quem” há muito não “trocava expressões”.... Fartei-me de falar. Eis o que se passou:
- Comecei por dizer-lhe que o ser humano – o chamado macaco pelado – é o mamífero que tem o maior período de amadurecimento e, como tal, o meio social onde vive exerce um papel muito importante, mesmo fundamental, independentemente do facto do cérebro prosseguir a sua “edificação” até à idade adulta, mas que eles – meus queridos primos – conseguiam completar o desenvolvimento por volta dos 6/8 anos, tendo já aprendido a quebrar nozes com um pedra servindo de martelo, mas sem esborrachar os dedos (o que eu considerava muito importante); a comer salalé servindo-se duma varinha; a conhecer as plantas e frutos para alimentação e a utilizar o sexo para fins sociais.......
E prossegui dizendo que os gorilas a partir dos 4 anos já não aprendiam mais nada e iam à vida; que eles, inclusivamente, usavam o sexo com duas finalidades bem distintas enquanto que connosco as coisas não eram assim tão fáceis...... Também referi que a maioria dos nossos jovens por volta dos 15-16 anos de idade já estava convencida de que em termos sociais sabiam tudo e que em termos de Conhecimento também não precisavam de aprender muito mais.
Falei e falei, confesso. Mas fui ficando cada vez mais intrigado porque o meu primo mantinha-se calado e com uma expressão parada, embora aparentemente “ouvindo-me com toda a atenção. Eu já estava tão desiludido que quase desisti de continuar o desabafo........ Prossegui dizendo que me parecia haver algo de profundamente errado nesta situação, porque volta não volta os macacos pelados mais jovens “esborrachavam os dedos” (morrendo estupidamente em acidentes rodoviários), ou engravidando adolescentes (ainda mais jovens que eles), ou entrando no mundo da droga, etc. e quando ingressavam na Universidade nem sempre estavam adequadamente preparados; que provavelmente haveria alguma coisa muito errada porque nem tudo poderia ser assacado aos jovens.
Nesta ocasião, em que me sentia meio perdido e estúpido por estar “falando” para um chimpanzé, aconteceu a coisa mais extraordinária da minha vida. O meu primo, como que despertou e “falou”, por sinal muito “claramente”, para meu gáudio, mas também para meu eterno espanto:
É memo, mano! Tem esperto na cabeça, mas fala muito. Pô, não amola!
Foi o que Deus quis! Será por isso que ninguém faz comentários?

PENSAMENTO DO DIA

(especial dedicado a animais, remetido por "qualquer coisa".)

Não faças ao teu veterinário aquilo que ele te faz a ti!

PARA A PRÓXIMA USEM UMA FISGA!

Os factos falam por si… digo eu! A intervenção do Instituto de Conservação da Natureza (ICN) no que se refere ao cumprimento da convenção de Washington – estabelecida em 1973 – CITES (Convention on International Trade on Endagered Species of Wild Fauna and Flora) – parece tão delicada como elefante em loja de faiança: “Portugal é a grande porta de entrada na Europa rica para os animais vindos de África ou da América do Sul. Mas tanto em Portugal como no resto da Europa as apreensões de animais selvagens são ridículas.”

A permissividade, a complacência e o benefício ao infractor, a par com a inabilidade e incúria dos técnicos do ICN foram notórios no Especial Informação da RTP1 (emissão de 2003.09.22) … e como se tal não bastasse, o cúmulo da usurpação de funções de Médico Veterinário!?...

No meio de toda a panóplia de irregularidades e ilegalidades, um denominador comum: um confrangedor amadorismo.
A morte, entre outros, de duas leoas, na sequência da intervenção dos agentes do ICN, é apenas a face mais chocante da história, pois em toda a intervenção não houve o mínimo sinal de planeamento.

Por que raio de razão haveria o ICN de salvaguardar uma cuidada utilização de substâncias de uso restrito? Isso seria destoar do amadorismo denotado.

Apelo à Ministra das Finanças que mande recolher as carabinas, dardos e anestésicos e distribua fisgas aos técnicos do ICN. Será que eles vão perceber? Poupava-se no OE e o efeito prático, além de ser o mesmo, talvez salvasse a vida a alguns animais.

22 de setembro de 2003

PENSAMENTO DO DIA

(remetido por "qualquer coisa")

Há veterinários que vêm por bem...

20 de setembro de 2003

HOMO SAPIENS SAPIENS...HOMO

Todo o mundo sabe que a Evolução do Homem se vem processando desde há 100.000-50.000 anos e prossegue, evidentemente.
Como não podia deixar de acontecer, a sociedade humana também se foi modificando ao longo daquele tão longo período de tempo, umas vezes, talvez, em saltos mais ou menos bruscos, mas geralmente de forma gradual, até que somos chegados ao tempo actual.
Certo é que as sociedades, tal como hoje as conhecemos, são diferentes, em muitos aspectos, das que existiam há 3.000 anos e do mesmo modo as actuais serão também muito diferentes das que existirão daqui a mais 2.000 anos (por exemplo).
Antigamente os comportamentos das pessoas não se alteravam frequentemente o que terá contribuído para a manutenção das características das sociedades durante períodos dilatados. Actualmente, porém, as normas de conduta das pessoas estão sendo alteradas, ou mudadas, muito rapidamente, tão rapidamente que em muitos casos nem sequer são substituídas. De facto, a Sociedade Moderna está perante uma crise dos conceitos, princípios, valores, normas, o que põe em jogo a Autoridade e dificulta a convivência.
Mas há uma excepção...pois parece haver por toda a parte uma notável convergência no que respeita à constituição da família. Este facto, cremos, não deixará de ter consequências muito fortes no sistema organizacional das sociedades próximo-futuras, particularmente em torno da família-nuclear .....(Não estou ironizando muito!).
Há no ar fortes sinais desta mudança só que ninguém está habilitado a predizer como serão as sociedades daqui a x anos....
Evolução nem sempre implica melhoria.... E os veterinários - uns mais, outros menos, outros nunca, credo - por certo não deixarão de dar algum contributo !!!!

18 de setembro de 2003

ERRADICAÇÃO OU EXTINÇÃO DOS DINOSSAUROS?

Porque desapareceram os dinossauros? Um cataclismo telúrico de dimensões inimagináveis? O choque de um meteorito com a Terra?

