8 de junho de 2009

ADOPÇÃO OU OUTRA OPÇÃO?

Adopção significa tomar ou receber por filho (segundo preceitos legais)... falar em adopção de cães (e gatos) não parece muito correcto à luz dos valores civilizacionais vigentes, a não ser que essa seja a intenção de quem tanto fala em adopção.

A confrangedora antropomorfização que resulta nesta sistemática alusão à adopção de cães (e gatos), bem patente aliás, neste sítio, colide com o sentido técnico das medidas de gestão da população canina (e felina).

Se a correcta terminologia é a de realojamento, não é menos verdade que todos os esforços desenvolvidos no realojamento de cães (e gatos), tidos sem ter em conta a multiplicidade de factores que influenciam a gestão (humanitária) da população de cães (e gatos), podem ter um efeito contraproducente.

A criação e sobretudo a publicidade em torno dos centros de recolha e realojamento de cães (e gatos), facilita a vida aos detentores que se queriam descartar de um animal. O mecanismo em vez de ir às causas trata dos sintomas.

O assunto reveste-se de uma componente emocional nada negligenciável… isso é sabido, mas até por esse motivo (ou sobretudo por esse motivo) as iniciativas deveriam ser mais discutidas pelos diferentes parceiros. Não em programas de televisão, mas em consulta séria e racional.

O dever de diligência dos proprietários e a detenção responsável de cães deve ser a roda motriz desta discussão, os outros aspectos devem beneficiar de um input mais técnico que emotivo.

Até lá continuarei a rejeitar, com repulsa, o conceito de “adopção” e a encarar com desconfiança o papel dos centros de recolha e realojamento.

5 de junho de 2009

MAUS CHEFES PROVOCAM ATAQUES DE CORAÇÃO

Uma dedicatória a todos os colegas que trabalham nas Direcções de Serviços Veterinários Regionais (DSVR)...

Obrigado Isabel Stilwell

4 de junho de 2009

EPÍLOGO

Uma mensagem circular por correio electrónico…

"2009.06.03 - Mudança de Instalações OMV

Informamos os Colegas que iremos proceder nos próximos dias 8 e 9 de Junho à mudança das instalações da Sede da Ordem dos Médicos Veterinários e do Conselho Regional do Sul para a Rua Filipe Folque, Nº 10 J - 4º andar Dtº e 4º andar Esq. - 1050-113 LISBOA.

Mais informamos que se manterão os contactos habituais (telefone, fax e email).

Assim, estaremos ao v/ dispor nas novas instalações a partir de 15 de Junho de 2009.

Lisboa, 03 de Junho de 2009


O Bastonário

João Pedro Sameiro de Sousa"

Um dia alguém trará toda a verdade sobre este "abandono" das instalações da antiga Escola Superior de Medicina Veterinária (ESMV).

Não vou aqui repetir a opinião que já expressei, apenas sublinhar alguns aspectos:
- a unanimidade dos docentes da Faculdade de Medicina Veterinária de Lisboa e em particular o empenho daqueles que foram eleitos para diversos órgãos da Ordem nesta solução...
- a complacência do Conselho Directivo que não necessitou sequer de ser notificado para abandonar as instalações... saiu de moto próprio...
- a conivência da Sociedade Portuguesa de Ciências Veterinárias nunca interessada numa solução de parceria com a Ordem...
- o empenho da Mesa da Assembleia Geral em rapidamente sancionar uma solução de abandono da antiga ESMV…

E não há quem se indigne?

2 de junho de 2009

DIA MUNDIAL DA VETERINÁRIA II

Tal como sublinhei, o Dia (25 de Abril) passou em claro em Portugal… aliás as Organizações Veterinárias parecem andar adormecidas, diria mesmo, anestesiadas, com o que se passa à sua volta.

Aqui deixo, conforme divulgado pela newsletter da Federação dos Veterinários da Europa (FVE), a foto de Paul Versteeg, retratando o Veterinário Dr. Arnout Dekker, com a qual venceu o concurso fotográfico organizado em celebração do Dia Mundial da Veterinária 2009, na categoria de “Veterinários e criadores: uma parceria ganhadora”.

1 de junho de 2009

PICANÇO BARRETEIRO

A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) organiza no dia 27 de Junho o Dia do Picanço-barreteiro... vai ser na Herdade do Freixo do Meio (perto de Montemor-o-Novo).

Mais pormenores aqui... o objectivo da iniciativa reside na sensibilização para o rápido decréscimo das aves agro-florestais devido às alterações climáticas e aos processos e políticas agrícolas.

O ANIMAL É UM ANIMAL, É UM ANIMAL

1. A defesa do exercício da profissão Veterinária, enquanto objectivo central da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV), justifica uma posição da OMV sobre os “direitos dos animais”.

E porquê? Porque os Médicos Veterinários são os provedores do Bem Estar Animal, os intervenientes de primeira linha na defesa dos animais, os principais profissionais com obrigação ética, assumida, em garantir a sua protecção.

Sobre esta questão de princípio é essencial seja garantido um consenso generalizado, a não ser assim não vale a pena prosseguir com qualquer discussão ou reflexão sobre a questão dos “direitos dos animais”.

2. Importa pois sublinhar, mesmo que a questão possa parecer indiscutível, alguns dos fundamentos deste princípio e sobretudo, os instrumentos já firmados nesse sentido.

- Olhando para o Estatuto da OMV... “É dever dos médicos veterinários, em geral, exercer a sua actividade com os adequados conhecimentos científicos e técnicos, o respeito pela vida animal...”. Sendo este o primeiro dos deveres invocado no capítulo da Deontologia Profissional (Artigo 17º), resulta clara a importância atribuída ao respeito pela vida animal.

- Se dúvidas houvesse sobre o compromisso dos Médicos Veterinários, bastaria ainda ter em consideração o Código Deontológico Médico Veterinário, que impõe aos “...aos Médicos Veterinários o dever de exercer a sua actividade com os adequados conhecimentos científicos e técnicos, o respeito pela vida e bem estar animal...” (nº 2, artigo 2º), enfatizando assim o compromisso com o Bem Estar Animal.

- O Código de Conduta Europeu e Acto Veterinário, guias das profissão em toda a Europa, apresentado pelo presidente da Federação dos Veterinários da Europa (FVE), Walter Winding e pelo Director-Geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), Bernard Vallat, sublinha, logo no preâmbulo, o objectivo em garantir que os Veterinários prestem serviços de grande qualidade para benefício da Saúde Animal, Bem Estar Animal e Saúde Pública.

O Código em causa, não só estabelece uma clara prioridade ao Bem Estar Animal no capítulo dos princípios específicos, como consagra, na primeira parte do capítulo relativo à implementação de valores essenciais (Veterinários & Animais), que “Os Veterinários devem estar conscientes do estatuto ou condição ética dos animais, enquanto seres sencientes e a responsabilidade do veterinário pela saúde e bem estar animal”, prosseguindo com outras recomendações relativas ao Bem Estar Animal, incluindo as chamadas “cinco liberdades”.

- O Código de Boas Práticas Veterináriasainda que de aplicação voluntária, constitui referência essencial. Trata-se também de documento de política da FVE, ratificado pela OMV (aliás traduzido para português e distribuído a todos os Médicos Veterinários).

Sendo referência dos princípios éticos e de conduta dos Médicos Veterinários, na prestação de serviços (qualquer que seja o ramo da profissão médico-veterinária), este instrumento dá prioridade aos animais: (1) salvaguarda do Bem Estar e Saúde Animal, (2) enfatiza as “cinco liberdades” na avaliação do Bem Estar Animal, (3) promove uma atitude proactiva na resolução de todas as situações de violação do Bem Estar Animal e (4) defende o tratamento de todos os animais com respeito.

3. Com base neste ponto de partida, que os Médicos Veterinários assumem conscientemente um papel de primeira linha de Protecção e Salvaguarda do Bem Estar Animal, poderemos então sustentar o plano de iniciativas da profissão sobre o tema.

Suponho que se justifica uma posição da profissão Veterinária no esteio da Declaração Universal dos Direitos dos Animais, enquanto acordo promovido pelas Nações Unidas, que reconhece os animais como seres sencientes.

A Declaração em causa deixou de ser uma mera expressão de intenções e hoje surge sustentada em outros documentos de política, designadamente na União Europeia (UE). Para além do apoio formal da Comissão àquela Declaração, a UE, através do Tratado de Amsterdão (2 de Outubro de 1997), introduziu o princípio de protecção e respeito pelo bem estar dos animais enquanto seres com sensibilidade.

Acrescenta o Tratado que “Na definição e aplicação das políticas comunitárias nos domínios da agricultura, dos transportes, do mercado interno e da investigação, a Comunidade e os Estados-Membros terão plenamente em conta as exigências em matéria de bem-estar dos animais, respeitando simultaneamente as disposições legislativas e administrativas e os costumes dos Estados-Membros, nomeadamente em matéria de ritos religiosos, tradições culturais e património regional.”

Pode, e deve, a profissão, a nível Europeu, tomar uma posição de princípio, despida de qualquer componente emocional, sustentada em princípios científicos, expressando objectivamente o reconhecimento dos animais como seres com sensibilidade, em particular os designados animais domésticos.

