9 de setembro de 2003

CAÇA AO PIRILAMPO

Segundo o Parque Biológico de Gaia (PBG) e ao contrário do que se esperava, a população lusitana de caga-lumes não é má de todo ("Público" de 07-09-2003).
O relatório do levantamento efectuado (o primeiro a ser feito no país) é claro: a simples percepção da sua distribuição espacial, porque o bicho é um bom indicador do estado do ambiente, permite concluir que a situação portuguesa não é preocupante… luze-luze.

Foi possível saber que no levantamento em causa e segundo o seu promotor:
- A metodologia seguida não permite atribuir validade científica aos resultados;
- As observações efectuadas incidiram apenas em 77 dos 307 concelhos do país;
- Apenas em 4 concelhos foi possível identificar populações de arincus superiores a cem espécimes;
- Em 12 concelhos nem um pirilampo foi caçado;
- Os dados são inconsistentes, já que não é possível confirmar as observações;
mas… e em conclusão, os dados “…vieram mostrar que há uma presença generalizada de pirilampos no território nacional: no Norte, no Sul, no litoral e no interior.” (??????).

Sempre pensei que a escalpelização d’ o bisturi não fosse tão superficial (nem sempre está na mão de um cirurgião ou de um anatomopatologista…), mas o certo é que estas “verdades” estatísticas estão na moda.
Partilho apenas a saudade d’ o bisturi, de caçar vaga-lumes ao entardecer ou, simplesmente, da verdade não ser tão mal tratada.
Serão estas "mentiras estatísticas" apenas um sinal dos tempos, o esforço a sobrepor-se ao sentido crítico ou simplesmente, uma vez mais, a expressão do homem lusitano de excessiva credulidade?

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