2 de janeiro de 2004

O ANO COMEÇA BEM…

Os EUA anunciaram, a 23 de Dezembro, o primeiro caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina naquele país.
Portugal, só no ano de 2003, registou mais de cem casos.
As Autoridades americanas, desde o anúncio daquele caso, têm promovido diariamente (excepto no dia de Natal), um briefing técnico, tornando pública, toda a informação conhecida sobre a ocorrência.
O que aconteceria em Portugal em circunstâncias idênticas? Imaginemos uma eventual ocorrência, não de BSE (essa já fez história por cá… e de triste memória…), mas de uma outra Encefalopatia Espongiforme Transmissível. Por exemplo o tremor do carneiro (scrapie).

Os EUA, perante a existência de um caso presuntivo de BSE, imediatamente divulgaram toda a informação disponível sobre o caso (identificação do animal, data da morte e da realização de exames laboratoriais, identificação da exploração pecuária envolvida, destino da carne de animal abatido, etc. etc.), pela voz da Secretary of State, Ann Veneman.
Em Portugal, se um caso presuntivo de srapie fosse detectado, em vésperas de ano novo, por exemplo, o que aconteceria? Duvido que fosse dada a devida divulgação pública do facto.

As Autoridades americanas estabeleceram um plano de intervenção, para a eventualidade de aparecimento de BSE, disponível online para os interessados ("Bovine Spongiform Response Plan Summary").
Em Portugal, no caso de ocorrência de scrapie, a sua notificação ficaria ao sabor da disposição de momento: não há plano detalhado, muito menos de acesso ao público, sendo até curiosa a forma vigilância e notificação de doenças ( "Rede de Epidemiovigilância Nacional das Doenças dos Animais"), parecendo ser tida mais em conta a capacidade "do momento" que o circuito de informação.

Depois da divulgação pública da ocorrência de BSE, pela voz da responsável política norte-americana, foi atribuída total responsabilidade às Autoridades Veterinárias pela condução e divulgação de dados entretanto apurados em sede de investigação epidemiológica.
Em Portugal, o problema seria, certamente, mais do domínio da autoridade política, que da autoridade da Administração Veterinária.

Mas claro, tudo o que ficou dito é pura conjectura, caso ocorra uma caso de scrapie em Portugal, a realidade demonstrará, provavelmente, o contrário.

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