Mas deve a profissão ir mais longe, suportando a revisão do estatuto jurídico dos animais em Portugal por forma a garantir que sejam considerados como entidades de direito despersonificado?

As consequências jurídicas devem ser sopesadas, discutidas, reflectidas e assumidas, por isso se impõe a sua discussão urgente. Portugal e as organizações Veterinárias Lusas poderiam e deveriam dar o exemplo. Os diversos aspectos e componentes do problema e o seu enquadramento legal, sociológico e civilizacional urgem ser considerados.

Roma e Pavia não se fizeram num dia, mas fizeram-se, e para isso foi preciso começar. Porque não começa a OMV, eventualmente em consulta com outras associações (Sindicato à cabeça dada a parceria na FVE) a discutir o assunto?

31 de maio de 2009

DENÚNCIA

No blog da Associação Nacional dos Médicos Veterinários dos Municípios (ANVETEM):

"O presente caso é apenas a ponta do "iceberg" e, desde sabermos que há médicos veterinários a esterilizar "probono", sendo subsequentemente essas cirurgias cobradas a quem adopta os animais através de intermediários que se identificam como pertencendo a associações de protecção animal, até ao comércio e alojamento ilícito de animais, bem como ainda actos clínicos médico-veterinários não executados por médicos veterinários, temos sabido um pouco de tudo e reencaminhado cada caso para as entidades competentes nas diferentes matérias."

Que autoridades competentes? Quantas destas situações foram já comunicadas ao Conselho Profissional e Deontológico?

Passo a publicidade ao blog indicado... Então estas situações não configuram responsabilidade disciplinar? Não é o blog em causa mantido pela Médica Veterinária Ana Elisa? Não é a mesma membro do Conselho Directivo da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV) e presidente da ANVETEM? O que está à espera para participar dos casos no local próprio (Conselho Profissional e Deontológico?

Podem até levantar-se mil vozes contra este escriba... gostava que abalassem a lógica das questões colocadas. Se tal não acontecer (e dentro dos limites que se pode arrogar um blog anónimo) tirarei as minhas conclusões... com muita pena!

26 de maio de 2009

"VETERINÁRIO PRECISA-SE..." EM PENICHE

Entre os dias 22 de Maio (Dia Internacional da Biodiversidade) e 5 de Junho (Dia Mundial do Ambiente), o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) leva a cabo uma iniciativa que designou de Dias Verdes, com o objectivo de divulgar a rede NATURA 2000.
Em 2009 os “Dias Verdes” são dedicados aos “30 anos da Directiva Aves”.

A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) não poderia deixar de se associar, tendo, no âmbito do projecto de rede ibérica de monitorização de aves e mamíferos marinhos, organizado uma acção de observação de aves marinhas, no cabo Carvoeiro, em Peniche, junto à célebre “Nau dos Corvos” (ilhéu escarpado junto à costa), que dá aliás nome ao restaurante ali existente.

O “Veterinário precisa-se...” não pode deixar de agradecer a disponibilidade do colega que participou nas observações e colocou ao dispor da nossa redacção as imagens e experiência recolhida no local onde, Joana Andrade, da SPEA, orientou os diversos participantes e curiosos.

Balanço: para além das muitas gaivotas de patas amarelas, foram vistos andorinhões, cagarras (várias), pardelas, alcatrazes (dois belos exemplares), corvos marinhos e uma família inteira (dois adultos e dois juvenis) de falcões peregrinos, a viver na Nau dos Corvos.

Não se sabe se a Autarquia tem alguma equipa especializada no assunto (como para o acompanhamento de cetáceos que dão à costa), certo, certinho é que da edilidade não se viu ninguém no local, nem mesmo a Médica Veterinária do Município, talvez ocupada com a campanha de vacinação anti-rábica.

Uma bela jornada... cuja partilha agradecemos ao colega que lá esteve e que permite ao “Veterinário precisa-se...” sublinhar a importância no envolvimento de mais Médicos Veterinários nos temas do ambiente e da biodiversidade, aliás figurados por ondas prateadas no símbolo da Ordem.

Pena que a Sociedade Portuguesa de Ciências Veterinárias (SPCV) e em particular a sua satélite Sociedade Portuguesa de Epidemiologia e Medicina Veterinária Preventiva (SPEMVP), não estejam interessadas em “estabelecer a ponte” com áreas científicas da profissão potencialmente interessantes à futura dedicação profissional de jovens Médicos Veterinários.

Foto de António José Paulino, em “Pramelhor

24 de maio de 2009

CANIS: PRIMEIRO O QUE VEM PRIMEIRO

A notícia da Rádio Condestável, repercutida de imediato pela nossa vizinha ANVETEM suscita algumas questões, não resultantes deste projecto de Canil Intermunicipal em particular, mas da visão, missão, fins e natureza deste tipo de projectos.

Uns vêm nestas iniciativas o suporte à captura de cães vadios/errantes e os aspectos de Saúde Pública subjacentes, outros a protecção dos animais abandonados e a possibilidade de os conduzir para adopção. Há projectos que resultam de pressões locais sobre as Autarquias, promovidas por associações de defesa dos animais; outros resultam de objectivos mais ou menos altruístas dos edis ou de imposições legais.

Na maior parte dos casos o funcionamento dos canis está condicionado por aspectos conjunturais: capacidade do canil (numero de capturas versus adopções/abate), interesse/empenho dos MVM, pressões de outras entidades interessadas, dinamismo das comunidades intermunicipais, etc. etc.

Eventualmente seria estulto pensar numa realidade perfeita, onde todos estes interesses não fossem jogados de forma desajustada, mas mesmo que assim não fosse, caberia à profissão Médico Veterinária manter e defender uma doutrina única, apenas condicionada pelo bem estar da população e a protecção e bem estar dos animais., sem prejuízo da valorização e aperfeiçoamento da sua capacidade de intervenção enquanto grupo profissional.

É pena que a este propósito, e tal como defendido pela Ordem dos Médicos Veterinários (OMV) e o Sindicato Nacional dos Médicos Veterinários (SNMV) junto da Federação dos Veterinários da Europa (FVE), não seja seguida a orientação estratégica aprovada “Uma profissão, uma visão, uma voz”.

Em primeiro, o que está primeiro: o controlo das populações animais.

Para tanto há questões muito simples a exigir, e em particular a serem defendidas e promovidas pela profissão Veterinária, por quem tem a função de a representar, e se for possível, em sinergia com outras Associações Profissionais: o registo e identificação obrigatório de cães, a esterilização de cães e gatos e, se necessário, por razões de Saúde Pública, a eutanásia de animais vadios (executada por Médicos Veterinários utilizando métodos humanos e científicos que garantam o bem estar animal).

Nem se pense que o “Veterinário precisa-se...” inventou alguma coisa... infelizmente não... limitou-se a “espreitar” a Convenção Europeia para a Protecção dos Animais de Companhia e a apresentação da FVE relativa às actividades da Federação na área do Bem Estar Animal.

Em segundo plano, e não menos importante: a OMV deve bater-se para que os seus membros assumam maiores responsabilidades na promoção do bem estar animal, defendendo e apresentando a visão da profissão junto dos cidadãos, instituições e órgãos do Estado e da Administração, propondo o reforço desta disciplina na formação Veterinária e nos esquemas de Aprendizagem ao Longo da Vida.

Tudo o mais nos transcende... mesmo que esse “mais” possa fazer parte de um plano de cooperação com a intervenção do Médico Veterinário.

21 de maio de 2009

CLARO COMO A ÁGUA

Dito de forma clara, para quem quis ouvir o Director-Geral de Veterinária, no jantar debate em Vila Real, no passado dia 15 de Maio:

1. Todos os Médicos Veterinários, com contrato de avença com a Direcção-Geral de Veterinária (DGV), serão integrados através de Contrato Individual de Trabalho.

2. As funções do Médico Veterinário Municipal serão claramente definidas: na DGV ou nos Munícipios... o que não se manterá é a situação de "dupla tutela".

O Bastonário estava presente... assim como colegas naquelas situações.

GRIPE A (H1N1) UPDATE 21 MAIO

Dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Ver aqui.
10 243 casos, em 41 países.
Incluídos 72 casos fatais no México, 6 nos EUA, 1 no Canada e 1 na Costa Rica.

Dados trabalhados pelo Departamento de Projecções Integradas Nico-Anacrónicas (DPINA) do “Veterinário precisa-se…”

20 de maio de 2009

DORMIR DESCANSADO

Segundo o news on line, uma operação levada a cabo pelos militares da Guarda Nacional Republicana, Serviços de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA), com a colaboração dos Serviços Veterinários, num estabelecimento de restauração em Oliveira de Azeméis, resultou na apreensão de 2 FRANGOS 2 “...já abatidos e sem certificado de inspecção sanitária que se destinavam para consumo no restaurante.”

Podemos dormir descansados, eram mais os agentes que as unidades apreendidas... o problema é que não há “restaurante que se preze”(1) que não prepare um “pica no chão” (por encomenda ou não), cujas propriedades palatais superam “o crime e a cumplicidade” de restaurante e consumidor.

Não estando em causa a inconformidade de tal situação no actual quadro legal, muito menos a intervenção da autoridade, sempre perguntarei: alguém me diz onde se pode comer um “pica no chão”, mimoseado por uma canja do mesmo? (os vegetarianos que me perdoem...)