Parece que a “tese do meteorito” satisfaz grande parte da comunidade científica, embora não exista unanimidade (graças a Deus!) e assim duas questões se colocam: onde estão as evidências fossilizadas do “desaparecimento” da vida à face da Terra? Se caiu um meteorito, onde está a cratera?
A discussão científica centrou-se na cratera de chicxulub (México), vestígio da queda de um meteorito há... 65 milhões de anos, o qual poderia ter sido o causador de uma catástrofe global, capaz de extinguir os dinossauros.
Entre defensores e opositores da “tese do meteorito” a troca de opiniões não tem sido muito satisfatória ("Público" de 2003.09.17), mas afinal a controvérsia científica poderá ser facilmente dirimida, desde que a proposta do “Veterinário precisa-se...” seja aceite. É muito simples!

O assunto deverá ser agendado para a próxima reunião de Directores de Serviço de Veterinária, a propósito dos programas de erradicação.
Afinal a extinção dos dinossauros não difere muito dos programas de erradicação das doenças dos animais, na Lusitânia, pois que em vez de erradicar doenças, tem erradicado os efectivos pecuários!
Tenho a certeza que a Direcção-Geral de Veterinária mandará imediatamente fixar em legislação a data oficial da extinção dos dinossauros na Terra e deixa de haver dúvidas, passa a ser oficial!

Pode ser até que, com um bocadinho de sorte, alguém, daqui por 65 milhões de anos (mais coisa, menos coisa), venha a descobrir os fósseis dos últimos espécimens do armentio pecuário, no que então corresponder ao actual território nacional... enfim, crateras com a mesma idade talvez não se encontrem, mas uma enorme concentração de irídio será com certeza descoberta no local onde habitualmente decorrem as aludidas reuniões.

15 de setembro de 2003

Mea Culpa

Sempre se encarou a profissão como uma fénix. Sempre na vã esperança de ver ressurgir o brilho que lhe atribuem em tempos passados. Por coincidência sempre conotado com o antigamente, com o saudosismo, com coisas tão estranhas para os jovens licenciados de hoje como intendências, juntas e outras...
Por certo que reconheço ter aprendido muito com quem percorreu tais caminhos, ainda de morte recente quando iniciei a profissão. Mas aprender também tem defeitos. E este processo teve um defeito fundamental. Na verdade pertenço a uma geração produto do fim de uma escola única. Uma geração que foi confrontada com a ascensão e queda do mundo rural. Uma geração que, porventura, não soube fazer a ponte entre o passado e o porvir, enleada no fascínio dos fantasmas do passado. Uma geração que não soube aproveitar a riqueza de saber e sentir que essa transição lhe poderia trazer. Uma geração que ao viver na ilusão do retorno de glórias passadas, não soube criar as alternativas de evolução à realidade que se lhe colocava.
Acredito ainda estarmos a tempo de não nos vermos caducos velhos do restelo, roídos de inveja e medo, a fazer tardar a catarse da profissão. Tal fénix...

PENSAMENTO DO DIA

Azeite de cima, mel do fundo, vinho do meio e de Veterinário receio!

QUEM NASCE TORTO...

Três anos e três comissões instaladoras depois (gestação mais do que prolongada...), anuncia-se ("Público" de 2003.09.14) o parto da orgânica da AQSA para o próximo mês de Outubro.
Apesar das dúzias de ecografias, análises detalhadas e até uma ou outra amniocentese, os babados pais ainda não notaram as graves deficiências do quase-nado-vivo-quase-morto que aí vem!

Para quem acha que tal opinião não passa de má-vontade, tome nota do seguinte e em consciência responda para si (ou para o "sou todo ouvidos"), cada uma das questões:
- Como aqui já ficou bem expresso, a propósito da confusão entre fiscalização e controlo, a estrutura que o governo anuncia como "muito operacional e organizativa" (?), concentrará competências nos domínios da Inspecção, Fiscalização e Controlo, ou seja, mais uma vez se confundem competências distintas e actividades diferentes... onde está a operacionalidade?
- A AQSA terá competências no âmbito da avaliação e comunicação de riscos para a segurança alimentar (muito bem! apoiado!), mas a quem caberá a gestão de riscos?
- Poderão ser considerados avaliação e comunicação de riscos, campanhas contra as intoxicações alimentares, a obesidade, o consumo excessivo de sal, açucar e gorduras saturadas?
- O levantamento exaustivo e rigoroso de todos os serviços do MADRP, com intervenção na área alimentar, foi realizado de forma crítica, fundamentando-se numa estratégia prévia, tendo em vista objectivos definidos de forma substantiva?
- Foi anunciada alguma solução para a sobreposição de competências da Direcção-Geral de Fiscalização e Controlo da Qualidade Alimentar (só o nome encerra profundas contradições) e a Inspecção-Geral das Actividades Económicas?
- Foi referida qual a integração prevista para o Corpo Nacional de Inspecção Sanitária? ou qual o futuro papel dos Médicos Veterinários Municipais?
- Terá sido indicada qual a rede de laboratórios que apoiará fiscais, inspectores e controladores?

Tal como no caso do Alqueva, também os organismos com tutela na Segurança Alimentar serão erguidos, sem estarem construídos os canais de rega... depois logo se vê... à boa maneira portuguesa!

PENSAMENTO DO DIA

Se um Veterinário incomoda muita gente, dois Veterinários incomodam-se um ao outro!

14 de setembro de 2003

NOMES IMPORTANTES

O famoso fotógrafo Spencer Tunick ("Naked pavement"), voltou a Portugal, desta vez a Feira, para novos nus colectivos. Perante a perplexidade dos locais, as poucas centenas de participantes lá se despiram para a objectiva de Spencer. Até aqui tudo bem... Nas diversas TV foi entrevistado o porta-voz da PSP de Aveiro que lá explicou não estar em causa nenhum atentado ao pudor. Até aqui, tudo melhor ainda... Nome do solicito agente: António Bagina!

O universo luso-veterinário consta ser rico em nomes adequados às situações... venham de lá ideias.

PENSAMENTO DO DIA

(oportunamente remetido por "qualquer coisa")

Quem semeia Faculdades, colhe alveitares.

13 de setembro de 2003

O EFEITO BORBOLETA

"Por um prego, perdeu-se a ferradura;
Por uma ferradura, perdeu-se o cavalo;
Por um cavalo, perdeu-se o cavaleiro;
Por um cavaleiro, perdeu-se a batalha;
Por uma batalha, perdeu-se o reino!" in "Caos"; James Gleick

Vem a "...dependência sensí­vel das condições iniciais..." a propósito da queda de uma ponte pedonal sobre o IC 24 e também pela indignação que causou o relatório do inquérito entretanto realizado.

