Em total acordo com a opinião aqui expressa por Pedro Meireles de que “A gripe dos porcos ainda vai dar que falar...”, só menos numa coisa... a terminologia.
Ontem à noite, reunido com accionistas do “Veterinário precisa-se...”, numa cervejaria cuja identidade não devo revelar, ouvimos o empregado de mesa dizer...
- As francezinhas não levam carne de porco, por isso comam descansados...
A simples raiz etimológica do morbo estava já a causar mossa... claro que naquela mesa de “peritos” a gargalhada foi geral, o que sempre resultou numa sessão semi-pública de esclarecimento sobre H1N1.
Imediatamente tomei consciência que, uma vez mais, se iria instalar a paranóia pública em torno da falta de informação e educação da população para as questões da saúde... os “amigos” da mesa ao lado, já com a mesma coberta de canecas vazias, de ar anafado, denunciando a possibilidade de doença cardíaca súbita, destilavam críticas aos governos, aos ministros da saúde, à comissão europeia e todas as instituições a jeito, pela “ausência de controlo” (imagine-se...), neste caso da “febre dos porcos”... onde isto já ia.
Sempre era melhor chamar-lhe “gripe mexicana”, conforme sugeriu a vet@sanitarista, ou mesmo seguir a sugestão da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) de “gripe da América do Norte”, tal como as gripes espanhola ou asiática. Mais “inócua” a proposta da Organização Mundial de Saúde (OMS), de 30 de Abril, de lhe chamar gripe A/H1N1.
Mas afinal o grande problema não está no nome, nem nas consequências económicas para o sector da produção de suínos, mas no risco potencial de uma gripe atingindo múltiplas espécies, num quadro de grande difusão e circulação do vírus, cujas mutações e “comportamento” são de todo imprevisíveis... razões que justificam que o nível de alerta de uma pandemia de gripe tenha sido declarado pela OMS na fase 5.
Segundo aquela organização às 7.00h (Hora de Lisboa) a situação era a seguinte: 11 países reportaram gripe A (H1N1) num total de 331 casos dos quais, 156 no México (9 mortes), 109 no EUA (1 morte), 34 no Canada, 13 em Espanha, 8 no Reino Unido, 3 na Alemanha, 3 na Nova Zelândia, 2 em Israel, 1 na Áustria, 1 na Holanda e 1 na Suíça.
Não sendo certo que a pandemia ocorra, não é menos verdade que, os ditos países desenvolvidos, vão estar a braços com a sua capacidade de resposta e implementação de programas de alerta.
Uma janela de oportunidade para a Lusitânia evoluir do grau 1 de preparação (full desenrascanço), para algo mais elaborado, como a total cooperação entre Médicos e Veterinários (lembram-se? Humanos e Animais uma só saúde...), num cenário de efectiva execução de um plano de alerta e resposta, credível, prático e eficiente.
Isto vai dar que falar...
Foto: BBC - Brasil
1 de maio de 2009
ISTO VAI DAR QUE FALAR
Pareceu a Clint às 10:05
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