Por outras palavras... o que é preciso fazer para garantir aquele prazer, sem ter que responder em tribunal? Mudar a Lei? Promover qualquer projecto produtivo alternativo?

Aparentemente “O Ribeiro” terá resolvido este problema... ou terei que comprar sete latas de tinta?

(1) Restaurante geralmente em zonas rurais ou citadino-marginais, não incluído em circuitos gastronómicos requintados, não obrigatoriamente económico.
*Fotografia de Helena

UM PESADELO

No DN Portugal: “Não é o sonho de uma vida, mas é um sonho para uma vida. Helena Lalanda, 33 anos, levou 11 anos a tentar entrar em Medicina Veterinária. Entretanto, deixou as Caldas da Rainha onde vivia, licenciou-se em Biologia e foi professora universitária. Ontem [16 de Maio], sentiu-se mais finalista que em outras etapas, porque está no 6.º ano de Veterinária, a formação que sempre desejou.”

Não sei fazer as contas, nem a equivalência conseguida, muito menos o ano 6... a Veterinária está na moda, infelizmente... sem bases estatísticas, parece-me que as opções pela carreira se fundamentam mais em questões de natureza emocional, que em razões técnicas e científicas ou de vocação profissional.

Um sonho para uma vida... um pesadelo para um colectivo.

19 de maio de 2009

PIOR ERA DIFÍCIL

O Ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, proferiu o discurso inaugural nas Conferências “Uma só Saúde”, promovidas pelo Conselho Regional do Norte (CRN) da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV). Foi na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Sábado, dia 16 de Maio.

O CRN “serviu de bandeja”, ao Bastonário da OMV, a possibilidade de expressar, ainda por cima em público e a um Ministro “de topo” na hierarquia do governo, a posição da Ordem sobre as prioridades políticas que espera do executivo, na defesa e salvaguarda da dignidade da profissão Veterinária.

As circunstâncias de óbvia substituição política do Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, pelo Ministro da Presidência, num momento em que são sabidas as queixas do Bastonário à indiferença do Ministro Jaime Silva a vários pedidos de audiência, apenas realçava a importância do momento.

Mais... foi a primeira grande oportunidade de lobby “político” deste Bastonário e deste Conselho Directivo, que se esperava não ser desperdiçada...

Nada... o Bastonário limitou-se a palavras de circunstância, monocórdicas, contidas e pior que tudo, despidas de conteúdo sério... pior era de facto difícil.

POPPY

A única escola de cães guia em Portugal, criada pela Associação Beira Aguieira de Apoio ao Deficiente Visual (ABAADV), lançou em Janeiro passado a mascote "Poppy", imagem da campanha de sensibilização e angariação de fundos, conforme noticiou o Diário de Coimbra.

A simpática mascote, que se pode comprar por 5 euros na área de serviço de Pombal na A1, entre outros sítios, teve o colo da ubíqua presidente da ANVETEM, no “Aqui & Agora”... um momento raro de televisão 3D.

11 de maio de 2009

POVT

É o Programa Operacional Temático Valorização do Território (POVT), integrado no Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) para o Período 2007-2013, que vai pagar o apetrechamento do Hospital Veterinário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, nas áreas da Imagiologia, cirurgia e equipamento laboratorial.

Hospital Veterinário que resulta das obras de remodelação e ampliação do bloco de Clínicas Veterinárias inauguradas pelo Primeiro-Ministro, José Sócrates, acompanhado pelos ministros da Presidência, Pedro Silva Pereira, e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago.

Foi no passado dia 9 de Maio... depois de 4,3 milhões de euros investidos e na mira de mais 9,4 milhões... sem heranças de edifícios a cair!

Foto recortada de foto de João Carrola, que pode ver aqui

GRIPE A (H1N1) UPDATE 10 MAIO

Dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Ver aqui.
Incluídos 45 casos fatais no México, 2 nos EUA, 1 no Canada e 1 na Costa Rica.

10 de maio de 2009

CIRCUS

Trata-se de tema que, como em outras matérias, exige equilíbrio entre os indefectíveis contra e os indefectíveis a favor, baseado numa opinião/parecer de natureza científica e ética clara e inteligível.

A questão é simples: Que limites para a utilização de animais no circo?

O Diário Digital dá destaque ao facto das autoridades oficiais nem sequer conhecerem ao certo quantos (e que) animais há nos circos, repercutindo a chamada de atenção, justa, da Associação ANIMAL.

Sendo o universo dos circos lusitanos tão reduzido, como imagino seja, não seria difícil, pelo menos, manter um registo actualizado de todas as situações, incluindo as condições de detenção dos animais em causa.

As explicações da Subdirectora Geral de Veterinária (DGV), ficam muito aquém da resposta esperada: mais do que a simples declaração de fé na competência dos Médicos Veterinários (subentende-se sejam os Municipais), deveria explicar a prioridade do assunto para a DGV e o empenhamento dos seus serviços descentralizados.

Para os Médico Veterinários Municipais (MVM) accionistas deste espaço, aqui deixo sem qualquer comentário, a crítica de Miguel Moutinho, dirigente da ANIMAL ao controlo dos circos: “Os veterinários municipais muitas vezes nem põem lá os pés”.

Entretanto não passaram na Assembleia da República as propostas do Partido Comunista Português, Partido Ecologista “os Verdes” e bloco de Esquerda, visando, mais ou menos, a interdição da utilização de animais nos circos.

Admira-me que a esquerda folclórica e a esquerda circense (sem animais) não se tenham entendido numa única proposta exequível e que pudesse constituir um primeiro passo para uma efectiva protecção dos animais de circo... assim ficámos na mesma.

Pena que, na discussão, a deputada Veterinária Eugénia Alho, não tenha trazido à discussão apenas, os argumentos científicos e éticos decorrentes da protecção dos animais (mesmo que na prática o sentido de voto fosse o mesmo)... e tenha invocado as questões sociais resultantes do desemprego dos domadores...

PRÉMIOS “VETERINÁRIO PRECISA-SE...”

Prémio “DESFASADO NO TEMPO”. exaequo para o “Diário de Notícias”, que a 4 de Maio pp publicou pequena notícia referindo-se a Cardoso de Resende com Bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários e ao Tesoureiro da Conselho Directivo da dita, que na Assembleia-Geral de ontem se dirigiu ao mesmo designando-o por Sr. Bastonário...

Prémio “SORRISO AMARELO”. Para a grande maioria dos presentes na referida Assembleia-Geral.

Foram muitos anos, porra!

7 de maio de 2009

CHORADEIRA

É por saber que a colega Ana Elisa, gestora do blog informal (não oficial), da Associação Nacional dos Médicos Veterinários dos Municípios (ANVETEM), segue atentamente as recomendações do “Veterinário precisa-se…”, que aqui volto ao gasto tema da “campanha de vacinação anti-rábica”.

Correndo o risco de ser desta que este site fecha de vez, dada a sua extrema dependência dos accionistas Municipais, não posso, por dever de consciência, deixar de reflectir sobre a choradeira dos Médicos Veterinários Municipais (MVM) a propósito do desempenho da Autoridade Sanitária Veterinária Nacional.

Curiosamente, quando se fala da Autoridade Sanitária Veterinária Concelhia, não se permitem críticas nem sugestões.

Apesar da natureza desgarrada das iniciativas dos MVM, conforme aliás se deduz dos destaques dados no blog da ANVETEM, qualquer chamada de atenção sobre a ausência de estratégia ou simples coordenação da actividade dos MVM, é imediatamente rechaçada a soco e murro.

No entanto, sobre a Autoridade Sanitária Veterinária Nacional permitem-se todos os dislates e até referências não fundamentadas (e esta característica é que é grave) sobre a competência ou incompetência dos colegas a nível central.

Não está sequer em causa a utilidade do modelo cujo preenchimento a Direcção-Geral de Veterinária (DGV) vem agora impor, terá tanta lógica ou utilidade técnica como os modelos inventados na década de 80. Não está sequer em causa também, a manifestação de desagrado, essa compreende-se perfeitamente… REPITO: compreendo perfeitamente.

Outros aspectos estão em causa, a começar pelo facto da ANVETEM assumir o dever de representação da profissão, substituindo-se à Ordem dos Médicos Veterinários (OMV), com a agravante da sua presidente ter assento no Conselho Directivo (CD).

Poderá até ser invocado esse direito dada a especificidade do tema, isso não se põe em causa, mas a atitude fragmenta os esforços e a capacidade de reivindicação da profissão. Não canalizar pela OMV esse “protesto” é contribuir para a desunião e não quero crer que seja esse o papel que a presidente da ANVETEM pretende desempenhar no seio do CD.

Por outro lado, o que a ANVETEM no fundo parece lamentar são os prejuízos para a “eficiência” pessoal dos MVM, esquecendo-se que é a DGV que lhes paga reservando-se, por isso, no direito de estabelecer as regras dessa prestação, mesmo que sejam regras menos boas.

É que os MVM não são obrigados a prestar esse serviço… SALVO RARAS E HONROSAS EXCEPÇÕES, no dia em que a campanha passar a ser inerência de funções sem direito ao pagamento de qualquer comparticipação, os MVM serão os primeiros a dizer que assim não querem.