Felizmente que o mesmo efeito, sobre os Serviços Veterinários Oficiais, nomeadamente alguns programas de Saúde Animal, não resulta na queda de ovelhas e cabras sobre um qualquer IC, caso contrário era um dilúvio de animais.

Também me irrito (a formiga de langton) com as incertezas dos relatórios e o abate precoce da responsabilidade, mas pior que isso, a ausência sequer de uma recomendação num "discurso" tão científico: ou o despacho a instaurar o inquérito ou o relatório pecam por omissão grosseira.

Mais irritante ainda são os "acidentes" que nem inquéritos merecem e um dos casos mais promissores, será o do Programa de Vacinação de Pequenos Ruminantes contra a Brucelose em Trás-os-Montes.

As taxas de animais seropositivos baixaram, simplesmente porque se deixaram de efectuar rastreios e quando estes forem retomados, tudo indica que a falta de organização, controlo e acompanhamento da campanha de vacinação irá evidenciar um enorme "caos"... Não? Faço minhas, as recomendações do Abrupto (Posted 11.9.03 16:41), ao artigo de Brian Hayes.

Garanto ainda que a designação "borboleta" e os dirigentes responsáveis pelo programa, não têm nada em comum!

12 de setembro de 2003

PENSAMENTO DO DIA

Ninguém está bem com o Veterinário que tem!

REFORMA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Num post anterior ficou bem patente a minha descrença na dita reforma e cada dia que passa mais me convenço de que ela será um fracasso.
O governo parece estar centrado na modificação do estatuto do pessoal dirigente. Desta vez, no Público de hoje, diz-se que o mandato do dito pessoal dirigente não ultrapassará a duração de 12 anos consecutivos. Como se isso fosse fundamental. Então para que servirá a avaliação do desempenho? Porque não mais de X anos se o dirigente for competente?
Esta é uma medida avulsa que em nada contribuirá para a mudança de mentalidade que acabe de vez – como refere Correia de Campos, no Público de hoje – com uma Administração “centralista, pesada, desresponsabilizante, afastada do cidadão, confundindo a regulação com a prestação de serviços, regida por regras financeiras arcaicas.....” Ou estarei enganado?
Que mais será preciso dizer-se para que cada um de nós evidencie as suas dúvidas? Reclame; demonstre não estar apenas obcecado pelo imediato. Faça uso do seu espírito crítico! Então, ninguém se sente moderno, avançado?
Ou será que mais uma vez os veterinários vão deixar correr as coisas para só depois de consumadas as asneiras balbuciarem algumas “reclamações”...... ou encostarem a cabeça ao muro das lamentações.

11 de setembro de 2003

A BIOÉTICA E O EXCESSO DE VELOCIDADE

O Primeiro-Ministro empossou, no passado dia 6 de Setembro, o novo Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, o qual é composto por 21 membros, ("Público" de 06-09-2003).

Embora designado por várias entidades, incluindo as Ordens dos Advogados, Médicos e Biólogos(lista dos novos membros), não conta, na sua composição, com nenhuma nomeação da Ordem dos Médicos Veterinários (enfim, os Dentistas também não estão lá): parece ser este o reconhecimento do Presidente da República e do Governo, do papel dos Médicos Veterinários em matéria de Ética para as Ciências da Vida.
Para a nova presidente do CNECV, Dr.ª Paula Martinho da Silva, “…é necessário ouvir cada vez mais os representantes das áreas responsáveis por cada matéria”.
A OMV vai de certeza reagir! Vai uma aposta?

As questões da Bioética nasceram das preocupações, naturalmente de natureza moral, decorrentes da adopção de tecnologias cada vez mais sofisticadas, no campo da medicina, sensu lato.
De igual forma, também a engenharia nos deu melhores vias de comunicação e sobretudo, melhores meios de transporte.
Somente, em Portugal, não basta identificar, estabelecer e legislar sobre os limites (que reflectem valores e princípios de ordem social), que supostamente todos cumpriríamos.

No caso da circulação rodoviária, por exemplo, não basta colocar um sinal de limitação de velocidade, digamos 50Km/h; vai daí, as “autoridades” mandam colocar lombas, em material resistente, geralmente de cor amarela e preta e vulgarmente designados por quebra-molas, para “impor” o cumprimento da Lei.
Por outras palavras: as regras que implicitamente aceitámos cumprir, por vivermos em comunidade, são impostas, penalizando (em despesas de manutenção de amortecedores) aqueles que, mesmo sem os malditos quebra-molas, cumpririam aquele limite de velocidade.

No caso da reprodução medicamente assistida, do uso de embriões ou no caso da clonagem e depois de identificar, estabelecer e legislar sobre os limites a impor, admitindo sempre, que os mesmos sejam um retrato fiel do “sentimento” de toda a sociedade, pergunto: qual vai ser o “quebra-molas” que vão colocar aos “bio-transgressores?

Que raio de país é este que reconhece, implicitamente, as instituições e depois se borrifa nas regras e leis que as mesmas parem e supostamente são ditadas por uma exigência da própria sociedade?

PENSAMENTO DO DIA

O Veterinário e o vento são do maior atrevimento!

GENÉTICA PORTUGUESA

Creio que - sob determinadas circunstâncias, principalmente de “duração” e grau de intensidade - o meio ambiente em que se vive é susceptível de exercer condicionamentos importantes sobre a expressão do material genético próprio deste ou daquele genótipo, mamífero ou não......
Assim e prosseguindo nesta mesma linha simplista de discurso, acredito que - relativamente ao Homo sapiens sapiens moderno - existem hoje algumas distinções a ser feitas entre os muitos grupos étnicos, umas mais nítidas que outras no que respeita ao caracter geral dos seus componentes, mas de qualquer maneira passíveis de marcar algumas diferenças (?)....
Gostaria de ser capaz de catalogá-las, mas, como é óbvio, falta-me o conhecimento apropriado em matéria tão especializada e delicada.....
Seja como for, qualquer de nós pode socorrer-se de trabalhos publicados por outros. Pessoalmente, foi esse o recurso a que lancei mão, deixando agora ao entendimento de quem ler este post “adivinhar” em que grupo se encaixam os componentes modernos que reúnem, na generalidade, as características seguintes:
- falta de sentido crítico
- ausência de autonomia mental
- querer tirar partido de tudo, se possível de duas coisas ao mesmo tempo mesmo que sejam antagónicas
- obsessão pelo imediato
- facilmente impressionável e influenciável
- recusa a fazer sacrifícios
- crédulo q. b. mas com a convicção de ser moderno
É certo de que não se pode ser radical num juízo valorativo desta natureza! Assumir esta verdade é um acto de coragem, mas também de humildade........ “No creo en las brujas, mas que las hay hay” !
E não me sinto alegre nem orgulhoso!

