28 de maio de 2008

PADEIRA DE ALJUBARROTA

(foto de Zélia Paulo Silva, 2007.05.28, em olhares.com)

Vem esta a propósito da entrevista de D. Brites de Almeida à bimestral MGI, da polémica ASAE e da curiosa troca de galhardetes entre Ana Soeiro e o Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas (onde o CDS-PP não deixou de meter a colher -feita de pau- como aqui se noticia)…

Para além da similitude física de Ana Soeiro com a descrição que a lenda deixou de D. Brites de Almeida, subsiste ainda um outro denominador comum: o apego aos valores nacionais.

Ana Soeiro, aliás sem modéstias, assume e tem vaidade nesse papel de grande defensora dos produtos tradicionais e da sua qualidade intrínseca, muito embora a sua opinião tenha evoluído significativamente… afinal regras de higiene, tradição e qualidade já não são elementos incompatíveis como no passado deixava crer.

Não deixa de ser curioso, neste particular, a crítica de Portugal ser “…o único país da Europa que não aproveitou as derrogações permitidas pelos regulamentos comunitários…”. De facto, Portugal podia e deveria ter usado desse mecanismo, mas porque não o propôs Ana Soeiro, ao tempo, a sua adopção? Se o fez porque não argumenta sustentando-se nas informações que produziu?

Convidada a participar no último encontro da Sociedade Portuguesa de Epidemiologia e Medicina Veterinária Preventiva (SPEMVP), em Novembro passado, Ana Soeiro manifestou-se cuidadosa quanto a questões de higiene, sempre defendendo as unidades de pequeníssima produção, mas nada de chafaricas mal amanhadas…

Até aqui tudo bem, mas além de nem sempre ter sido assim, também agora não passa a ser assado, e não parece mal ou sequer que colida com o Regulamento (CE) nº. 852/2004, de 29 de Abril, o simples registo dos interessados em fazer bolinhos em casa (com ovos, que são de origem animal) para vender aos dias de feira no mercado.

Ter opinião não é delito, mesmo que seja diferente da do Ministro, até mesmo mudar de opinião… o que já se digere com dificuldade são mudanças de opinião não assumidas, condimentadas com o possível interesse numa participação mais activa que já ninguém lhe atribui… só mesmo a SPEMVP.

Já que o CDS-PP continue a reclamar, quando afinal foram os tais que tanto protestaram pela extinção destes, que agora o Ministério vem proteger com o simples registo, não parece sério, nem politicamente sustentável.

Mas fica a lição: é que em matéria de Segurança Alimentar também se esgrimem valores mesquinhos de uma certa “política” para os quais deveremos estar atentos.

Pena mesmo é que a profissão não tenha (enquanto colectivo) opinião sobre este assunto, pois, os Médicos Veterinários com intervenção a este nível mereceriam no mínimo esse reconhecimento e já agora, que o mesmo resultasse da percepção exacta do que se passa no “mundo real” e não de mera retórica.

O mesmo parece aplicar-se aos Serviços Veterinários Oficiais: continuam dissociados desse mundo real e, mesmo quando nele habitam, esquecem que os seus “clientes” agradeceriam uma intervenção mais em consonância com as suas aspirações sociais e económicas.

Talvez seja um problema de formação: em vez dos habituais aspectos tecnicistas em que as mesmas afunilam, seria bom conhecer o real impacto económico de muitas das medidas do governo na gestão da empresa agrícola e que soluções se colocam à viabilidade dessas empresas.

A não ser assim prevejo que a Direcção-Geral de Veterinária venha a ser absorvida, mais tarde ou mais cedo, pela ASAE.

Para já acredito que um bastonário de pá de forno em punho (que não fosse para arriar nos seus pares) daria muito jeito.

2 comentários:

Anónimo disse...

Eh pá! Então queres que a A Soeiro seja considerada a defensora das tradições gastronómico culturais do país.

Nem mesmo numa rábula. Ficava preocupado se um qualquer colega tivesse a posição desta senhora que sempre considerei de uma presunção ridícula.

Meteres os serviços veterinários mais um bastonário nesta estória, nem que seja por humor, só mesmo se for negro, que um e outro têm maiores utilidades do que se misturarem com a ASAE que se prepara para no próximo futuro levar uma limpeza que nem o Nunes lhes vale.

Sovet

Anónimo disse...

Agora é : Valha-nos El-Rei...


A profissão andou a bostar ,o objectivo era sacar ....sacar ....sacar....no imediato, e os outros ficaram a esperar pelas oportunidades....e tomaram conta do mercado...por isso PORRA para os chefões...traidores do templo...


E o SeuJAGUAR continua a fazer de figurante...ou figurão...deve continuar a fazer de conta...


bostar é pouco para esta canalhagem