Já aqui disse e repito: Sol na eira e chuva no nabal é o que quer o Veterinário Municipal… e até estão no seu direito, não discuto, o que sublinho é que isso lhes retira razão e argumentos e, por esse motivo, o protesto soar a choradeira.

E AGORA PRESIDENTE?

De quem tanto verberou a falta de lisura e clareza de princípios na condução dos destinos da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV) esperava-se mais.

No próximo Sábado os membros da OMV são convidados a participar em (mais uma) Assembleia-Geral (AG), sobre a qual já aqui revelei opinião.

Lamentável que, dada a natureza do assunto em discussão e tendo a AG sido convocada a 8 de Abril, NÃO HAJA QUALQUER INFORMAÇÃO disponível sobre o assunto, que esclareça os membros da OMV sobre o conteúdo do que vai ser eventualmente aprovado.

A atitude do presidente da Mesa da AG é mais uma machadada no funcionamento democrático da Ordem, a denunciar por isso as piores expectativas relativamente ao futuro da própria Associação.

A falta de clareza suscita a dúvida... Até parece que a pressa com que se denunciou o contrato de comodato, estabelecido pelo anterior Conselho Directivo (CD), rima com toda esta obscuridade.

Se não fosse pelo nosso vizinho Vetvelhaco nem se sabia que o CD se prepara para apresentar três propostas sobre a matéria... à qual se somarão mais uma ou duas da plateia...

Porque razão não estão disponíveis no site os detalhes das propostas em discussão e toda a informação em que cada uma se fundamenta?

Porque razão não está acessível a todos os membros a correspondência trocada entre o CD e a Faculdade de Medicina Veterinária sobre a “acção de despejo” que nos foi movida?

Porque razão não estão publicitadas as contas da venda das instalações da velha Escola de Medicina Veterinária e as perspectivas financeiras da eventual indemnização a ser paga à OMV?

Porque razão? É no contexto de tanta falta de informação que a Mesa da AG pretende tomar decisões? É este o conceito de “ouvir para decidir”?

E agora presidente? Ainda não percebeu que é o primeiro responsável pela situação criada, pois que resulta em grande parte do marasmo em que deixou cair os destinos da OMV?

Foto reproduzida de "A lot can happen in sixty seconds"

5 de maio de 2009

ANIMAL TESTING OU NEM POR ISSO?

Incisiva e importante a questão de Henrique Burnay no “Bruxelas”, decorrente da votação no Parlamento Europeu do relatório sobre a proposta de Directiva relativa à protecção dos animais utilizados para fins científicos.

Para os interessados a proposta é esta aqui... ou aqui se preferir a versão bilingue.

Permito-me refazer a questão de Henrique Burnay... entre os activistas dos “direitos dos animais” e os interesses da investigação científica, qual a posição da profissão veterinária lusitana?

Duvido que a Ordem dos Médicos Veterinários (OMV) tenha sobre o assunto qualquer parecer... o que é pena, porque a resposta à questão se coloca precisamente entre uns e outros dos interesses, que a OMV deveria materializar dado o seu distanciamento “emocional” e “material”.

Sem animais que possam ser utilizados em procedimentos científicos não há desenvolvimento de novos medicamentos, ou investigação da fisiopatologia das doenças infecto-contagiosas, como o caso do HIV/SIDA.

Mas o número de animais envolvidos nos procedimentos pode ser reduzido, a começar pela utilização de primatas não humanos (excepto projectos que visem a sua própria conservação), assim como a monitorização permanente dos procedimentos e a introdução de indicadores de bem estar animal.

Ao “Veterinário precisa-se...” parece, sobretudo, que à OMV caberia, nesta matéria, uma abordagem ética, alicerçada na promoção e pesquisa do próprio bem estar animal, mesmo admitindo (ou talvez por isso), que em Portugal a acuidade do tema possa não ser relevante.

4 de maio de 2009

MAIORIDADE VETERINÁRIA

A Ordem dos Médicos Veterinários (OMV), criada pelo Decreto-Lei 368/91, de 4 de Outubro, atinge este ano a “maioridade”... 18 anos!

Se durante algum tempo foram desculpáveis os tropeções e o estilo desengonçado, próprios da adolescência, chegou a altura de se assumirem a maturidade e responsabilidade de “pessoa adulta”... não há mais desculpas.

A OMV deve abandonar a atitude envergonhada e vacilante face ao poder... a OMV deve sair à rua e conviver com os seus pares sem medo de ser barrada pelo direito de admissão ou receosa que lhe peçam o Bilhete de Identidade (ou Cartão de Cidadão) que prove a sua maioridade.

Para isso a OMV precisa de um Bastonário mais novo, não aposentado, dinâmico... tem que ter o apoio da juventude da profissão, sem enjeitar a sabedoria dos experientes... tem que ter a irreverência dos seus 18 anos, enxertada naquela sabedoria... tem que ter, sobretudo, capacidade de sonhar e sentido de missão.

A crise de adolescência em que anda metida há vários anos tem que ser rapidamente superada, ganhando autoridade e poder, para se afirmar como digna e eficaz representante de todos os Médicos Veterinários.

A OMV deve projectar-se na Sociedade como competente para tomar nas suas mãos o destino de assuntos de importância capital, como a Saúde Pública, o Bem Estar Animal e a Protecção do Ambiente.

3 de maio de 2009

FALTA DE JEITO

Na minha opinião os Serviços Veterinários nunca souberam lidar correctamente com a comunicação social. Essa incapacidade continua por rever.

A notícia do Portugal Diário sobre a gripe A/H1N1 é disso exemplo.

Mesmo dando de barato que seja o Subdirector-Geral de Veterinária (DGV), Fernando Bernardo, quase sempre, a dar a cara aos órgãos de comunicação social, sabe-se lá porquê... a lógica que transmitiu é muito interessante.

Disse que a “...doença não existe nos suínos, ela está a ser passada de pessoa para pessoa.” e, com ironia (de mau gosto), que a designação de gripe suína “...é uma grande barbaridade, porque estão a chamar porcos às pessoas”.

Desfasamento à parte, porque quer a Organização Mundial de Saúde (OMS), quer a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), já propuseram designações mais adequadas (os peritos em Saúde Animal da DGV andam desatentos), pergunto: se assim é, qual a relevância em afirmar que 99% da carne de porco importada tem origem na Europa e que do México e dos Estados Unidos da América não se importa nem uma grama?

Mesmo que tal resultasse de insistência inusitada do jornalista, cabia ao Subdirector conduzir as declarações...

GRIPE A (H1N1) UPDATE 3 MAIO

Dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Ver aqui.
Incluídos 19 casos fatais no México e 1 no Reino Unido.
A evolução recente no México revela a detecção laboratorial de casos anteriormente submetidos a exame.

MOSTRE-ME O SEU CHIP

No Jornal das Caldas on-line...

O presidente de Junta de freguesia de Santo Onofre, Abílio Camacho, informou a Assembleia de Freguesia do pedido da Direcção-Geral de Veterinária (DGV): que fosse verificado se o cão agressor que na freguesia atacara um outro (provocando-lhe a morte), possuía chip electrónico... revelando que a Junta de Freguesia “nem sequer possui um equipamento para esse tipo de leitura ou de controlo”.

A eficácia do Sistema de Identificação e Registo de Caninos e Felinos (SICAFE) em grande... o pedido da DGV à Junta de Freguesia de Santo Onofre aposto que foi concretizado pelo método mais célere possível: ofício, visto revisto e aprovado, devidamente assinado em sessão de despacho do dirigente competente.

2 de maio de 2009

S. PEDRO DE RATES

S. Pedro de Rates, no concelho de Póvoa do Varzim, está ligado, pela lenda, ao culto da fertilidade, ainda que tenha sido à castidade que se converteu a princesa salva pelo santo patrono de Rates, um dos bispos peninsulares ordenado pelo apóstolo Tiago.

Em tempos nada dados a registos sobrenaturais, S. Pedro de Rates continua associado a fenómenos não menos surpreendentes no domínio do produção animal. Com todos os controlos sanitários e registos de rastreabilidade, na “Feira de gado de Rates” continuam misteriosamente a desaparecer animais... debaixo do nariz da toda a gente.

O mercado de gado, gerido pela Associação dos Produtores de Leite e Carne do Baixo Minho (LEICAR), já chamou a si a atenção da Direcção-Geral da Veterinária, muito embora não se entenda a passividade dos Serviços Veterinários da Região Norte.

Perante o ruído de fundo, gerado por eventuais irregularidades no controlo sanitário e do bem estar animal naquela feira, a falta de intervenção dos Serviços Regionais só pode se classificada de conivente ou incompetente.

Tinham de ser os activistas da Animal Angels a levantar a ponta do véu desencadeada por ameaças de funcionários ou utilizadores da feira, conforme noticiou o Público.

A queixa, que a Animal Angels promete levar a instâncias europeias, compromete a LEICAR, enquanto entidade a quem compete em primeiro lugar garantir o bem estar dos animais e o cumprimento da lei, mas compromete sobretudo os Serviços Veterinários Oficiais pelo desinteresse e falta de atenção, comprometendo por isso a profissão Veterinária Lusa.