10 de setembro de 2003

OUTRO PENSAMENTO DO DIA

Veterinário enrabado é dinheiro amealhado.

PENSAMENTO DO DIA

Veterinário és corno serás...

BIGVET

Eu não sei se o defeito é meu, mas na verdade obrigo-me a pensar qual o motivo que assiste, à passividade do cidadão face aos critérios e ao numerus clausus que restringem a admissão dos jovens a antros de formação como o são, as escolas vulgarmente citadas por “bigbrother, ídolos,...” e afins.
Por muito menos assistimos a cenas caricatas de revolta popular (por encerramento de creches ou centros de saúde) ou prantos adolescentes (por verem negado o acesso a uma qualquer faculdade)!
E na realidade, entendo na alma a solidariedade de um pai com as alarvices publicas de um filho! Mais, sou solidário com a dor de uma mãe ao ver a sua cria expulsa pela maioria de uma população de energúmenos de um foro de opinião, por certo mais útil ao país que qualquer assembleia de deputados.
Por isso, assiste-me o direito de colocar um desafio à profissão. Deixem-se de tretas de congressos, de perspectivas e de desafios. Bigvet is waiting for you!!!

9 de setembro de 2003

RIR OU TROÇAR ?

A soma total de todas as experiências pelas quais já passei absolutamente nada valeu para fazer de mim um crente nas boas intenções do Estado no que diz respeito à nova Reforma da Administração Pública e muito menos no que ela acabará por representar na eficácia do funcionamento do todo poderoso MADRP......
Quebrar a rotina burocrática, não se trata dum exercício literário ou dum problema a resolver com um simples diploma e muito menos ela se conseguirá sem uma boa dose de coragem política para afastar da Função Pública pelo menos quem a ela se oponha (mesmo em surdina). O que está em jogo na reforma que se pretende é, fundamentalmente, uma mudança de mentalidade. Na prevista reforma, precisamente no que respeita às chefias, que importância é dada à capacidade de liderança? Não é líder quem quer e se não bastasse saber-se isto, bastaria atentar no que se vem passando no próprio MADRP.......
Quantos funcionários em exercício têm orgulho em desempenhar satisfatoriamente as suas funções, mesmo sabendo que nunca receberão um simples louvor?
Por outro lado, para gerir por objectivos, é fundamental que no patamar de decisão em que essa gestão tiver de ser feita não exista a mínima possibilidade do patamar hierarquicamente superior utilizar o seu “orçamento”, quer para colmatar erros ou insuficiências do próprio orçamento mal elaborado, quer por questões de inqualificável moral. Como todos sabemos, no MADRP há “chefes” que no seu anel límbico parece terem apenas duas amígdalas atrofiadas......
No rol das “boas intenções”, até onde se pretende ir quanto a estes aspectos de liderança e de autonomia financeira? Embora aqui somente aludidos, todavia, estes aspectos são de extrema importância para se obterem bons resultados e se na próxima Reforma não forem devidamente tratados, mais uma vez ela não passará dum fracasso por terem sido deitadas por terra uma série de medidas mesmo que bem equacionadas e legisladas, entre elas a questão da “responsabilização” individual. Não bastará, portanto, que quem esteja debruçado sobre a elaboração da Reforma tenha boas intenções, um currículo fora do comum, mas sim que veja os problemas pelo lado de dentro...... Eles são muito complexos, mas as dificuldades não podem servir para mais tarde serem invocadas para justificar as insuficiências....
Para já dá vontade de rir!

CAÇA AO PIRILAMPO

Segundo o Parque Biológico de Gaia (PBG) e ao contrário do que se esperava, a população lusitana de caga-lumes não é má de todo ("Público" de 07-09-2003).
O relatório do levantamento efectuado (o primeiro a ser feito no país) é claro: a simples percepção da sua distribuição espacial, porque o bicho é um bom indicador do estado do ambiente, permite concluir que a situação portuguesa não é preocupante… luze-luze.

Foi possível saber que no levantamento em causa e segundo o seu promotor:
- A metodologia seguida não permite atribuir validade científica aos resultados;
- As observações efectuadas incidiram apenas em 77 dos 307 concelhos do país;
- Apenas em 4 concelhos foi possível identificar populações de arincus superiores a cem espécimes;
- Em 12 concelhos nem um pirilampo foi caçado;
- Os dados são inconsistentes, já que não é possível confirmar as observações;
mas… e em conclusão, os dados “…vieram mostrar que há uma presença generalizada de pirilampos no território nacional: no Norte, no Sul, no litoral e no interior.” (??????).

Sempre pensei que a escalpelização d’ o bisturi não fosse tão superficial (nem sempre está na mão de um cirurgião ou de um anatomopatologista…), mas o certo é que estas “verdades” estatísticas estão na moda.
Partilho apenas a saudade d’ o bisturi, de caçar vaga-lumes ao entardecer ou, simplesmente, da verdade não ser tão mal tratada.
Serão estas "mentiras estatísticas" apenas um sinal dos tempos, o esforço a sobrepor-se ao sentido crítico ou simplesmente, uma vez mais, a expressão do homem lusitano de excessiva credulidade?

jus et norma loquendi

"o colega já procurou no dicionário o significado de inspecção sanitária, de rastreio, de autocontrolo, de qualidade, de segurança, de erradicação de vigilância, etc, etc, O significado das palavras que se usam para designar acções, estratégias, realizações, no âmbito da Medicina Veterinária e noutros âmbitos cinge-se ao significado expresso no dicionário de Português ou é um produto multifactorial que vai sendo definido, afinado de acordo com as experiências dos vários sectores e de acordo com a legislação que vai sendo produzida ? É preciso que se chamem os bois pelos nomes, ou corremos o risco de não ser entendidos pelos nossos pares."

