1 de junho de 2009

O ANIMAL É UM ANIMAL, É UM ANIMAL

1. A defesa do exercício da profissão Veterinária, enquanto objectivo central da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV), justifica uma posição da OMV sobre os “direitos dos animais”.

E porquê? Porque os Médicos Veterinários são os provedores do Bem Estar Animal, os intervenientes de primeira linha na defesa dos animais, os principais profissionais com obrigação ética, assumida, em garantir a sua protecção.

Sobre esta questão de princípio é essencial seja garantido um consenso generalizado, a não ser assim não vale a pena prosseguir com qualquer discussão ou reflexão sobre a questão dos “direitos dos animais”.

2. Importa pois sublinhar, mesmo que a questão possa parecer indiscutível, alguns dos fundamentos deste princípio e sobretudo, os instrumentos já firmados nesse sentido.

- Olhando para o Estatuto da OMV... “É dever dos médicos veterinários, em geral, exercer a sua actividade com os adequados conhecimentos científicos e técnicos, o respeito pela vida animal...”. Sendo este o primeiro dos deveres invocado no capítulo da Deontologia Profissional (Artigo 17º), resulta clara a importância atribuída ao respeito pela vida animal.

- Se dúvidas houvesse sobre o compromisso dos Médicos Veterinários, bastaria ainda ter em consideração o Código Deontológico Médico Veterinário, que impõe aos “...aos Médicos Veterinários o dever de exercer a sua actividade com os adequados conhecimentos científicos e técnicos, o respeito pela vida e bem estar animal...” (nº 2, artigo 2º), enfatizando assim o compromisso com o Bem Estar Animal.

- O Código de Conduta Europeu e Acto Veterinário, guias das profissão em toda a Europa, apresentado pelo presidente da Federação dos Veterinários da Europa (FVE), Walter Winding e pelo Director-Geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), Bernard Vallat, sublinha, logo no preâmbulo, o objectivo em garantir que os Veterinários prestem serviços de grande qualidade para benefício da Saúde Animal, Bem Estar Animal e Saúde Pública.

O Código em causa, não só estabelece uma clara prioridade ao Bem Estar Animal no capítulo dos princípios específicos, como consagra, na primeira parte do capítulo relativo à implementação de valores essenciais (Veterinários & Animais), que “Os Veterinários devem estar conscientes do estatuto ou condição ética dos animais, enquanto seres sencientes e a responsabilidade do veterinário pela saúde e bem estar animal”, prosseguindo com outras recomendações relativas ao Bem Estar Animal, incluindo as chamadas “cinco liberdades”.

- O Código de Boas Práticas Veterináriasainda que de aplicação voluntária, constitui referência essencial. Trata-se também de documento de política da FVE, ratificado pela OMV (aliás traduzido para português e distribuído a todos os Médicos Veterinários).

Sendo referência dos princípios éticos e de conduta dos Médicos Veterinários, na prestação de serviços (qualquer que seja o ramo da profissão médico-veterinária), este instrumento dá prioridade aos animais: (1) salvaguarda do Bem Estar e Saúde Animal, (2) enfatiza as “cinco liberdades” na avaliação do Bem Estar Animal, (3) promove uma atitude proactiva na resolução de todas as situações de violação do Bem Estar Animal e (4) defende o tratamento de todos os animais com respeito.

3. Com base neste ponto de partida, que os Médicos Veterinários assumem conscientemente um papel de primeira linha de Protecção e Salvaguarda do Bem Estar Animal, poderemos então sustentar o plano de iniciativas da profissão sobre o tema.

Suponho que se justifica uma posição da profissão Veterinária no esteio da Declaração Universal dos Direitos dos Animais, enquanto acordo promovido pelas Nações Unidas, que reconhece os animais como seres sencientes.