Ao presidente da LEICAR, José Campos de Oliveira, fica mal apelidar a Animal Angels de fundamentalista... trata-se de uma organização com credibilidade e grande capacidade de lobby na Europa. Mesmo que não fosse aquele o caso, a afirmação revela uma enorme contradição quando confrontada com o argumento da posse de uma carta de uma organização semelhante, com sede na Alemanha, que avalia o mercado de S.Pedro de Rates como o melhor do país...

Convenhamos, ou estas organizações são fundamentalistas e por isso pouco dignas de crédito, ou as suas avaliações, pelo contrário, substantivas bastante para nelas se sustentarem os argumentos da LEICAR.

GRIPE A (H1N1) UPDATE

Segundo Organização Mundial de Saúde (OMS) às 7.00h (Hora de Lisboa) a situação era a seguinte: 15 países reportaram gripe A (H1N1) num total de 615 casos dos quais, 397 no México (16 mortes), 141 no EUA (1 morte), 34 no Canada, 13 em Espanha, 13 no Reino Unido, 4 na Alemanha, 4 na Nova Zelândia, 2 em Israel, 1 na Áustria, 1 na Dinamarca, 1 na França, 1 na Holanda, 1 em Hong Kong, 1 na República da Coreia e 1 na Suíça.

A OMS sublinha que o acréscimo de novos casos no México, reflecte o conhecimento de resultados de testes laboratoriais de espécimens despistados anteriormente.

1 de maio de 2009

ISTO VAI DAR QUE FALAR

Em total acordo com a opinião aqui expressa por Pedro Meireles de que “A gripe dos porcos ainda vai dar que falar...”, só menos numa coisa... a terminologia.

Ontem à noite, reunido com accionistas do “Veterinário precisa-se...”, numa cervejaria cuja identidade não devo revelar, ouvimos o empregado de mesa dizer...
- As francezinhas não levam carne de porco, por isso comam descansados...

A simples raiz etimológica do morbo estava já a causar mossa... claro que naquela mesa de “peritos” a gargalhada foi geral, o que sempre resultou numa sessão semi-pública de esclarecimento sobre H1N1.

Imediatamente tomei consciência que, uma vez mais, se iria instalar a paranóia pública em torno da falta de informação e educação da população para as questões da saúde... os “amigos” da mesa ao lado, já com a mesma coberta de canecas vazias, de ar anafado, denunciando a possibilidade de doença cardíaca súbita, destilavam críticas aos governos, aos ministros da saúde, à comissão europeia e todas as instituições a jeito, pela “ausência de controlo” (imagine-se...), neste caso da “febre dos porcos”... onde isto já ia.

Sempre era melhor chamar-lhe “gripe mexicana”, conforme sugeriu a vet@sanitarista, ou mesmo seguir a sugestão da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) de “gripe da América do Norte”, tal como as gripes espanhola ou asiática. Mais “inócua” a proposta da Organização Mundial de Saúde (OMS), de 30 de Abril, de lhe chamar gripe A/H1N1.

Mas afinal o grande problema não está no nome, nem nas consequências económicas para o sector da produção de suínos, mas no risco potencial de uma gripe atingindo múltiplas espécies, num quadro de grande difusão e circulação do vírus, cujas mutações e “comportamento” são de todo imprevisíveis... razões que justificam que o nível de alerta de uma pandemia de gripe tenha sido declarado pela OMS na fase 5.

Segundo aquela organização às 7.00h (Hora de Lisboa) a situação era a seguinte: 11 países reportaram gripe A (H1N1) num total de 331 casos dos quais, 156 no México (9 mortes), 109 no EUA (1 morte), 34 no Canada, 13 em Espanha, 8 no Reino Unido, 3 na Alemanha, 3 na Nova Zelândia, 2 em Israel, 1 na Áustria, 1 na Holanda e 1 na Suíça.

Não sendo certo que a pandemia ocorra, não é menos verdade que, os ditos países desenvolvidos, vão estar a braços com a sua capacidade de resposta e implementação de programas de alerta.

Uma janela de oportunidade para a Lusitânia evoluir do grau 1 de preparação (full desenrascanço), para algo mais elaborado, como a total cooperação entre Médicos e Veterinários (lembram-se? Humanos e Animais uma só saúde...), num cenário de efectiva execução de um plano de alerta e resposta, credível, prático e eficiente.

Isto vai dar que falar...

Foto: BBC - Brasil

27 de abril de 2009

GRIPE SUÍNA... PUDERA!

A Direcção-Geral de Saúde recomenda:
- Lavagem frequente das mãos, com água e sabão...
- Cobrir a boca e nariz quando espirrar ou tossir, usando lenço de papel...
- Utilizar lenços de papel, que devem ser de uso único...
- Limpar superfícies sujeitas a contacto manual (como maçanetas das portas)...

Não admira que lhe chamem gripe suína.

Tinha que vir a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) logo propor que lhe chamem antes “gripe da América do Norte”...

MVM NAS DIV

Ora aí está uma iniciativa de se tirar o chapéu... para que todas as Divisões de Intervenção Veterinária (DIV) aqui ponham os olhos!

Não é possível levar por diante as tarefas que se esperam da Autoridade Sanitária Veterinária Nacional, nem concretizar os seus objectivos, nem tão pouco levar por diante a sua missão, se os Médicos Veterinários Oficiais que estão na primeira linha, não estiverem perfeitamente enquadrados e em sintonia com aqueles desígnios.

Seria muito bom assistir à multiplicação desta iniciativa por outras DIV, já que me parece indiscutível serem os Médicos Veterinários Municipais (MVM) elementos fundamentais daquela primeira linha.

Para o(a)s chefes de DIV que possam ter alguma relutância e hesitação, seja lá por que razão for, aqui deixo o meu conselho: avancem!... é fundamental o diálogo e a troca de ideias.

O melhor recurso que temos são os colegas, por isso é indiscutível que a convergência de ideias, métodos, procedimentos e calendários de actuação, são fundamentais, e esta via do debate e reflexão, a melhor.

Mesmo que no princípio as coisas não corram totalmente bem, não há que esmorecer... daí em diante só podem melhorar... na primeira destas reunião a que assisti, a primeira questão que os MVM colocaram foi: quem paga as ajudas de custo?!... Daí em diante o assunto foi-se esbatendo.

Aqui deixo o público destaque e elogio sincero a todas as DIV que desenvolvem iniciativas deste tipo (sim, há mais que o fazem) na pessoa da colega Raquel Luizello.

Não deixem de ler a próxima newsletter da Direcção de Serviços de Higiene Pública Veterinária.

26 de abril de 2009

NUNO ÁLVARES PEREIRA

D. Nuno Álvares Pereira é hoje canonizado.

Acreditou em Portugal, recusou a rendição e a desonra, como sublinhou Rui Crull Tabosa no 31 da Armada... exemplo de Patriotismo e Solidariedade que propõe “...contra a demora do desenvolvimento, a iniquidade das injustiças, a vergonha da pobreza, a doença da ganância e a impunidade da corrupção, males do nosso tempo que adiam Portugal.”

“Veterinário precisa-se...” para levar este combate por diante.

25 de abril de 2009

DIA MUNDIAL DA VETERINÁRIA

Celebra-se hoje o Dia Mundial de Veterinária... o que aconteceu em Portugal?

Alguma iniciativa de alguma das Associações Veterinárias?

Dois parágrafos na newsletter da Ordem, uma notícia na "Veterinária actual"... parece pouco, muito pouco!

O OUTRO LADO DOS CENTROS DE RECOLHA II

Os comentários expressos em anterior post, sob o título acima, motivam este outro que tem o intuito de clarificar alguns aspectos da opinião expressa.

O Conselho de Administração (demissionário) do “Veterinário precisa-se...” expressa, antes de mais, o seu profundo respeito por aqueles que se dedicam à causa de salvar cães e gatos capturados, referenciados para eutanásia ou não, tentando pela adopção encontrar solução para a sua sobrevivência.

Inclusivamente, aqui foi questionado o parecer da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV) sobre as questões éticas que vinculavam, obrigatoriamente, o Médico Veterinário à eutanásia de animais capturados (parecer misteriosamente “rasgado” do site da OMV). (*)

Tal circunstância não invalida que, em muitos casos, seja precisamente nos centros de recolha de cães e gatos que estes contraiam uma série de doenças infecciosas e parasitárias, facto que leva a “pensar duas vezes” antes de adoptar um animal proveniente de um desses centros.

Como em tudo na vida há centros de recolha melhores que outros... e tal como também foi referido, nem sequer se pode dizer que os privados sejam melhores que os municipais ou intermunicipais (ou vice-versa).

A questão é simples: como recomendar em consciência a adopção de um animal, sem que sejam conhecidas, muito bem, as condições de funcionamento e gestão do próprio Centro de Recolha?

Refiro-me, entre outros, a factores estruturais, mas em especial aos cuidados de saúde prestados aos animais recolhidos, designadamente a protecção face às condições de stress motivadas pelo próprio ambiente do Centro e a resolução de problemas de comportamento decorrentes do seu anterior abandono ou pior, que originaram o seu abandono.

Estes factores deveriam ser o barómetro de avaliação dos centros e não o grau de adopção ou o número de animais adoptados, como a ANVETEM aqui destaca.

Julgo que a atitude dos Médicos Veterinários deverá ser mais responsável do que limitar-se à promoção da adopção, evitando alinhar numa “troca de galhardetes” com base em argumentos que não tenham que ver, exclusivamente, com as bases científicas da protecção e do bem estar animal.

