11 de fevereiro de 2004

SOCIEDADE DO FUTURO

O futuro alicerça-se no que ficou do passado, mas também naquilo que se vai fazendo e nas consequências do que, por incúria, se deixou de fazer. Por isso nos preocupamos com o tipo de sociedade que aí vem.....
Dum modo geral vive-se num frenesim constante que, por um lado e por vezes, nos impele para atitudes impensadas e, por outro, leva-nos ao desinteresse e sempre à revolta quando a vida nos pressiona um pouco mais do que o habitual. A maior parte de nós quase desespera quando as coisas desejadas não aparecem rapidamente, como acontece quando se pressiona sem sucesso um qualquer botão duma qualquer maquineta electrónica. Sobretudo na juventude nota-se este tipo de impaciência que muitas vezes é traduzida em desistências de vária ordem ou em atitudes de demasiada contestação emocional, embora todos saibamos que a vida não é um mar de rosas..... A falta de treino para suportar as contrariedades desta vida agudiza esta situação.
Vivemos numa época de mudanças rápidas, entre um passado que estava estagnado e um presente que nos empurra para atitudes radicais, num contraste de extremos muito grande. Quase a ninguém estranha que se ponha em dúvida se as pessoas podem livremente degradar-se, prostituir-se, drogar-se, ou suicidar-se sem que o Estado nada tenha a ver com isso, ou se, pelo contrário, o Estado deve fazer chegar o seu braço até aí, advogando um papel social, ainda que nem sempre cumpra com este mesmo papel em outros campos, quiçá mais importantes....
Pessoas com grande responsabilidade perante os seus concidadãos por seus escritos serem lidos por muita gente esquecem-se disso e manifestam opiniões que mais agravam a situação actual, ou, na melhor hipótese, em nada contribuem para lançar os alicerces adequados a mudanças equilibradas.
Assim, parece que o Estado apenas sabe exercer a sua intervenção directamente, como que querendo traçar previamente os moldes em que as mudanças hão de surgir - parecendo querer intervir cada vez mais na vida de cada um de nós - em vez de exercer a sua função burilando o que já está feito e aqui ou além introduzindo algumas novas influências.
Ao caminhar-se no sentido actual e considerando a tendência para o radicalismo, em breve chegaremos a uma situação em que o Estado será omnipresente.
Será um devaneio do socialismo democrático, ou será isto o que a maioria deseja?

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