12 de novembro de 2008

OPORTUNIDADE PERDIDA

(Detalhe do mapa europeu das zonas de restrição por língua azul… as cores foram invertidas pelo departamento de tratamento de imagem do “Veterinário precisa-se…” indo ao encontro da inversão de valores ditados pelos Serviços Veterinários na implementação das medidas de profilaxia médica).

A recente ocorrência de Febre Catarral Ovina, no Norte de Portugal (Chaves), veio pôr a nu a frágil capacidade de intervenção e negociação dos Médicos Veterinários (MV), em matéria de execução das medidas de controlo da doença.

Em primeira instância o facto da operacionalização das medidas em causa ser negociada entre a Administração Veterinária e os produtores, através das suas organizações.

Por outras palavras, os MV práticos, que prestam serviço às Organizações de Produtores Pecuários (OPP), não têm sequer o estatuto de parceiros na discussão do assunto, apenas o de assalariados daquelas Organizações a quem é concedido um certo estatuto de consultor (não remunerado especificamente por isso) ou seja, um papel claramente secundário nas negociações.

Em segundo plano, o facto da discussão convergir num argumento demolidor para aqueles MV: a execução das medidas (essencialmente a vacinação) beneficiará do apoio financeiro do Estado se concretizada até ao final do ano; depois disso os custos ficarão por conta do criador.

Alguém… no seu perfeito juízo, acreditará que as OPP vão ser sensíveis a qualquer argumento baseado em dificuldades de natureza técnica na realização das acções antes do final do ano???

A resposta é tão óbvia quanto a chantagem da Administração.

Quer isto dizer que, por muito razoáveis que sejam as dificuldades (designadamente a formação e preparação de novas equipas de campo, o referencial de qualidade de execução e a eficácia e eficiência técnica das mesmas), tais aspectos jamais serão consideradas à “mesa das negociações”.

De um lado a Administração Veterinária quererá “ver as coisas” implementadas rapidamente, permitindo deitar foguetes lá para Janeiro com o “sucesso” da intervenção…

Do outro lado as OPP que, humildemente e de chapéu na mão, se contentarão com o pagamento que é oferecido (e do qual vão procurar amealhar uma fatia importante), sem qualquer negociação baseada em custos reais de acção concretizada ou em função de critérios de qualidade de execução…

Em terceiro lugar e não menos importante, precisamente a capacidade de organização, argumentação, união e postura dos MV práticos envolvidos.

Poderemos lamentar o facto de institucionalmente não sermos considerados parceiros, ou mesmo o facto de não existir uma liderança forte e coesa, mas convenhamos: com um mínimo de convergência estratégica. os MV sempre teriam uma palavra a dizer… afinal tudo vai estar nas suas mãos, literalmente… imunogénios, seringas, liderança e acção… a não ser que vão a correr buscar enfermeiros veterinários…

Das duas uma: ou os MV fincam pé e exigem níveis de qualidade de execução técnica dignos e aceitáveis e uma decente remuneração, ou vence um certo interesse instalado… o de certos MV, para quem o programa representa, mesmo com prejuízo da qualidade do serviço prestado, apenas mais uma oportunidade de facturação extra… com o beneplácito dos MV que dirigem os Serviços Veterinários.

A finalizar… a Direcção-Geral de Veterinária (DGV), não entende que a metodologia de trabalho no Sul e no Norte do país (por razões de estruturação fundiária e de organização do sistema de controlo e erradicação), terá que ser diferente, ainda que os objectivos sejam os mesmos.

Mesmo sabendo que existem “pedaços de Norte” no Sul e algumas “manchas de Sul” no Norte, o sistema instituído não deixa qualquer margem de manobra aos MV práticos “estatizados” das OPP do Norte do país para negociar um esquema adaptado às circunstâncias… continuaremos a vender o nosso serviço por 30 dinheiros, abandonando uma prestação de qualidade.

O que pensarão disto os novos inquilinos da Gomes Freire?
Quererão, ao menos, discutir a matéria?

6 comentários:

Anónimo disse...

É um pouco cedo para terem uma opinião formada, ainda não escutaram para decidir

Anónimo disse...

No Sul foi diferente!

Quando se começou a vacinar no Sul( Alentejo, Beira Interior e Ribatejo) inicialmente as coisas foram assim colocadas mas a reacção foi imediata e foi feito de acordo com o timing definido conjuntamente com a Ordem o SNMV e os colegas.

Todoss os Serviços envolvidos( não havia verticalização nenhuma) tiveram que aceitar e os criadores também!

Mas nessa altura( praticamente também na mesma época do ano) os tempos eram outros...ou não, é só uma questão de vontade.

A quem falta a iniciativa?

Os colegas só por ausência de intervenção dos seus representantes é que têm de procurar a auto-organizar-se.

Vet@Vet

Clint disse...

Concordo que a falta de liderança da profissão +e um ponto chave, mas o mais chocante é que sejam exactamente os colegas dos Serviços Oficiais a contentar-se com a situação: vão fechar os olhos a algumas más práticas na ânsia de terem sido capazes de organizar as coisas até ao final do ano; vão deixar os MV práticos à mercê dos humores dos dirigentes das cooperativas (OPP); vão assobiar para o lado como se nada tivessem a ver com os pagamentos que as OPP vão fazer dos serviços prestados (pelo menos 50% da subvenção do Estado vai ficar na Cooperativa)...

Mesmo a ausência de uma representação forte dos MV não justifica a displicênia dos MV que dirigem os Serviços, nem a capitulação imediata de muitos MV práticos face a uma campanha tão mal organizada.

Anónimo disse...

Então esse chefe da sanidade não é o que tem as quotas da Ordem em dívida???


De gente com este carácter o que podemos esperar nós!!!

São é SANITARISTAS de BOLSO


Não vamos lá....

Anónimo disse...

Então o que pensas é o que acontece????


Nem penses em...(EV) enfermeiros veterinários são caros...o que tu tens são uns quantos veterinários instalados,que passam os dias NO "CAFÉ CENTRAL"ou do ROSSIO e uns quantos trabalhadores baratos- BARATOS- muitos nem descontam para os impostos ou Seg.Social- e são eles que fazem o serviço...isso dos vetes irem ao campo era no tempo da outra senhora...ou será preciso fazer o BONECO!!!

com uma DG"B" desactivada, com um Serviço de Saúde Animal incompetentemente gerido, pelo Pina Laden ou entre os colegas dito "o pinga Brucelose", que não paga quotas à OMV...(como pode um gajo destes ser o encarregado dos assuntos de Sanidade Animal)...só com o Barão de AGRIÃO...

Ai do SILVA e do VIEIRA que mal ficam na FOTOGRAFIA....

e a língua azul a crescer...a crescer...

CULICOIDES

Anónimo disse...

IMPORTANTE



2009 Ano Internacional do GORILA