25 de abril de 2009

O OUTRO LADO DOS CENTROS DE RECOLHA II

Os comentários expressos em anterior post, sob o título acima, motivam este outro que tem o intuito de clarificar alguns aspectos da opinião expressa.

O Conselho de Administração (demissionário) do “Veterinário precisa-se...” expressa, antes de mais, o seu profundo respeito por aqueles que se dedicam à causa de salvar cães e gatos capturados, referenciados para eutanásia ou não, tentando pela adopção encontrar solução para a sua sobrevivência.

Inclusivamente, aqui foi questionado o parecer da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV) sobre as questões éticas que vinculavam, obrigatoriamente, o Médico Veterinário à eutanásia de animais capturados (parecer misteriosamente “rasgado” do site da OMV). (*)

Tal circunstância não invalida que, em muitos casos, seja precisamente nos centros de recolha de cães e gatos que estes contraiam uma série de doenças infecciosas e parasitárias, facto que leva a “pensar duas vezes” antes de adoptar um animal proveniente de um desses centros.

Como em tudo na vida há centros de recolha melhores que outros... e tal como também foi referido, nem sequer se pode dizer que os privados sejam melhores que os municipais ou intermunicipais (ou vice-versa).

A questão é simples: como recomendar em consciência a adopção de um animal, sem que sejam conhecidas, muito bem, as condições de funcionamento e gestão do próprio Centro de Recolha?

Refiro-me, entre outros, a factores estruturais, mas em especial aos cuidados de saúde prestados aos animais recolhidos, designadamente a protecção face às condições de stress motivadas pelo próprio ambiente do Centro e a resolução de problemas de comportamento decorrentes do seu anterior abandono ou pior, que originaram o seu abandono.

Estes factores deveriam ser o barómetro de avaliação dos centros e não o grau de adopção ou o número de animais adoptados, como a ANVETEM aqui destaca.

Julgo que a atitude dos Médicos Veterinários deverá ser mais responsável do que limitar-se à promoção da adopção, evitando alinhar numa “troca de galhardetes” com base em argumentos que não tenham que ver, exclusivamente, com as bases científicas da protecção e do bem estar animal.

(*) Que um parecer da OMV seja modificado, nada a dizer... agora que a sua revogação não seja discutida, fundamentada e então aprovada e apresentada é que parece ser de uma irresponsabilidade a toda a prova.
Retirar do site um parecer, como neste caso, revela uma certa forma de fazer as coisas, imprópria de uma instituição como a OMV. Lamentável.

3 comentários:

Anónimo disse...

Isto continua tudo a não fazer sentido.
Se calhar a demissão já devia ter sido aprovada...

Anónimo disse...

Este velhaco volta à carga com o mesmo assunto perorando com uma oratória tal que anda perto do sexo dos anjos...
Concerteza que todos nós nos havemos de preocupar em 1º lugar em servir bem o munícipe que pretende um animal do canil e, por isso, se virmos algum inconveniente, certamente que todos lho diremos.
E a preocupação com as doenças caninas e zoonoses, determinam que a permanência por muito tempo no canil seja de evitar. Os canis de recolha têm a finalidade que têm e infelizmente assim será ainda por muito tempo...
É isto que todos nós fazemos, não se exigindo que tenhamos todos um comportamento profissional traçado à regua e esquadro.
Nunca gostei de ser o veterinário dos cãezinhos que os salva a todo o custo.Gosto mais de sentir que contribuo para a resolucão do problema dum munícipe, que se pode traduzir em entregar-lhe um animal que vai contribuir para a sua felicidade (e o cão é um felizardo ...), ou ter que participar na occisão (com grande mágoa minha, podeis crer).

Clint disse...

Quem falou em munícipe? Tive até o cuidado de sublinhar que o problema não se refere a centros privados ou municipais (ou intermunicipais)...

É também óbvio que "o outro lado dos centros de recolha", para que chamei a atenção, pode não ser imputável ao Médico Veterinário responsável por esse centro, pelo menos não foi nessa vertente que levantei o tema (basta ler o que escrevi).

O problema não resulta apenas das boas ou más intenções, como aliás já aqui foi dito (e não foi por mim, mas alguém em comentários): em muitos casos as condições de funcionamento dos centros não estão sob a dependência directa do Médico Veterinário.

O problema é que é exigível que todos nós tenhamos um "comportamento profissional traçado a régua e esquadro"... e até lhe digo que instrumentos são esses: o Estatuto da OMV, o Código Deontológico Médico Veterinário e demais regulamentos.

"No desempenho da sua actividade o Médico Veterinário deve procurar sempre as soluções que apresentem melhor suporte científico e eficácia técnica..." (do código deontológico)... simples!

Para mim existem animais de companhia e não sei distinguir entre cães e cãezinhos... nem a distinção se deve fazer pelo perfil emocional do detentor do mesmo.