27 de dezembro de 2003

AGRICULTURA EM COMA

Mesmo nos países ditos ricos a agricultura está mais ou menos em crise, apesar da população mundial continuar a crescer exponencialmente e haver tanta fome por este mundo fora.
Os agricultores que ainda não se afundaram definitivamente devem o facto aos subsídios proporcionados pelos governos respectivos, subsídios que desde a sua adopção, há anos, logo distorceram as regras do Mercado Livre, regras que aqueles mesmos governantes não desejavam distorcidas...... Coisas de político!
Por outro lado, também há que realçar dois outros factores que, de certo modo, são responsáveis pela grande diferença, em termos concorrenciais, entre a agricultura praticada nos países ditos ricos e a praticada nos países ditos em desenvolvimento. Um deles é a dimensão da área agricultada – nos países ricos a agricultura que concorre não é a praticada em minifúndio – O outro factor respeita à Unidade de Trabalho (UT) que nos países ricos é constituída por um “Trabalhador Instruído”, ou por uma Equipa constituída por trabalhadores capazes de potenciar as actividades de cada um deles, enquanto nos países mais atrasados os trabalhadores, em geral, não são instruídos e muito menos capazes de potenciar seja o que for.
Não admira, portanto, que no nosso país, grande parte da agricultura esteja perfeitamente moribunda. Acresce ainda o facto das nossas UT terem envelhecido sem substituição nem sequer por outras unidades similares, o que revela, mesmo depois da adesão à UE, a ausência duma estratégia para a agricultura nacional a despeito dos “fundos” que nos foram facultados. Mais uma vez – tal como aconteceu nos tempos da Índia, do Brasil e das Colónias em África – os fundos “importados” não foram aplicados de forma a produzir riqueza na área do Conhecimento..... Coisas de político!
Neste contexto, a nossa agricultura não sobreviverá a esta crise a não ser na mão de algumas UT e mesmo assim se forem capazes de grandes sacrifícios, o que se afigura pouco provável dado o facto do homem lusitano ser muito pouco propenso a sacrifícios sem usufruir imediatos benefícios.
Como os governos também não tiveram uma estratégia para a Educação – onde este aspecto e outros próprios do carácter do homem lusitano pudessem ser objecto de alguma mudança – cremos que, em termos gerais, até aquelas aberrantes UT sucumbirão, mais tarde ou mais cedo.
Muitos outros comentários não deixariam de ser oportunos! Compare com o que se passa no país vizinho, por exemplo.
Se concorda com o que dissemos, por que não comenta? Ajude a melhorar. Alguma coisa do que se diz pode ajudar a mudar, tanto mais que se perfilam mudanças na Administração Pública. Em termos práticos já viu coisa mais aberrante que as Direcções Regionais de Agricultura? Coisas de político!

Sem comentários: