Não, não pretendo apropriar-me da obra de Dostoievski, apenas partilhar com o leitor o sentimento de frustração da “moderna” filosofia que exalta o valor do castigo como redentor de todas as faltas, exactamente porque o conciliábulo ou simplesmente a indiferença, para não dizer a conivência tratarão de bloquear a sanção, que é como quem diz: vale a pena correr riscos, pois o acto repreensível será ou não punido, provavelmente não!
Vem o caso a propósito da “mania” entranhada no torrão lusitano, de reportar a bondade de qualquer iniciativa, processo, programa ou projecto, ao espectro do efeito sancionatório que, qual espada de Dâmocles, sustentaria, só por si, o êxito dessa iniciativa, processo, programa ou projecto, exactamente porque os riscos saneariam qualquer veleidade de os correr.
A cólera que tal panorama motiva chega a ser incontrolável, qual ética qual quê, se a realidade e a experiência demonstram a cada segundo que nada acontece por essa via, que valores poderão suster a revolta que me impele contra os defensores dessa “filosofia”, por muito boas possam ser as intenções de quem a defende?
Não é óbvio que os princípios que regem as leis, os códigos, as boas práticas… só poderão redundar em resultados práticos visíveis, ao desenvolvimento, à melhoria das actividades, se esses princípios forem interiorizados e concretizados com plena consciência e empenho daqueles a quem se dirigem?
Então que raios de razões explicam as boas vontades da tanto dirigente, críticos e objectivos ontem e hoje tão complacentes com o “sistema”?
Podem legislar, normalizar, harmonizar directivas, fazer trinta por uma linha, se não for concomitantemente assumida uma profunda mudança estratégia da mente, que comece naturalmente pelo ensino e formação (estatuto cognitivo), passando pela mudança de atitude e depois de comportamento, continuaremos a usar as novas tecnologias a modos do homem de Cro-Magnon.
Ao assunto voltarei, sempre… com exemplos muito concretos, coisas de convicção inabalável!
26 de setembro de 2003
CRIME E CASTIGO
Pareceu a Clint às 22:28
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