A Declaração em causa deixou de ser uma mera expressão de intenções e hoje surge sustentada em outros documentos de política, designadamente na União Europeia (UE). Para além do apoio formal da Comissão àquela Declaração, a UE, através do Tratado de Amsterdão (2 de Outubro de 1997), introduziu o princípio de protecção e respeito pelo bem estar dos animais enquanto seres com sensibilidade.

Acrescenta o Tratado que “Na definição e aplicação das políticas comunitárias nos domínios da agricultura, dos transportes, do mercado interno e da investigação, a Comunidade e os Estados-Membros terão plenamente em conta as exigências em matéria de bem-estar dos animais, respeitando simultaneamente as disposições legislativas e administrativas e os costumes dos Estados-Membros, nomeadamente em matéria de ritos religiosos, tradições culturais e património regional.”

Pode, e deve, a profissão, a nível Europeu, tomar uma posição de princípio, despida de qualquer componente emocional, sustentada em princípios científicos, expressando objectivamente o reconhecimento dos animais como seres com sensibilidade, em particular os designados animais domésticos.

Mas deve a profissão ir mais longe, suportando a revisão do estatuto jurídico dos animais em Portugal por forma a garantir que sejam considerados como entidades de direito despersonificado?

As consequências jurídicas devem ser sopesadas, discutidas, reflectidas e assumidas, por isso se impõe a sua discussão urgente. Portugal e as organizações Veterinárias Lusas poderiam e deveriam dar o exemplo. Os diversos aspectos e componentes do problema e o seu enquadramento legal, sociológico e civilizacional urgem ser considerados.

Roma e Pavia não se fizeram num dia, mas fizeram-se, e para isso foi preciso começar. Porque não começa a OMV, eventualmente em consulta com outras associações (Sindicato à cabeça dada a parceria na FVE) a discutir o assunto?

5 comentários:

Anónimo disse...

Para quê tanta lamechisse????????


Este coiro do "BET precisa-se" só falta assumir quantos banhos deve o canito tomar por semana e em clínica certificada pois por Médico Vetrinário Municipal ,apesar de AVM, não está acreditado!!!


PORRA larga o osso....

Andas avariado de todo...
deve ser do INSUCESSO das jornadas do CRNorte...aquilo parecia mais um funeral de um qualquer indigente de rua, do que uma reunião com a pompa e circunstancia que nos tentaram fazer passar...

Os outros, os ditos Médicos, trataram essa uma só saúde como se de um qualquer arranhão em parque infantil, em banco de urgência....nem ligaram....e os que vieram piraram-se logo...ficou o coitado do porteiro à espera que os marmanjos se despachassem e fossem embora....

Como alguém fez a previsão, o bolorento do Bastonário (também gosta de ser chamado Presidente do Conselho Directivo, por vergonha de ser Bastonário)nem apareceu , nem ele nem a sua gajada....

Tal como em Vila Real aquilo foi um fartar de salto de ramo em ramo com o dito Miguel(por enquanto Não de VASCONCELOS)à procura da BANANA que não encontra!!!!

Numa iniciativa com tantas iluminárias,tantos importantões isto de ter uma dezena e meia de assistentes , não está mal....está péssimo...

Valha-nos o CONDE....com esse era casa cheia , nem que fossemos nós a pagar!!!!


COM SERÁ EM BRAGA ???? no outono ?????

Aquilo do VIDEIRA GOLPES está de rastos...também não foi o sucesso esperado...pelo menos é o que nos diz quem está próximo...o gajo tentou fazer daquilo uma forma vergonhosa de sugar ferro aos assistentes....

Vamos ver se o postador ganha juizo....e credibilidade...porque anda nas horas da amargura........

Anónimo disse...

CHé meu...


Nas EUROPA os bránco gasta mais fero com os comida dos cãos dele que a genti ganha por dia na nosa tela pala vivere.

O minino desculpa só ,mas isso não é a lingua dos Cristus a falar, os cãos deve viver mas primeiro os homes,de tudas as raça,deve comer, trabalhar,e tere bem estar no pessoa.