(*) Que um parecer da OMV seja modificado, nada a dizer... agora que a sua revogação não seja discutida, fundamentada e então aprovada e apresentada é que parece ser de uma irresponsabilidade a toda a prova.
Retirar do site um parecer, como neste caso, revela uma certa forma de fazer as coisas, imprópria de uma instituição como a OMV. Lamentável.

24 de abril de 2009

AQUI & AGORA

O programa da SIC não pretendeu esclarecer ou debater o tema dos “Direitos dos Animais”.

Foi apenas um “Lusitânia - 2009”, retratado por convidados do jornalista Rodrigo Guedes de Carvalho, que ficou muito aquém de uma discussão/reflexão profunda sobre o tema.

Interesses ou vivências de quem vive das touradas ou do circo, de um lado, a enervante manifestação de superioridade intelectual de um certo estilo de vida, do outro, mas pouco, muito pouco, que traduzisse realmente o interface homem-animal à luz de uma abordagem científica equilibrada.

Esgrimiram-se sobretudo convicções e nem o Médico Veterinário Nuno Paixão foi capaz de redireccionar o tema para as bases científicas da protecção e bem-estar dos animais.

Curiosa, contudo, a pressa com que afirmou não ser “especialista”, não vá a Ordem dos Médicos Veterinários mover-lhe novo processo. Fique descansado Nuno, não ia ser este Conselho Profissional e Deontológico a fazer isso.

Lá continuámos pela rama de um tema em que os Médicos Veterinários foram, uma vez mais, mantidos institucionalmente à margem.

22 de abril de 2009

O OUTRO LADO DOS CENTROS DE RECOLHA

Hoje em dia o número de canis, centros de recolha e outros projectos mais informais, que se dedicam á protecção de cães e gatos floresce a olhos vistos.

Já nem me refiro à abordagem antropomorfizada dos seus promotores, nem ao perfil ou razões de natureza emocional que estão subjacentes a muitos desses projectos, mas apenas aos riscos para a Saúde dos próprios animais.

O argumento de que, apesar de tudo, pior será que esses animais vagueiem por aí não se reveste que grande substância.

De que vale então o apuro tecnológico e a evolução científica, se na prática a recolha e abrigo dos animais funciona em moldes medíocres, mau grado a boa vontade, o “humanismo” dos seus promotores ou a dedicação a uma causa?

Desconheço as estatísticas (maldita...), mas talvez as razões para as dificuldades na adopção resultem em grande medida dos riscos e incerteza sobre as condições de saúde dos animais.

Não está portanto em causa a oportunidade de promover e desenvolver um projecto deste tipo (recolha e adopção), seja por entidade pública ou privada, mas das condições, gestão e logística associada ao projecto.

Julgo que o problema está no facto de, na generalidade dos casos, os projectos estarem focalizados no lado “humano” dos esquemas de adopção e na adopção em si... só que existe o outro lado: como e onde são os animais mantidos e que riscos podem advir para a saúde da “comunidade” canina/felina que aí se abrigou?

Seria bom que os Médicos Veterinários directa ou indirectamente envolvidos promovessem os aspectos relacionados com as condições de instalação dos animais pois, também a este nível, seria bom que os diferentes centros competissem por um melhor estatuto sanitário.

E as diferenças não estão entre canis/gatis municipais e centros de recolha privados; de um e de outro lado existem bons e maus exemplos... no entanto ambos desenvolvem projectos de adopção, o que prova que os objectivos só por si não são determinantes, mas antes a forma como se concretizam na prática.

Infelizmente esta diferença subtil, não perceptível para muitos colegas, pode ter efeitos negativos para a profissão.

Sem querer “lançar achas para a fogueira”, muito menos da vaidade de muitos dos promotores, parceiros ou entusiásticos defensores da recolha e adopção a qualquer preço, acho preocupante que os esquemas de recolha e adopção de animais não beneficiem mais dos aspectos técnicos e científicos adequados e de uma estratégia que assente nesses princípios.

18 de abril de 2009

MAIS UM... HOSPITAL

Anuncia o jornaldocentro.pt a abertura do “primeiro hospital veterinário da região centro”... tal como há dias o labor.pt anunciava o primeiro hospital da região de entre Douro e Vouga...

De acordo com aquela notícia, o projecto, localizado em Viseu (Vildemoinhos), terá custado 600 mil euros e espantosamente (sempre de acordo com a notícia) o administrador Francisco Cunhal terá afirmado que o mesmo foi concretizado "para ajudar os animais e não para dar lucro”.

"Não foi com a intenção de ter a retoma do investimento que avançamos para o projecto. Queremos ajudar as pessoas e os seus animais. Além disso a cidade precisava deste projecto", terá afirmado Francisco Cunhal

O “Veterinário precisa-se...” ficou curioso com tanta generosidade (“feitios”)... mesmo admitindo tenha sido concebido e construído por entidade benemérita, não faz sentido que não venha a ser gerido de forma a ser rentável, pois de outro modo encerrará, mais tarde ou mais cedo...

A não ser que o seu Administrador conte com uma fonte financeira inesgotável que permita todo e qualquer devaneio contabilístico... nos dias que correm não deixa de ser, no mínimo, estranho.
Os Centros de Atendimento das redondezas que se ponham "a pau".

O Diário as beiras online refere que o Hospital integrará um corpo clínico com 5 Médicos Veterinários e 5 enfermeiros... funcionando com várias interessantes inovações: triagem de casos; três ambulâncias que acodem também a casos clínicos em grandes animais; uma loja saúde (sem fins lucrativos... calculo) e uma escola-hospital... com visitas de criancinhas para acções de formação (objectivos implícitos)...

Quem pensa que o projecto fica por aqui, enganou-se... o hospital presta apoio psicológico aos donos dos animais... Ora toma!

SANGUE NOVO

Se o Bastonário não consegue sequer ser recebido pelo Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, está o Presidente da mesa da Assembleia Geral, e estamos todos nós, à espera de quê?!...

Demitam-no!

Será necessária pior declaração de incapacidade que a confissão, ainda por cima em plena Assembleia Geral, de estar a dar o benefício da dúvida ao Ministro, mas que se prepara para “partir a loiça” na praça pública?!...

Demitam-no!

Admitamos que haja razões, que a própria razão desconhece, para a omissão do Ministro, que não o total desinteresse pelo Bastonário e pela nossa Ordem (o que se considera obviamente inqualificável)... não detém o Bastonário “mecanismos diplomáticos” suficientemente persuasivos para, de imediato, fazer reverter essa atitude?!...

Demitam-no, então!

O tempo que falta até Dezembro começa a ser demasiado para tanta incompetência.
Em qualquer outro sítio do “mundo civilizado” nada mais restaria que a demissão perante tanta declaração de incapacidade.

Demitam-no!... em menos de 60 segundos.

A Ordem dos Médicos Veterinários precisa de sangue novo... quanto antes!
São os colegas licenciados na última década e meia que têm que tomar conta disto... quanto antes!

Foto reproduzida com a devida vénia de "A lot can happen in sixty seconds"

11 de abril de 2009

UM DIA A CASA VEM ABAIXO

Impossível não assinalar o nascimento de um blog FANTÁSTICO...

uM dIA a cAsa VeM aBaiXo!

A impossibilidade de manter o edifício que foi da profissão Veterinária e que por 30 dinheiros (9 milhões) foi vendido pelos docentes da Faculdade de Lisboa instalados nos órgãos de decisão da Ordem dos Médicos Veterinários, nunca poderá ser suplantado...

...mas haver alguém disposto a manter a sua memória, mesmo que em “filme” da sua destruição, emocionou-me... MUITO!

10 de abril de 2009

HOSPITAIS VETERINÁRIOS



A comunicação regional, em particular, talvez pelo impacto que um empreendimento veterinário têm a esse nível ou talvez apenas pelo afã na procura de alguma visibilidade “comercial”, tem trazido a público a instalação de Hospitais Veterinários.

Por razões de susceptibilidade ética (ao que o “Veterinário precisa-se...” chegou...) não vou referir nenhum caso, mas tenho em mente 2 situações recentes, basta contudo navegar pela net para constatar algumas mais.

E a susceptibilidade ética resulta do facto de não ver nesses projectos de “Hospital” a estrutura humana capaz de lhe dar corpo, contudo como não sou da arte, talvez me escapem pormenores relevantes... deixo isso para comentários.

As contas que faço são muito singelas (perdoem a avaliação rudimentar), e mesmo assim desconhecendo alguma transcendência dos códigos de trabalho: manter “...durante todo o horário de funcionamento a presença de, pelo menos, um Médico Veterinário do seu corpo clínico.”, não é possível com apenas 2 Médicos Veterinários.

Mesmo dando de barato, por força da omissão do Regulamento (Centros de Atendimento Médico-Veterinário), que a garantia da presença de valências profissionais específicas não joga um papel decisivo no funcionamento equilibrado de um hospital veterinário, já o mesmo não se poderá dizer do funcionamento sem um corpo clínico de, pelo menos, 5 Médicos Veterinários e concomitante staff auxiliar.

Note-se que não defendo que a classificação do Centro de Atendimento se faça pelo número de elementos que compõe o corpo clínico, mas tão somente, que no caso de um Hospital, existirá um mínimo indispensável.

