23 de janeiro de 2004

As Pontes de.......... Entre-os-Rios

A verdadeira causa da degradação, ou da queda, desta ou daquela ponte, não está num pilar descarnado, ou na falta de alguns parafusos, mas numa profunda irresponsabilidade resultante duma filosofia de actuação que tem por base o tratamento sintomático (dos males observados) em vez duma actuação sobre as causas desses mesmos males.
Nos últimos anos temos lido muitos artigos de opinião sobre esta problemática e onde é posto o dedo na ferida com a maior propriedade. Apesar disso, nunca observámos que se tivessem adoptado as correcções que se impunham, mas sim a adopção de medidas avulsas que, por atacarem apenas os sintomas, fazem com que se perpetuem as causas. Mas o pior desta mesma filosofia é ela ser mantida mesmo em relação a outros aspectos muito importantes da economia e do desenvolvimento do país.
Por mais estranho que seja, parece estarem na base desta filosofia três factos principais:
1. - A mania de tudo subordinar à política - como se qualquer político fosse infalivelmente competente para abordar e resolver mesmo os problemas mais complexos - baseada no conceito de que os pareceres técnicos não podem ser vinculativos........
2 - Manter um controlo com base em pressupostos de ordem estatística, controlo este que não deixará de ser apropriado quando o nível de cidadania é elevado, mas impróprio no nosso, no qual, infelizmente, é mais apropriado um controlo à custa duma fiscalização persistente;
3 - Uma Administração Pública muitas vezes completamente obstrutiva, onde algumas chefias, politicamente protegidas, vivem comodamente agarradas a uma rede intrincada de notas internas de serviço e de despachos normativos (arvoradas em NEP) que invocam ser necessárias para prevenir abusos, mas que sob o ponto de vista prático acabam por provocar aquilo que alegadamente se pretende prevenir.......

Não estamos interessados em que se apontem responsáveis pelos “pilares descarnados” ou pela “ausência dos parafusos”, mas desejaríamos, isso sim, que os mais responsáveis pela reforma da AP tomassem consciência de que estão muito longe de estar por dentro dos problemas e que só após essa tomada de consciência poderão efectuar com êxito uma reforma satisfatória. Se assim não acontecer, tudo continuará na mesma.
Acha que não fomos suficientemente abrangentes? Então por que não colabora com comentários e novos prismas de visão destes problemas?

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