Se você diz que os vterenárrio é tão cumpetente, por favorre é milhorre voces tomarre conta dos gente,porque nôs ficar com mais comidas, mais bem estar,mais felice.


Xé minino como eu ficar triste de ser tatado menos que os voço animal.

As ONGe não faz nada ,só passeia os jipi,e os amigo deles. Vai nos nigócio strangero e vem nos ajudar.

CREDITA.

Anónimo disse...

Bem, desculpa o segundo anónimo, mas a questão é séria. É claro que tb deveremos pensar nas pessoas, mas como profissional tb tenho que honrar meu código deontológico e de conduta. Detesto qdo falam "pensem nas pessoas primeiro" "tantas crianças a morrerem de fome"...deixem quem quer trabalhar em prol do bem estar animal trabalhar...não façam comparações estúpidas e despropositadas...estou com o clint e gosto deste blog por pensar como ele e ver que não estou sozinho....os colegas que não sabem a diferença em discutir bem estar animal com bem estar humano deveriam estudar mais um pouquinho e abrir a mente...pena...Em relação ao anónimo 1...pelo menos alguém faz alguma coisa e não fica só a falar mal....não é assim que a profissão fica forte e bem vista pela população....já basta o que ouço sobre os MVM´s na minha clínica....se vcs soubessem das reclamações!!!...vamos é trabalhar juntos...nunca ouviram que "a união faz a força?"

Samurai disse...

"Direitos"vs Bem Estar!

Caro Clint não deve confundir as duas coisas pois são bem diferentes.

Sabe certamente que os"direitos" dos animais, nos termos da Declaração aprovada, é uma recomendação, mais que filosófica definidora do grau de avanço da CULTURA dos Povos!

Coisa bem diferente é a questão do bem estar( na perspectiva das autoridades e dos profissionais, entre eles médicos veterinários)porque tem a ver sobretudo com o respeito pelas condições fisiológicas que são exigidas para evitar o sofrimento desnecessário, manter o estado higido e de saúde, garantir a alimentação necessária, entre outras!

Nesta perspectiva deve ser um tema que a Classe deve abraçar e bater-se para que esses princípios sejam garantidos aos animais de exploração, lazer e companhia!

Temos que exigir legislação eficaz e meios de a fazer cumprir.

Outra estória são as "lamechices" que umas quantas personagens procuram identificar com "bem estar"!

Em conclusão, como seres civilizados devemos prosseguir todos os esforços para que os animais com que lidamos sejam respeitados e tratados dignamente, fazer deles "personagens" de fábula é outra conversa.

Clint disse...

Agradeço o comentário.

Concordo plenamente, penso aliás, que é nesse plano que a profissão se deve manter.

Contudo, não é menos verdade que a questão jurídica vai estar na ordem do dia, ou seja, enquanto seres com sensibilidade (que a profissão reconhece) não deverá ser reconhecida aos animais (mesmo que na alusão estrita de animais domésticos) uma personalidade jurídica diferente?

Confesso que não tendo "certezas" a este propósito, duvido até que os Médicos Veterinários devam ter uma posição que não exclusivamente sobre os aspectos que decorrem da expressão fisiológica (como referiu), me parece boa ideia trocar impressões.

A deriva para uma abordagem não exclusivamente técnica confunde-me… por isso me faz espécie o empenho dos Médicos Veterinários em esquemas de controlo de cães errantes (por exemplo) não baseada em dados credíveis sobre as situações existentes… em vez do ajuste à realidade.

Parece-me pois útil uma reflexão sobre o assunto, até porque a interface sociológica da profissão com os outros stakeholders (como agora é chic dizer-se) pode vir a ter uma enorme importância.

A antropomorfização das situações é que deve ser evitada, concordo… por isso me faz espécie o empenho dos Médicos Veterinários na adopção… em vez de no realojamento.