De facto, o uso é que estabelece as regras da linguagem… Volto a agradecer a observação, destacando que por aqui se vai usando o Dicionário Universal da Língua Portuguesa (texto editora), não nos cingindo à estrita definição do mesmo, designadamente quanto a termos envolvendo um conteúdo técnico relevante.
Por essa razão se teceu um comentário (2) sobre essa questão em anterior post, de que sublinho: “Tão diferentes quanto o reactivo e o proactivo; a correcção e a sanção; a prevenção ou eliminação e a penalização.”

Gostava muito que os bois fossem chamados pelos nomes mas, no caso concreto, não estou investido dessa competência, razão pela qual "fui saber" junto de duas instituições de peso: MADRP e OMV (e até outras…), resultando frustrada tal iniciativa, para os objectivos a que se propunha (encontrar definições de cariz técnico para as designações Fiscalização e Controlo).

Entre os pares há sempre uns "ímpares" que se farão sempre desentendidos, por melhor definidos que os conceitos estejam (até no código de ética profissional) e outros que não perderiam pitada para meter a colherada de sabedores… A uns e outros e a outros mais, aqui fica o apelo novamente: venha de lá o nome dos bois, para jungirmos a Fiscalização e o Controlo.

8 de setembro de 2003

PENSAMENTO DO DIA

Em casa de Veterinário, todos ralham ao bastonário!

7 de setembro de 2003

contrôle

"Parece-me que houve uma ligeira confusão entre controlo e fiscalização. Talvez fosse necessário rever estes conceitos (já estão definidos) para bem da humanidade.”

Fiscalização; verificação; regulação… Agradeço a observação, mas deste lado não há qualquer confusão, contudo, a oportuna chamada de atenção motiva três comentários… até ver:
1 – Estão bem definidos? Onde? Não é com certeza na mente do legislador que gerou (criou?) a última orgânica do MADRP… Estará assente no MADRP? Não se vislumbra! Nalgum outro sítio? Talvez na OMV… Acho que não! Uma viagem por essas paragens, no espaço virtual, é infrutífera e frustrante! Concluo, pois, que o assunto não seja importante, pelo menos para o MADRP e para a OMV.
2 – Realmente há diferenças… e importantes. A sua aplicação, sob o ponto de vista técnico, acarreta consequências na organização e administração dos Serviços, no planeamento e na gestão das acções. Tão diferentes quanto o reactivo e o proactivo; a correcção e a sanção; a prevenção ou eliminação e a penalização.
3 – Somente, sob o ponto de vista semântico, são exactamente a mesma coisa… sem tirar nem pôr!

PENSAMENTO DO DIA

Veterinários nos quadros, trabalhos dobrados!

ex bona fide

"…’tomar o pulso’ às dificuldades que os vets tem com a actual situação do País em chamas?
Será que nenhuma iniciativa pode ser tomada para colaborar?
Tanta solidariedade com os pássaros da Galiza e com os nossos bichos e gentes nada?” CALLAS

De boa fé… será, com toda certeza, a proposta apresentada… aqui fica o eco… com tanta Associação profissional alguma iniciativa virá a ter lugar.

5 de setembro de 2003

JÁ PARA O IRAQUE

Ele há coincidências danadas. A libertação de al-Aqsa Haram Sharuf, a mesquita sagrada de Jerusalém, tem sido uma inspiração para palestinianos.
Das várias organizações destaco as “Brigadas Mártires al-Aqsa”, filiadas na al-Fatah (do mais que conhecido Yasir Arafat) e promotoras da intifada palestiniana e desde o ano transacto perpetrado ataques terroristas contra cidadãos israelitas.

Não têm, portanto, nada que ver com a Agência para a Segurança e Qualidade Alimentar (AQSA) e qualquer semelhança é pura coincidência: uma tem presença constante nos noticiários, da outra ninguém sabe; uma faz estragos quando entra num restaurante, a outra quando entra já os estragos estão feitos; uma é organização terrorista, a outra é um terror de organização; a al-Aqsa é uma mesquita, a AQSA uma desdita; uns são mártires, os outros martírios;

Já agora aqui fica o nosso apoio a Pacheco Pereira: “…no esforço de estabilização do Iraque, e é positivo que Portugal participe.” Sugere-se o envio da AQSA, em substituição da GNR.

Não me fodam II

De facto, muito mais importantes do que o problema das chefias são outros também susceptíveis de comprometer o êxito da Reforma da AP, sobretudo se os seus autores não procurarem entender o que está na base de cada um deles capaz de transformar o êxito na tal “cagada orgânica”......
É evidente que não será necessário “reformar” primeiro o caracter do homem lusitano para só depois se incidir na reforma da AP, mas também não se atingirá o êxito recorrendo apenas à despolitização dos Serviços por meio da responsabilização e duma justa valorização das competências profissional e administrativa.
É igualmente evidente que existem outros valores que também necessitam duma atenção muito especial da Nação, mas cujo tratamento já não cabe no âmbito duma reforma da AP, mas sim duma estratégia a perseguir durante centenas de anos........ Quero referir-me a características muito próprias do “homem lusitano” como, por exemplo, a falta de capacidade de produzir juízos valorativos; a falta de autonomia e independência de julgamento; o desejo permanente de tirar partido de tudo; etc. etc.
Se atentarmos no referido acima não deixaremos de filiar estas últimas características, e algumas outras que propositadamente omitimos, naquilo que no post se designa e com muita razão, por falência da “Escola” (desde o Jardim Escola até à Universidade), um outro aspecto que deveria merecer a maior atenção (exigência) de cada um de nós pois não deixa de ser de extrema importância para o futuro do País.

PENSAMENTO DO DIA

A Veterinária da minha vizinha é melhor que a minha!

excepcio probat regulam

“E os exemplos positivos, não existem? Se calhar só para confirmar a regra, não?!!! Mas que existem, existem. Mesmo nos ditos oficiais...” Rasputine

A excepção confirma a regra… será este um blog dirigido à maioria? Não é assunto que preocupe o escriba de serviço! Nem essa é a questão e sobre o tema aí virá uma reflexão mais séria, mas, para já, em resposta a Rasputine, aqui fica uma citação. “A arte de maximizar o capital intelectual reside na orquestração das interacções das pessoas cuja mente possuí esse conhecimento e especialização” (Daniel Goleman) … e um desabafo: revê a “…actividade dos médicos veterinários (em particular os ditos oficiais)...” enquadrada naquele contexto? Em caso negativo… qual a estratégia que será necessário gizar para o alcançar?

