2 de outubro de 2004

SEGURANÇA ALIMENTAR, ESQUER' DIREITA

Não tenho a pretensão de pensar que existam assuntos que não são nem de esquerda, nem de direita, muito embora assim pareça quando se fala de Segurança Alimentar ou Saúde Pública.
A industrialização, o desenvolvimento económico, a igualdade de direitos, foram a par com o número crescente da procura de bens alimentares associado à evolução social e política, factores essenciais à identificação de elementos de Segurança Alimentar e Saúde Pública, parecendo assim que o assunto tem uma natureza estritamente técnica, despida de conteúdo ideológico e de opções políticas.
Julgo que quem assim pensa se engana redondamente.
Sem ser exaustivo, este espaço não tem esse fim nem essa capacidade, basta olhar para alguns dos princípios em que assentam, particularmente a Segurança Alimentar, mas também a Saúde Pública:

a) Da exploração à refeição (stable to table, fish to dish, farm to table, etc.). Este princípio básico, em que assenta toda a política de segurança alimentar da União Europeia (a profissão veterinária em Portugal tem feito pouco eco deste aspecto, diga-se de passagem e não se sabe bem porquê), exige que em toda a cadeia alimentar, em todos os sectores de produção, em toda a União e a todos os níveis de decisão, exista uma abordagem integrada, que envolva e responsabilize todos os intervenientes. Ora este primado de Autoridade e Responsabilidade sempre foi visto de lado por socialista e comunistas, para quem se impõe, antes de mais, a democratização dos sistemas e a garantia de "alimentos para todos".

b) Avaliação, comunicação e gestão dos riscos na Saúde Pública. Toda a política de Segurança Alimentar deve basear-se nestes três componentes da análise de riscos, de forma rígida e sistemática, baseada em estruturas de coordenação e controlo em cuja Autoridade seja depositada toda a confiança, sejam por parte dos produtores, seja por parte dos consumidores. Também este tipo de exigência em termos de organização, gestão eficaz e eficiente e sobretudo grande disciplina e profissionalismo, não vão ao encontro de uma "ideologia de esquerda".

c) Responsabilidade básica pela segurança alimentar: cabe aos produtores de alimentos para os animais, criadores, agricultores e produtores de alimentos. Sem negar este princípio de responsabilização, que até defenderá, a "esquerda" enfatiza sobretudo os valores da democracia, da intervenção do estado e do financiamento público, afastando-se precisamente daquele princípio.

Talvez por esta razão a Segurança Alimentar em Portugal continue a marcar passo: curiosamente, a profissão Veterinária gosta de primar por aqueles valores, de forma tão interessante que não é difícil encontrar "esquerdistas" inveterados em defesa de uma certa forma de "corporativismo"… o corporativismo da ciência… sobretudo… ou imbecis corporativistas escudando a sua ignorância e incompetência naqueles primados…

Que o governo manifeste a sua disposição em manter a resolução do anterior executivo relativamente à organização dos Serviços Veterinários (SV), já não é mau, desesperante são os timings políticos e a oportunidade de impor essa organização… releve-se a o meu pretensiosismo em pensar tratarem-se de SV… mas muito pior que isso são as tibiezas das Organizações profissionais, a indolência dos seus membros e os enredos, urdiduras e mexericos em que se metem os dirigentes associativos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Estamos em cheio nos campos do Prof. SALMONELA.

Perguntarao quem 'e o Prof. SAlmonela ? N~ao 'e dif'icil.Os Sub
tambem devem ter os seus titulos. Nao e so o Barao. Portanto de hoje em diante e o Prof Salmonela