30 de julho de 2003

AMIGUINHOS E AMIGUÍSSIMOS

Para não fugir à regra (da função pública), cá estão os nossos amigos decisores, chefes e directores veterinários e tantos outros directores e autoridades, subordinados a uma sobejamente conhecida, velha, antiga, promiscuidade de interesses económicos, proclamando a saúde pública como objectivo, mas com o olho na conta bancária e no desenrasque da empresazeca de consultoria ou assistência do conjuge, filho, primo, cunhado, etc. Salve-se quem puder... quem alinhar passa, quem fizer vista grossa também passa, só que - as "passas do Algarve" - para aprovar seja o que for, conseguir seja o que for, que por mero acaso a lei até permite, mas os ditos senhores(as) não.
Feudos, compadrios, padrinhos, gangs, ainda por cima institucionalizados e desempenhados no horário de trabalho pago pelo erário público. Claro que tudo isto para não fugir à regra - que invade todos os sectores que carecem de projectos e aprovações - do Ministério/Autarquia em questão.
Decide-se pela não decisão, pela não oposição, pela responsabilização subtil, mas mais do que calculada, dos técnicos colaboradores (de categoria inferior) nas questões de natureza mais sensível (quantos já caíram na esparrela...).
E para mostrar serviço escolhem-se, de quando em quando, as vítimas... sempre os menos preparados, os mais incautos, os mais genuinamente utentes.
Tenham muita vergonha senhores!

AUTORIDADE SANITÁRIA VETERINÁRIA CONCELHIA

Para quem não saiba, todos os municí­pios de Portugal (incluindo as regiões autónomas, pois claro...) detêm, na área geográfica respectiva, competências veterinárias. Por outras palavras e sem querer olhar para a estrita letra da lei (alguém me esclarecerá sobre isso...) os municípios estão investidos de uma autoridade sanitária veterinária!...
Até aqui tudo bem... na personificação dessa autoridade é que a porca torce o rabo: o Médico Veterinário Municipal... dizia-me um grande amigo que tal figura ombreia com outras personagens, não menos virtuais, no púlpito da fama: o Super-Homem, o Batman, o Incrí­vel Hulk ou a Princesa Xena, apenas pelo simples denominador comum de muita gente os conhecer, mas nunca ninguém os ter visto... para além do facto de existirem para a nossa protecção, 'tá claro!
Se estiver a ser injusto agradeço que me digam qual o Médico Veterinário Municipal que cumpre horário, exerce funções enquadradas em programa de actividades devidamente planeado, executa regularmente acções de prevenção, controlo e promoção da higiene junto dos estabelecimentos que manipulam alimentos para venda, dá parecer sobre os projectos de instalação de talhos, peixarias, supermercados, padarias, estabelecimentos de restauração, etc. etc. (todos os que requerem especiais cuidados de higiene pública), está informado sobre a pecuária local e sabe o que fazer em caso de zoonose emergente, enfim... que faz aquilo que dele se espera. Alguém me sabe dizer?
Não é o Médico Veterinário Municipal pago com o dinheiro dos impostos? Não tem o comum dos mortais o direito de saber o que é feito do dinheiro que investe (em impostos)?
Provavelmente em alguns concelhos haverá resposta para aquelas questões... talvez em Lisboa ou em Nisa, em Vinhais ou Aljezur... talvez...
A resposta em alguns casos até se sabe qual é: o Presidente da Câmara (ou o Vereador...) não dá meios, nem quer saber do Veterinário Municipal... as Câmaras não estão sensibilizadas para a Higiene Pública Veterinária... e o diabo a sete... mas poderão, nesses casos, as respectivas autoridades veterinárias concelhias provar que iniciativas tiveram, junto dos edis, para inverter aquela situação? ou pelo contrário se moldaram como uma luva a essa confortável situação que a nada os obriga?
Sempre se esperaria que desses Veterinários Oficiais houvesse uma atitude condizente com o estatuto social que defendem para si próprios: a elevada responsabilização social, a formação académica de ní­vel superior... não é por isso que o Estado (ou seja, todos nós) lhes reconhecemos o direito a auto-regulação através da respectiva Ordem Profissional?
E que dizer dessa obscura Associação dos Médicos Veterinários dos Municípios? Alguém lhe conhece iniciativas, nomeadamente promovendo a capacidade de intervenção dos seus associados? Alguém lhes reconhece um dedo que tivessem mexido junto dos poderes políticos (Associação Nacional dos Municípios, por exemplo), com o intuito de alterar aquele status quo? Mas haverá uma alma caridosa que tenha constatado uma, uma e pequena que seja, diligência dessa Associação, cujo intuito se inscreva na nobre defesa do estatuto que legalmente já foi outorgado aos Médicos Veterinários Municipais?
Os indignados que reajam ou se calem para sempre...
Agora que tanta campanha se faz, ele é por tudo e por nada, inventem uma para reformar os Médicos Veterinários Municipais, entenda-se: ponham-os a trabalhar.
O investimento em impostos merece e a Saúde Pública agradece!

18 de julho de 2003

SEGURANÇA ALIMENTAR

A segurança alimentar parece ser tema que muito preocupa os portugueses, confrontado-se contudo com o alambazamento nacional de tudo aquilo que ponham no prato dos lusitanos... quer no conteúdo, quer na forma: tascos, tasquinhas, snack-bares, restaurantes, tabernas ou casas de pasto... comer em pé, mal sentados ou sentados assim assim, servidos por gordos ou magros, altas ou baixas, independentemente do cheiro que exalam dos sovacos ou do curriculum e idade dos detritos acumulados debaixo das unhas, o importante é que haja pão e sobretudo, que seja tudo bem regado, de preferência uma boa pinga (que aliás é sempre boa)...
Coisas como uma dieta equilibrada são problemas que não afligem o português médio, muito menos o perigo de intoxicações alimentares (bicho que eu coma não me come a mim...), salvam-se sempre os fornecedores e manipuladores dos alimentos, até porque o Estado garante um "excelente" sistema de controlo... se assim não for, depois logo se vê...
- O Manel dos frangos parece que está de baixa no hospital, parece que comia demais e sem controlo, o coração não aguentou e desconfia-se agora que tinha um cancro... coitado! - ouvi comentar na mesa ao lado.
- Sempre me pareceu que os dois franguitos que papava a cada refeição não eram grande dieta... - respondeu o outro comparsa.
E lá continuaram a conversa entre dois sorvos de bejeca...
Mau grado a forma corajosa como enfrentamos os risco que corremos, há sempre algo que nos deixa despreocupados, o controlo veterinário oficial: do estábulo até á mesa lá estão eles bem arrumadinhos observando o bem estar da animalária, controlando medicamentos e rações, inspeccionando rezes e carcaças, matadouros e abegoarias, transportadores, tratantes e traficantes e até no local de venda o veterinário municipal cuida de todos os muní­cipes...
Não há razões para alarme!