4 de setembro de 2003

QUADRO DE HONRA

Deixe a crítica para nós… durante 15 dias, por gestos, palavras, actos e omissões, não caia na tentação de maldizer um colega, ao invés, e por uma vez que seja, pratique algo a favor do colectivo: dispa-se desse espírito tão lusitano e pense, primeiro, no que pode fazer pela profissão…
Aos que não conseguirem, mesmo assim, evitar a tentação, sugere-se um mecanismo compensador: contribua com 1 Euro para a AACEWMS (Associação dos Admiradores de Clint, East, Wood, Meryl e Streep) … em 15 dias dará para criar um fundo de pensões… prometemos pô-lo à disposição e gestão de todos os Médicos Veterinários!
Se a proposta lhe motiva apenas um sorriso evasivo ou pensamentos do tipo "o que estes querem é enriquecer à minha custa"… já está em dívida... venha de lá esse Euro...
Pense sobre isso!

3 de setembro de 2003

VET LUSITANO

No âmbito da organização do MADRP, por detrás das “contrariedades” inerentes ao desempenho das funções do Vet surge frequentemente arvorado em “chefe”, ou mesmo nos lugares cimeiros da hierarquia, um outro aborígene que - embora possa estar menos tecnicamente preparado, contudo, está sempre mais em concordância com os disparates que resultam da proverbial falta de estratégias (fortuna favet fatuis).........
É por esta razão que por vezes dá-me vontade de agarrar num alfinete e dar umas boas alfinetadas num político bem conhecido que - com PAC ou não; com Barragem do Alqueva ou não - foi responsável por muitos de grandes disparates e que, volta não volta vem a público apresentar opiniões algo discutíveis ainda por cima ignorando, tristemente, que há maneiras de abordar os mesmos problemas com maior utilidade para todos nós..................................................................................

No Chade, foram há pouco tempo desenterrados uns fosseis, restos dum hominídeo, a que os paleontólogos baptizaram com o nome Tomai. Será que na sua época ele era um “parolo” (como um que é bem conhecido por cá)? A investigação efectuada concluiu que este hominídeo tinha vivido há sete milhões de anos, pelo que passou a ser o nosso ancestral conhecido mais antigo. Até então o mais antigo era a Lucy, encontrada no Quénia, cuja existência fora reportada a cinco milhões de anos. A Lucy, aquela que ficou conhecida por Eva Africana !
Se pensarmos que a agricultura passou a ser uma pratica corrente somente a partir de 15-10 mil anos atrás (não havia PAC, nem Barragem do Alqueva, nem políticos), não podemos deixar de concluir que cinco ou sete milhões de anos é um tempo imenso que até é difícil de conceber-se.... Por isso, tudo quanto possa por ora ser dito sobre o que ocorreu durante tão grande período de tempo, necessariamente, até novas descobertas, não passará de pura especulação, embora por cá eu conheça quem se pareça mais com um Tomai do que com um primata evoluído.
Entretanto, sabemos que a principal evolução não incidiu sobre as características morfológicas porque, no essencial, o nosso esqueleto continua a ser praticamente o mesmo que o dos homens que gravaram as pedras do Côa, ou pintaram nas Grutas de Altamira, excepto, justamente, em relação ao tal que agora vem a público dizer mal por estar convencido de que ser da oposição a melhor atitude é mesmo essa! A minha alfinetada baseia-se, justamente no facto do Tomai de cá não saber que na evolução da nossa espécie, o que é mais espantoso é o que respeita à capacidade de transmitir o saber acumulado e não a força bruta. É que o nosso Tomai em vez de transmitir algum saber fica satisfeito dizendo mal por estar na oposição.......(Provavelmente não chegou a assimilar algum saber útil).
Sabemos que o conceito generalizado sobre Evolução está muitas vezes agarrado ao conceito de Selecção Natural, ou seja à ideia da sobrevivência dos mais “fortes”. Talvez seja esta a razão do seu habitual comportamento. Provavelmente centrou a sua atenção mais para os aspectos físicos...... da força bruta muitas vezes necessária no amanho “das lavras”..... Seja como for, esqueceu-se de que na sobrevivência da nossa espécie deve ter contado muito mais que a aptidão física a aptidão intelectual, ou melhor dizendo, a aptidão para transmitir aos descendentes o saber acumulado, fruto da “rede de informações” que possuímos (cérebro). Sabe-se que esta “rede” pode ser desenvolvida por meio de “estímulos” (mensagens), pelo que sou levado a admitir que o Tomai de cá tem um cérebro, em termos evolutivos, mais próximo do cérebro dum analfabeto do que do cérebro dum político.
Sinceramente, preferia estar enganado. De bom grado substituiria esta diatribe pelo reconhecimento de que o dizer mal só por si não tem, seja para quem for, algum significado em termos evolutivos......
( Só utilizei a pontinha do alfinete........).

2 de setembro de 2003

Não me fodam!

A mãe de todos os vícios na administração publica não é por certo só a chefia. O drama é a moral instituída! È a cultura da desresponsabilização, do improviso e do desenrasca. È fundamentalmente a ausência de exigência do cidadão. Ou a sua conivência, porque é mais fácil ter o problemazinho pessoal desenrascado que assumir cidadania até às ultimas instancias!
È um drama de falência de escola porque os medíocres não a podem fazer! E qualquer reforma que não pugne pela competência, pela responsabilização e pelo saber instituir futuro é mais uma periódica cagada orgânica.
E por isso a anunciada reforma da administração não passa disso!
Haja coragem para definir escolas e carreiras de chefias, de se definirem orgânicas em função de estratégias de desenvolvimento, de exigir que o cidadão exija o que lhe compete exigir por direito.

1 de setembro de 2003

MAIS MARCIANOS...

Veterinário precisa-se... em PTbLOGGERS e 100 visitantes em 15 dias! É caso para dizer que a falta de trabalho continua... Nós continuamos!

29 de agosto de 2003

CUIDADO COM OS MARCIANOS

Releve-se o significado prático de Marte nunca ter estado tão perto da Terra nos últimos 60 000 anos, e aí temos mais uma curiosidade astronómica a glorificar a nossa mais que fugaz passagem pelo mundo dos vivos; afinal o fenómeno é periódico, mais milhão, menos milhão de quilómetros, lá vem o planeta vermelho namorar a boa e velha Terra.

Pode ser que influencie as marés no Tanque, onde Polvo e Caranguejo continuam a manobrar a seu belo prazer.
Certo é que vagas de fundo não se vislumbram e, mau grado o aquecimento global, o nível médio das águas do Tanque continua a baixar.

