18 de dezembro de 2003

RECUPERAR O VISO

Em 1996, sob os auspícios do governo socialista, a Direcção-Geral das Florestas, que até então funcionava num quadro orgânico vertical (os Serviços a nível local respondiam directamente e apenas aos Serviços centrais), foi decepada dessas extensões locais, sendo as mesmas integradas nas célebres Direcções Regionais de Agricultura.
Não parece que a medida, só por si, tenha merecido aplauso, que é como quem diz, sob o ponto de vista da eficácia e eficiência do funcionamento dos serviços, as melhorias não foram visíveis, pelo contrário, a DGF está agora "desmotivada e envelhecida", mergulhada num "torpor burocrático" (embora no entretanto a venda de material lenhoso tenha reequilibrado as finanças das Direcções Regionais de Agricultura).
Não será menos verdade afirmar, que os Serviços Florestais careciam, ao tempo, de alguma "moralização administrativa", já que muito do seu "brilho" derivava precisamente da falta de controlo e auditoria de gestão, pelo que, salvaguardado que fosse esse aspecto particular, o modelo de funcionamento orgânico anterior seria incomensuravelmente melhor que a integração nas esgotadas e estafadas Direcções Regionais de Agricultura.

Vem o tema a propósito da Direcção-Geral de Veterinária, sujeita aquele regime regionalista desde 1976. Impossibilitada de concretizar com responsabilidade os objectivos do sector, conforme plasmados na Lei (basta olhar para todas as crises e incapacidades de resposta dos Serviços, resultantes de uma concepção orgânica desajustada), mergulhada num "torpor burocrático", do tipo ritualista (veja-se o vai vem de pedidos e respostas a encobrir uma torpe falta de poder de decisão), igualmente "desmotivada e envelhecida", exaurida de recursos financeiros pelas insaciáveis necessidades das Direcções Regionais de Agricultura, mas acima de tudo, esvaziada de quadros técnicos capazes. Os poucos que se não encaixam naquela classificação estão mergulhados numa teia burocrática que os tolhe e impossibilita expressar, no mínimo, as suas capacidades.

Se o governo não encarar com atenção e urgência o problema, mesmo sabendo que pior que a situação actual é difícil, decerto será a pecuária nacional e a produção agro-alimentar a pagar as favas, até que consigam importar tudo o que comemos (até as favas) e aí ficar, então, descansados com o serviço prestado.
Apetece dizer: VERTICALIZEM, PÔRRA!

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