22 de dezembro de 2003

INTERRUPÇÃO VOLUNTÁRIA DA GRAVIDEZ

Nem sequer vou manifestar a minha opinião sobre a interrupção voluntária da gravidez, mas a verdade nua e crua, relativamente à qual parece haver unanimidade de opinião é esta: a IVG não pode ser tida como método anticoncepcional; também não é menos verdade que os vários governos têm falhado, em toda a linha, na prossecução de políticas de educação para os afectos que visem o respeito por aquele princípio.
Resumindo e concluindo: não só a IVG tem funcionado como método anticoncepcional (em especial nos grupos mais vulneráveis, principalmente por razões de natureza educacional, a que estão associados outros factores, como os de natureza financeira e emocional), como também as políticas a prosseguir, de forma a modificar a situação, não têm visto a luz do dia, numa confrangedora falta de visão estratégica.
Há quem reduza a circunstância a questões de Saúde Pública… também não me parece seja assim tão simples, realmente subsistem aspectos de natureza moral que contrariam aquela visão redutora.
Deixo essa discussão para a esquerda circense e a direita ortodoxa, já que os outros andarão ali pelo meio a aplaudir uns e outros ao sabor do "cronograma" político-conjuntural.

Mas já que se fala de Saúde Pública, aproveito para perguntar: qual é a política de Saúde Pública de prevenção das zoonoses, que como se sabe previnem-se, em primeira linha, através do controlo sanitário dos animais?
Salvaguardadas as devidas distâncias, precisamente pela dimensão da natureza moral dos problemas, parece que, também quanto a esta interrogação, a resposta reside na ausência de estratégias.
E se o governo é incapaz, não é menos verdade que à profissão veterinária cabe a obrigação ética de propor essa estratégia.
Dirão alguns que a Ordem tem manifestado posição sobre o tema… concordo, mas é preciso ir mais longe, é essencial que demonstre a estratégia adequada.
A não ser assim continuarão ao sabor das decisões espúrias e acidentais, de Directores e Subdirectores, que ora mandam vacinar, ora mandar sequestrar e abater, ora nem uma coisa nem outra… sem qualquer critério e sem sustentação noutra lógica que não seja a de "mostrar serviço", em que os criadores continuarão a ser os mais prejudicados, esvaziando de consistência um sector económico (produção de carne, leite, ovos, etc.), que já por si tem características muito peculiares, o qual continuará a marcar passo na "cauda" da Europa.
Da mesma maneira que, relativamente a outras questões de natureza moral e social, continuaremos a ocupar o mesmíssimo lugar.
Haja quem tenha coragem para Voluntariamente Interromper este Desastre Anunciado.

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