Claro que parto do princípio que “Manter um serviço permanente de urgências.” requer a presença in situ de um Médico Veterinário e já nem sequer refiro outro tipo de recursos humanos (auxiliares/enfermeiros e recepcionistas).

Nestas circunstâncias como é possível “abrir ao público” com corpos técnicos constituídos por 2 Médicos Veterinários e 1 Auxiliar/Enfermeiro?

Preocupa que um sector em crescimento e desenvolvimento, e cuja importância estratégica para a profissão é decisiva, não se alicerce em moldes mais rigorosos e que os Hospitais não surjam de projectos de redimensionamento de Centros (clínicas) pré-existentes, da re-conceptualização dos serviços prestados e da fusão de diferente know how instalado.

Há, aliás, bons exemplos de empreendimentos nesta linha de que aqui deixo o caso do Hospital Veterinário Muralha de Évora

A não ser assim serão geradas situações de concorrência desleal que sob o ponto de vista profissional são de evitar a todo o custo, mas que, sobretudo em termos de performance, se afiguram bastante lesivas do papel mais adequado de uma profissão em qualquer Sociedade moderna.

9 de abril de 2009

DIVIDIR PARA REINAR

Foi ontem convocada uma ASSEMBLEIA-GERAL EXTRAORDINÁRIA da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV), que terá lugar às 14.30h, do dia 9 de Maio de 2009, no local habitual... embora se desconheça de quem foi a iniciativa.

Ponto Único da dita: “Análise e discussão da situação actual das instalações da Sede da Ordem dos Médicos Veterinários. Proposta para aquisição/locação de novas instalações.”

Quando aqui há dias dizia que era impossível esperar pior deste Conselho Directivo (CD) e por extensão da Mesa da Assembleia-Geral, enganei-me... consegue superar-se a si próprio.

Não acredito que os dados disponíveis que motivaram a convocação desta Assembleia-Geral (AG), não existissem à data da convocatória da AG ordinária de dia 15 de Abril de 2009. Quer isto dizer que ambas AG poderiam ter lugar no mesmo dia, “rentabilizando-se” a presença dos membros da OMV.

Se esse não era o caso, o Presidente da Mesa vai ter que explicar o que aconteceu num intervalo de tempo tão curto e que justifica uma AG extraordinária.

Se houve tanta proficiência em denunciar o contrato de comodato, estabelecido pelo anterior Bastonário com a casa real (Fundação D. Manuel II), porque razão é necessária agora uma AG extraordinária?

É que se realmente é necessária, então a convocatória deveria ser mais explícita sobre o que aí se vai discutir e decidir.

Dirão alguns (inocentes, mal informados ou alinhados):
- Bom!... haverá várias hipóteses a discutir e ponderar, e por isso a Mesa não poderia ser explícita na convocação...
Respondo eu:
- De acordo! Mas nesse caso porque não há informação d-e-t-a-l-h-a-d-a no site da OMV? Para que serve a área reservada? Não houve recomendações de anteriores AG sobre este assunto?... que as informações e documentos a discutir deveriam estar previamente publicados no site, tornando assim a participação de cada membro mais informada, consciente e profícua.

É que apesar de ter sido surpreendido com tal convocatória, ao ler o Jornal de Notícias de ontem, mais surpreso fiquei ao abrir a página da OMV na net e não ver uma única referência à dita AG, quanto mais informação complementar sobre o assunto.

A seriedade tem formas e procedimentos, pela omissão tenho que concluir que não é o caso desta convocatória, sendo óbvia a conclusão que se pretende dividir para (continuar) a reinar... escondendo-se o CD atrás da legitimidade de uma AG, convocada claramente para desmobilizar, ainda mais, os Médicos Veterinários, e assim prosseguir na senda do mais puro oportunismo.

Para quem tem a consciência menos leve no seio do CD, que não pense safar-se.
É que as decisões do colectivo vinculam todos os seus membros. Que ninguém julgue livrar-se, assobiando para o lado, com a discrição de não ter eventualmente estado de acordo com o sistema instituído.

7 de abril de 2009

WE LOVE TO WALK... OUR DOG

Celebrou-se hoje o dia Mundial da Saúde.

O “Veterinário precisa-se...” associou-se á campanha “We love to walk”, promovida pela Câmara Municipal da Mealhada e o Centro de Saúde local... com a introdução de um pequeno pormenor... “we love to walk... our dog”.

Destaca a “nossa” campanha que se uma boa caminhada é um magnífico tónico para uma vida saudável, melhor mesmo é caminhar lado a lado com o nosso melhor amigo (sem esquecer a trela ou a açamo funcional)...

O Conselho de Gestão do “Veterinário precisa-se...” lamenta que a data tenha passado despercebida à Direcção-Geral de Veterinária (DGV) e outras instituições Veterinárias... Para uma profissão que passa a vida a reivindicar o seu importante estatuto no domínio da Saúde Pública, a omissão é grave.

Nem da dinâmica Associação Nacional dos Médicos Veterinários dos Municípios (ANVETEM), sempre tão empenhada na Saúde Pública Veterinária, se ouviu qualquer eco.

Assim, o “Veterinário precisa-se...”, assume-se como a única iniciativa Veterinária lusitana no DIA MUNDIAL DA SAÚDE, e porque não acreditamos em iniciativas que morrem no próprio dia, daqui desafiamos todas as associações veterinárias, paraveterinárias, de protecção dos animais, ou outras, a aderir a esta campanha que se prolongará durante um ano.

Para aderir à campanha “we love to walk... our dog” (o inglês faz parte da estratégia de internacionalização deste blog), envie a sua proposta de adesão para o endereço de um dos semiólogos de serviço: eutanasia@sapo.pt; necropsia@sapo.pt ou venoclise@sapo.pt.

Na foto, os “condimentos” da campanha

6 de abril de 2009

ALV

Difícil era pior! A prestação do Conselho Directivo (CD) da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV). Sabia-se um Conselho de transição até às eleições em Dezembro, mas dedicar-se apenas a revogar umas quantas decisões do anterior CD, sem contrapor outras (fosse qual fosse o critério), já era confrangedor...

Quando, de repente, se admitiu que algo fosse acontecer, com a convocação de uma reunião inter-conselhos... a OMV voltava-se para os seus eleitos (em vez de gabinetes criados sem critério de eleição), eventualmente para definir estratégias e tomar rumo.

Não! Apenas para discutir o mal amado “Regulamento [agora dito] de Acreditação e Creditação de Acções de Formação”, que se deduz ser, por esse destaque, a prioridade das prioridades do CD.

Poderia até ser um princípio, só que o projecto é mau, tão mau, ou pior, que o apresentado pelo anterior CD. Explico porquê!

1. O conceito subjacente neste processo, que interessa realmente destacar, é o da Aprendizagem ao Longo da Vida (ALV). Sobre o tema toda a Europa vêm discutido, senão antes, desde o Conselho Europeu de Lisboa em 2000. Foram até estabelecidos diferentes programas de investimento.

Parecia pois lógico que a OMV investisse num Regulamento incidindo na ALV e não estritamente na Acreditação de Acções de Formação.

Tratam-se de abordagens estratégicas totalmente diferentes. A que agora é proposta pela OMV limita-a a entidade Acreditadora de acções de formação (conceito deveras restritivo), em vez de promotora do processo de ALV.

Basta pensar na multiplicidade de áreas de intervenção profissional e na diversidade de actividades de formação, para compreender que, um sistema de Acreditação pela OMV das acções de formação destinadas a Médicos Veterinários, seria extremamente limitativo.

Assim, a primeira grande alteração a introduzir é de natureza estratégica e plasma-se numa profunda revisão do projecto de Regulamento, que contemple a ALV e não apenas acções de Formação, senso lato, e a sua Acreditação pela OMV.

2. Por outro lado, o projecto apresentado coloca a OMV numa posição passiva de entidade Acreditadora e não de promotora das iniciativas que possam enquadrar esquemas de ALV, o que representa uma abordagem erradíssima.

São múltiplos os exemplos do papel da Ordem neste plano: identificação de actividades de aprendizagem não formal e informal, comuns na actividade dos Médicos Veterinários; promoção e estabelecimento de plataforma de e-learning; promoção e financiamento de acções de formação que constituam resposta a procura específica em áreas de menor oferta; etc. etc.

Ou seja, para além de regular, a OMV deve promover o sistema de Aprendizagem ao Longo da Vida e procurar as formas de financiar as acções de carácter formal.

3. A Formação e Qualificação Profissional na OMV revelou-se, num passado recente, no estabelecimento de um Conselho que, segundo recordo, foi institucionalizado na última revisão estatutária, agrupando membros do CD do Conselho Profissional e Deontológico, dos Conselhos Regionais e das Comissões Instaladoras dos Colégios de Especialidade. Porque razão não se prossegue de acordo com essa orientação e se cria agora um “Gabinete de Qualificação e Formação Profissional”?

Alguém sabe quem faz parte desse Gabinete e quais os critérios seguidos na sua constituição? Não deixa de ser curioso, para não dizer preocupante, o silêncio sobre este tema, pois não augura nada de bom sobre os processos internos da OMV.