Nem Viriato, nem Afonso Henriques... nem D. Sebastião ou 25 de Abril... à vista apenas eventuais marcianos, mesmo que disfarçados de varejeiras, verdes e chatas que se farta.

Continuamos a ser um bando (cardume) de tainhas a disputar a matéria orgânica à saída do esgoto (enquanto houver esgoto), amedrontados pelo Polvo e o Caranguejo.
Enquanto isto os mais diversos marcianos continuarão a dar um ar da sua graça: como Inspectores Sanitários (qual foi a última criatura entronizada no acto de Inspecção Sanitária? Apresentou relatório à sua subalterna? Já é membro dessa Associação de Médicos Veterinários Inspectores Higio-Sanitários?); sob a forma de Director de Serviço de Saúde Animal (o prazo para aterragem das naves marcianas está a terminar... ainda bem que a política é de não discriminação, porque só vão aparecer marcianos...); até disfarçados de Chefes de Divisão de Bem-Estar-Animal (Este deve ter vindo da Antárctica de Marte para salvar o urso polar do circo...); como Médicos Veterinários responsáveis por explorações avícolas (estes marcianos até usam teletransporte - tipo Star Trek, modelo spock - de modo a poderem estar em dois lugares distantes quase em simultâneo); e mesmo camuflados de clínicos de pequenos animais (agora há para todos os gostos, até "especialistas" em comportamento animal... devem ser Especialidades Tradicionais Garantidas, como a alheira de Mirandela) e por aí fora... Está tudo a ficar verde!

Se o céu não estiver nublado aproveite para dar uma espreitadela ao planeta vermelho (a cor é da ferrugem) e diga lá... com sinceridade... não vislumbra um daqueles marcianos?
Para os mais sisudos ou menos bem-humorados, aproveitem para ler o "Expresso"!

28 de agosto de 2003

VETERINÁRIO PRECISA-SE II

O governo anuncia os ante-projectos de reforma da Administração Pública, prevendo, entre outros, a extinção dos concursos para o provimento de chefias intermédias, mas vai daí, e antes que o estrugido se queime, a Direcção-Geral de Veterinária aproveita o pacato mês de Agosto para anunciar o concurso para preenchimento do cargo de Director de Serviços de Saúde Animal.

Como a DGV “…promove uma política de igualdade de oportunidades entre homens e mulheres… providenciando escrupulosamente no sentido de evitar toda e qualquer forma de discriminação…” (a língua portuguesa é cheia de redundâncias e qualificativos), ficam a saber que, macho ou fêmea, caucasiano, africano, índio ou asiático, cristão ou muçulmano, nada obsta a que concorra, basta ser veterinário, ou melhor, licenciado em Medicina Veterinária, não precisa ser profissional porque a cédula profissional não é exigida.
Nem sequer são condições preferenciais deter conhecimentos em Epidemiologia, Estatística, Informática Aplicada ou coisas mais comezinhas como gestão e administração.

O nível de exigência continua baixo, decadentemente baixo… estão à espera de quê? Bom… se apenas um romancista de circulares… então não valia a pena ter aborrecido os Irlandeses!

De qualquer modo já se perfilam entusiásticos candidatos, de Trás-os-Montes ao Alentejo e nem precisam de conhecer a fórmula classificativa, basta que o júri a conheça!

Aos candidatos se deseja a melhor sorte do mundo… com um júri, com o gabarito do que é anunciado, ser candidato já é um acto de coragem!

27 de agosto de 2003

FISCALIZAR, COMO?

É previsto que desde a “exploração pecuária propriamente dita” até ao comercio a retalho, com vista a poder-se garantir vários aspectos envolvidos (entre eles os relativos à Saúde Pública e à Sanidade Animal) sejam instituídos controlos sistemáticos. Se não existir rigor, os objectivos não serão atingidos..... Uma falha num dos elos daquela cadeia comprometerá o resultado final. Ora a falta de rigor que caracteriza o MADRP faz prever o pior. E não estou “apenas dizendo mal” pois há tempo tive acesso a um relatório duma missão da UE que se deslocou ao nosso país para avaliar as tais operações de controlo e.... nem de propósito! Foram encontradas falhas clamorosas. É uma tristeza fazer parte duma estrutura que não é capaz de se organizar convenientemente a despeito de lhe serem proporcionadas ajudas preciosas desde há muitos anos.
Com que base se montou a estratégia adoptada (se é que alguma existiu) e quais seus custos? Pelos vistos, nada, como é habitual. Não é só neste aspecto particular que se evidencia a falta de competência nas decisões, a ponto de ser indiscutível que um dos grandes “males” da Administração Pública é a falta de estratégias adequadas apesar das diversas reestruturações anteriormente levadas a cabo evidenciarem sempre grande incompetência ao nível dos principais patamares de decisão e não propriamente ao nível dos funcionários a quem aquela fiscalização pudesse competir. Umas vezes, em consequência do próprio governo (eventualmente em exercício) não considerar que seja necessária uma fiscalização sistematizada; outras vezes por se adoptar um raciocínio miserabilista muito em voga (o “óptimo é inimigo do bom” quando o que fica em causa não é o óptimo mas o banal.....” ); quer por se seguirem regras que, embora adoptadas por alguns dos nossos parceiros comunitários, se mostram inadequadas entre nós por falta de civismo e de espírito crítico, quando não por estarem entranhadas a corrupção e a incompetência........
No entanto, todos sabemos que a falta de fiscalização (nos seus variados aspectos) lesa extraordinariamente o OE, tal como acontece quanto à sinistralidade rodoviária ( Saúde, Trabalho e Família) e à cobrança de impostos; quanto à qualidade das águas ( Saúde); incêndios florestais; e insegurança em geral; etc.; etc.
Mais uma vez, apesar da propalada reforma da AP, o país irá ser confrontado com uma situação que os veterinários poderiam resolver facilmente. Todavia, por mercê de critérios que nada têm a ver com a falta de qualificação adequada dos mesmos, é previsível que mais uma vez venham a ser afastados da fiscalização..... Mais uma vez, outros “valores” os sobrepujarão, talvez de índole política, mesmo que os custos para o Erário Público se tornem elevados e muito para além do que se deveria esperar.
Governo sai governo entra e sempre acontece o mesmo! Nunca se avaliam as situações, nunca ninguém é devidamente responsabilizado, embora se afirme que sim e que se pretenda uma maior competitividade, como se esta nada tivesse a ver com competência técnica e rigor profissional. De cima, são frequentes os maus exemplos!
Estará na moda passar para a actividade privada algumas competências do Estado. Mas passar como, se a própria AP não tem sabido como fazer para melhor exercer a sua função? Passar apenas a intenção e deixar experimentar um exercício onde igualmente falta experiência?
Poderá a AP estar cheia de boas intenções, mas uma coisa é indiscutível: - Nos anos que já passaram não deu provas de ser capaz de estruturar adequadamente o MADRP e não foi por falta de “novas reformas”. Ninguém no Governo é capaz de avaliar convenientemente a situação. Parece que ninguém é capaz de ver o problema pelo lado de dentro. Pior do que isso, parece que nas instâncias superiores do MADRP ninguém é capaz de admitir que a “verdade” não está apenas do lado de quem detém o poder de decisão.......
A avaliar pelo site do Ministério das Finanças http://www.min-financas.pt é de gritos o que aí vem, podem crer..... Vale a pena darem uma olhadela!

