5 de outubro de 2004

COMBATER AS CAUSAS

Complementando o post anterior “Uma à esquerda, outra à direita”

Várias são as situações de degradação do comportamento moral e cívico sendo nossa convicção que muitas delas são resultado duma falha profunda e generalizada na educação na fase de infância, não propriamente na área da transmissão do Conhecimento, mas na da transmissão de certos valores morais e cívicos – tão combatidos pela Esquerda – os quais, digam o que disserem, são referências sólidas para o resto da vida.
Há coisas que devem ser aprendidas (estimuladas) a partir dos 2 até aos 7-8 anos de idade, quando a estrutura cerebral começa a estar em franco desenvolvimento e não mais tarde porque, então, já não resulta tão bem.
Como sabemos, os pais actuais – na esmagadora maioria – vivem permanentemente preocupados com aspectos materiais relativos à manutenção da família ao mesmo tempo que muitos deles têm dúvidas ou ignoram qual a melhor forma de educar os filhos, enquanto que outros, embora saibam como os educar apenas estão em condições de o fazer se abdicarem de interesses materiais tornados indispensáveis. Naqueles, os que constituem a maioria, a educação que receberam na infância não foi a apropriada e agora, como pais, nem fazem ideia dos erros nem das consequências das omissões que cometem na educação dos filhos. E nem sequer imaginam as razões pelas quais os seus “rebentos” não aguentam os tumultos e os contratempos a que ficam sujeitos nesta nossa “vida de cão” e soçobram sem luta face às vicissitudes emocionais. Deviam estar apetrechados para suportar as agruras, as contrariedades (ir ou não ir à “boite”;estudar ou não; etc.) que, aliás, toda a gente tem de suportar, embora suponham que são apenas eles os desprotegidos da sorte. Nem admitem que haja quem as suporte por a sua alma ter sido “temperada” em criança! O que está acontecendo é que em vez de se estar preparado para suportar as contrariedades se vacila às primeiras vicissitudes e se procuram saídas fáceis como, por exemplo, o recurso à droga, ao álcool, ao roubo, etc., como se não existissem outros caminhos. Só que a educação que tiveram não os ensinou a suportar.... E é chegado a este ponto que me insurjo veementemente com todos os processos em que a abdicação é lema a seguir.....
Mais Polícia na rua; mais Escola Segura; mais parques para ensinar prevenção rodoviária às crianças; mais apreensão de droga; mais presídios; mais centros de acolhimento de toxidependentes; menos “casais ventosos”; e outras medidas similares, são, sem dúvida, formas de luta infelizmente necessárias, mas elas não combatem as causas profundas; não passam de tratamento sintomático. A sociedade precisa de formas de luta que combatam as causas, ainda que não possa prescindir das outras formas de acção, mesmo sabendo que a luta a travar seja para durar gerações.
Sinceramente, é isto que se consegue usando apenas aquelas medidas avulsas? É evidente que os tais tratamentos sintomáticos ajudam, mas se não formos ao âmago da questão, a sociedade corre o risco de amanhã constatar que um cidadão perito em prevenção rodoviária assassinou a mãe dos seus filhos por ela não ter feito a sopa a tempo e horas...

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