Para quem tanto perorou sobre a opacidade de que se revestiu o projecto do anterior CD, chegaram a se insinuados interesses obscuros com entidades privadas organizadoras de cursos de formação, esperava-se um exemplo diferente.

4. Os créditos são agora de valorização profissional (CVP), sem que a inovação seja explicada em relação à anterior designação de Créditos de ALV. Também a renovação da carteira profissional fica no tinteiro. Mesmo que concordasse, ficam por explicar as razões da alteração e por quanto tempo se mantém o diferimento.

Como espera o CD que possamos compreender as alterações introduzidas se as mesmas não são explicadas cabalmente? Onde está a profunda reflexão sobre o assunto e a ampla discussão no seio da Classe, prometida no plano de actividades? Onde está a participação de “todos” os membros?

5. Realmente o processo de auscultação da profissão não deixa de ser sui generis... o que foi anunciado por correio electrónico em “alertas da OMV”, na sequência de uma reunião inter-conselhos, é esclarecedor pelas omissões e contradições.

Refere-se um projecto de regulamento, para adiante se referir que o CD vai solicitar ao Gabinete de Qualificação e Formação Profissional “...uma proposta sobre estas acções de formação e sua quantificação (CVP...)”...

Refere-se o papel de “motor” daquele Gabinete na promoção do processo, sem se explicar qual o combustível, o número de cilindros ou o regime a que vai funcionar... bom mesmo era que fosse um motor híbrido.

Para rematar, o CD promete levar a proposta do Gabinete a uma futura Assembleia-Geral (extraordinária? quando?)... isto para um CD sem grande calendário e em ano de Congresso.

Como se a balbúrdia não fosse já muita, o CD mantém no seu site um inquérito anacrónico, mal elaborado, cujo preenchimento dirige o incauto à concordância de que a Formação se esgota em acções de carácter formal. É esta a participação que se pretende da profissão?

Gostaria de constatar estar apenas em desacordo com a estratégia e projectos deste CD, mas o problema é bem mais grave: o CD avança aos zigue-zagues, sem liderança e ideias concretas, muda de ideias conforme a ressonância das opiniões. Quanto à matéria aqui em discussão meteu-se numa confusão de que vai tentar sair fazendo aprovar seja o que for para mostrar serviço.

Começa a ser tarde para todos, vamos andar anos a pagar por tanta trapalhada!

4 de abril de 2009

MERCÚRIO PROIBIDO


Mercúrio nos termómetros clínicos ou meteorológicos, manómetros ou esfigmomanómetros... só no museu.

Depois de 1 de Abril de 2009, a produção e venda daqueles aparelhos, com mercúrio, estão proibidos no espaço da União Europeia.

Em causa os efeitos nocivos do mercúrio na saúde, cujos efeitos nefrotóxicos e neurotóxicos são conhecidos.

Da Universidade do Porto, Faculdade de Farmácia, aqui destaco “três dilemas de Saúde Pública”... entre estes os benefícios do consumo de peixe no desenvolvimento cerebral e na prevenção de doenças cardiovasculares, mas também a toxicidade causada pela exposição ao monometilmercúrio decorrente do consumo de peixe... à atenção dos Médicos Veterinários.

3 de abril de 2009

O SEU CÃO MORDE O VETERINÁRIO?



Ainda a propósito das mordeduras de cães o interessante artigo dos colegas Phil Zeltzman e Patty Khuly (nossa vizinha no Dolittler): “Top ten pet owner excuses for aggression in dogs

BLUE DOG PROJECT

Num comentário de Kadete, que aqui reproduzo, aparentemente se contesta a abordagem que antes propus para a problemática decorrente das agressões por cães.

E não querias mais nada?

Só quem anda distraído precisa de estatísticas e ainda acabava por chegar à conclusão que a origem dos ataques tinha justificação no comportamento dos atingidos.

Também me parece asneira relacionar as razões da conduta oficial com qualquer base de dados, porque nunca serviu, nem serve para isso. Têm obrigação de criar medidas legais para disciplinar a posse e detenção de cães com essas características e fazer aplicá-las!

Certamente que há mesmo pessoas que não têm condições psicológicas, sociais e estabilidade afectiva para se responsabilizarem por animais potencialmente perigosos ou agressivos.

Os veterinários têm que fazer o seu papel que é informar os proprietários dos comportamentos e das formas para lidar com esses animais, ensinar a testar a sua sociabilização para não pôr em risco quer quer que seja, sobretudo os mais indefesos (crianças e idosos).

Quem sabe se não era de comparar o que é feito nalguns países para se poder fazer adaptações!

A Ordem deve ter alguma coisa a dizer ou não?

Ah, O bastonário nomeou um GT para estudar o assunto!

Kadete


1. “Só quem anda distraído precisa de estatísticas...”.

Problema atávico na Lusitânia. Melhor mesmo é tomar decisões com base numa avaliação pela rama, naquilo que se diz, e com a intensidade que se diz, no café ou nos jornais ou seguindo apenas a nossa intuição.
Pior ainda: quando num determinado momento, ou determinado local, for politicamente conveniente... (o presidente da câmara cá do sítio rapidamente desmantelou a equipa de captura de cães vadios quando descobriu que iria perder as eleições com a má língua e o ziriguidum que se instalou).

2. “...criar medidas legais para disciplinar a posse e detenção de cães...”

Então não se sabe que a aprovação de leis só por si não chega? Se assim fosse a harmonização legislativa com a Comunidade Europeia não teria sido necessária, bastava que todos os países adoptassem todas as leis, sem restrições.

Não foi dito naquele 1º Encontro de Saúde Pública Veterinária pelas colegas da Direcção-Geral de Veterinária que houve precisamente aspectos da lei que foram deixados cair por inexequibilidade prática na sua aplicação?

3. “... há mesmo pessoas que não têm condições psicológicas, sociais e estabilidade afectiva...” para deterem cães.

A afirmação será verdadeira, mas o colega não ouviu dizer (sempre naquele Encontro) que esse foi exactamente um dos aspectos que, estando previsto na Lei, foi necessário abandonar porque não podia ser aplicado na prática?

A razão é simples... quem, como e em que circunstâncias, seria atestada tal condição psicológica, social ou afectiva?

A menina Mariazinha dos cães que, por desgosto de não ter filhos (segundo se diz) acarta cães vadios para casa, tem mais ou menos condições psicológicas para deter cães que a esbelta Maria Rosa do 1º esquerdo, que as más línguas dizem dedicar-se a práticas indecorosas à porta fechada?

Os Pereira Nunes, família numerosa onde todos os dias se discute quem vai passear o “farrusco” (obrigação que normalmente recaí sobre a pequena Matilde), tem mais ou menos condições sociais que um sem abrigo?

O Manel magala, matulão entrado na idade, solteiro inveterado, que dizem treinar o seu pastor alemão para morder quem dele se aproximar com ar suspeito, tem mais ou menos condições afectivas que o Dr. Belmiro Soares, detentor de um pequeno pincher que o segue para todo o lado?

4. O papel dos Veterinários...

Estamos de acordo! Por isso sugeri no post anterior, uma estratégia sustentada em três pilares, sendo um deles o da prevenção “...dirigida sobretudo a pais e crianças, através dos Médicos Veterinários (práticos, oficiais ou outros).”.

Tal circunstância, exige contudo, que três outras condições se concretizem: vontade e acordo dos Serviços Oficiais, motivação e iniciativa por parte da Ordem dos Médicos Veterinários (naturalmente em consonância com outras associações representativas da profissão) e um esquema de informação/formação dos próprios Médicos Veterinários (para além do conhecimento, o entendimento e o consenso sobre a forma de abordar o assunto).

Para concluir e pegando na sua sugestão sobre o que noutros países se faz, aqui deixo a referência ao projecto “Blue Dog”, desenvolvido para educar/ensinar crianças e os seus pais na prevenção de mordeduras, tendo para tanto sido desenvolvido um CD interactivo e um guia para os pais.

O projecto é, tão somente, apoiado pela “Sociedade Europeia de Etologia Clínica Veterinária” (ESVCE), a “Federação Europeia das Associações Veterinárias de Animais de Companhia” (FECAVA), a “DogsTrust” (instituição inglesa sem fins lucrativos de protecção de cães), o “Grupo de Estudo de Terapia do Comportamento de Animais de Companhia (CABTSG - ligada à “Associação Britânica de Veterinários de Pequenos Animais” BSAVA) e o Centro de Atendimento Médico Veterinário Wylie

O principal doador do projecto é “apenas” a Real Associação Veterinária dos Países Baixos (KNMvD).
O suporte financeiro é ainda garantido pelos, não menos “simples”, Centro de Atendimento Médico Veterinário Holandês ADR, a “Associação Dinamarquesa de Etologia Clínica Veterinária” (DSKVE), a já referida “Associação Britânica de Veterinários de Pequenos Animais” (BSAVA) e o Grupo Norueguês de Comportamento (NAS).

Denominador comum: os Médicos Veterinários.

Sempre terminarei dizendo que se a Ordem não for capaz de catalisar o tema, tenho esperança que uma joint venture da Associação dos Médicos Veterinários Práticos de Animais de Companhia e uns quantos Centros de Atendimento Médico-Veterinário, consigam coligir os fundos necessários e desenvolver um projecto que teria certamente um impacto extraordinário pela avidez mediática de que o tema se reveste na Lusitânia.