15 de setembro de 2003

Mea Culpa

Sempre se encarou a profissão como uma fénix. Sempre na vã esperança de ver ressurgir o brilho que lhe atribuem em tempos passados. Por coincidência sempre conotado com o antigamente, com o saudosismo, com coisas tão estranhas para os jovens licenciados de hoje como intendências, juntas e outras...
Por certo que reconheço ter aprendido muito com quem percorreu tais caminhos, ainda de morte recente quando iniciei a profissão. Mas aprender também tem defeitos. E este processo teve um defeito fundamental. Na verdade pertenço a uma geração produto do fim de uma escola única. Uma geração que foi confrontada com a ascensão e queda do mundo rural. Uma geração que, porventura, não soube fazer a ponte entre o passado e o porvir, enleada no fascínio dos fantasmas do passado. Uma geração que não soube aproveitar a riqueza de saber e sentir que essa transição lhe poderia trazer. Uma geração que ao viver na ilusão do retorno de glórias passadas, não soube criar as alternativas de evolução à realidade que se lhe colocava.
Acredito ainda estarmos a tempo de não nos vermos caducos velhos do restelo, roídos de inveja e medo, a fazer tardar a catarse da profissão. Tal fénix...

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