OS ROLLING STONES DA VETERINÁRIA

A sério… sem qualquer tipo de anti-revivalismo, esta dos antigos alunos da Faculdade de Medicina Veterinária formarem uma Associação é das melhores da temporada, bem sei que ainda estamos na chamada silly season, mas a escritura de constituição já vem de Abril último.
Que anualmente cuidassem de reunir os Antigos e Actuais Alunos, como em bom tempo cuidaram de o fazer a Associação de Estudantes, ainda vá que não vá (ao tempo era praticamente a única oportunidade de ir a Lisboa sorver um pouco de ciência e reencontrar velhos companheiros), mas agora esta de criar uma Associação com os fins que se anunciam não lembrava o diabo.

Se as atribuições invocadas são eminentemente de carácter profissional, porque razão o esforço não é canalizado para as Associações da profissão: Sindicato, Ordem e Sociedade de Ciências Veterinárias (com os seus satélites)?
Estará Lisboa a querer mostrar a sua superioridade em relação a Vila Real, a Évora, ao Porto ou a Coimbra (e outras que venham)? Se é isso… então é dar-lhes… mesmo assim prefiro ficar em casa a ouvir um CD dos Rolling Stones, que ir a um concerto dos Linkin Park!
Já estou a ver o ar embeiçado dos Antigos Alunos de Vila Real (sim, porque os outros ainda não conseguem reunir dez elementos para firmar uma escritura…)! E os docentes de Vila Real? Aqueles que foram antigos alunos de Lisboa? Esses até vão inchar de soberba!...

Tem muito que se lhe diga, esta de estreitar relações de natureza profissional entre titulares de um grau académico, quando afinal profissionais são todos os Médicos Veterinários, independentemente do local onde obtiveram o seu grau de licenciatura: ou será que a solidariedade profissional com outros licenciados, até no estrangeiro, é coisa peçonhenta lá para os lados do Alto da Ajuda?

Uma coisa é certa, a plena realização dos objectivos da Faculdade de Medicina Veterinária (Lisboa, Vila Real, etc. etc. … todas), só poderá realmente ter lugar se os docentes saírem dos seus casulos e descerem ao mundo real. Eminentemente teóricos têm uma visão, do que se passa “lá fora”, muito enviesada, e do seu pedantismo urbano sobra apenas um olhar curioso e uma manifestação, pouco sincera, de admiração e surpresa pela rusticidade da província.
Regurgitem os garfos, deitem fora o ar cagalizado e os sorrisos de superioridade intelectual (perdoem-me as excepções) e se realmente querem essa ligação da Faculdade à vida prática, tenham a coragem de eleger uma Direcção sem elementos do corpo docente, representando os diversos sectores profissionais.

E já agora, expliquem lá o que é isso de um fórum de reflexão que contribua para estreitar as relações entre alunos, ex-alunos e docentes. Vão reflectir sobre que temas? Que relações querem estreitar?
Que seja necessário alguém dizer à Faculdade como promover a ligação à Sociedade e que respostas, em termos de Investigação e Desenvolvimento, são necessários, não se estranha. Mas para isso bastaria que o corpo docente se munisse de humildade suficiente… aliás ocorre perguntar… não será a humildade um sinal de capacidade intelectual?
Deixem então a atitude dogmática de que a verdade científica está apenas de um lado… sempre serviria para alguma coisa, mais uma Associação.

Mas a verdade é mais nua e crua: Lisboa perde terreno que quer recuperar, as Associações que hoje representam a profissão não têm mais como denominador comum a Gomes Freire/Alto da Ajuda e isso é supinamente incomodativo; saibam então acertar o passo, todas as Faculdades de Veterinária, para um bem comum: o nível de formação científica, intelectual e moral do Veterinário do novo milénio, desenterrem o nariz do umbigo, que ainda enquistam que nem bicho da conta… a Sociedade agradece!

Entretanto vou ficar a ler o According to The Rolling Stones, uma biografia pelos próprios, ao som de You can’t always get what you want ou Gimmie shelter… coisas antigas por coisas antigas, vale bem mais a pena!

22 de agosto de 2003

INCOMPATIBILIDADE AH AH AH

Desconformidade... discordância... inconveniência... oposição... repugnância... são os sinónimos que mais suscitam a sensibilidade de quem assiste aos atropelos a tal princípio, agravado pela complacência conivente de governantes e altos dirigentes da Administração Pública.
Que os Sindicatos se calem é que já é de bradar aos céus... Estamos em crer que saberão concerteza que há Directores de Serviço que exercem actividade, até de coordenação, em Organizações de Produtores, que há Directores que mantêm a responsabilidade técnica de certas Explorações Pecuárias, que muitos Chefes de Divisão sustentam relações de trabalho privado (exercí­cio de clí­nica), mantendo com os mesmos criadores uma relação de serviço público... enfim... só para ser breve.

Já acendi uma vela a S. Francisco para que a reforma da AP, tão propalada pelo governo, possa contribuir para pôr cobro, ainda que a prazo, a essas situações indecorosas, só que entretanto, ao consultar (http://www.min-financas.pt/v30/Destaques/anteprojectos.html) os ante-projectos de "Reforma da Administração Pública", foi como abrir a janela em dia de vendaval... puffff... a vela apagou-se!

Não se ponham a pau e verão que a maldita reforma será espúria, mesmo que inebriante para alguns. Salte alguém do aquário para batutar os salmonetes e bacalhaus, carapaus e sardinhas e toda a cardumada!